O Banco do Brasil, dia 20/11, anunciou um
plano de reestruturação e de incentivo à aposentadoria. O primeiro implica no
fechamento de 402 agências, a transformação de outras 370 em pequenos postos de
atendimento, a desativação de setores administrativos, redução de jornada e
salários para muitas funções e a extinção de 9.200 postos de trabalho. O plano
de incentivo a aposentadoria tem como meta o desligamento de funcionários já
aposentados ou em condições de requerer aposentadoria, o detalhe, é que não
haverá substituição dos que saírem.
As consequências de mais essa
reestruturação sobre aqueles que vão permanecer no Banco serão funestas: perda de
função comissionada (redução salarial), redução de jornada (redução salarial),
transferências forçadas devido ao fechamento de centenas de unidades do Banco,
além da inevitável sobrecarga de trabalho com a redução do quadro de
funcionários. A incerteza é enorme, muitos, além da perda salarial, ainda
poderão ser obrigados a mudar de cidade ou região. Se esta dinâmica não for
barrada, o próximo passo será um PDV, aproveitando-se do desespero daqueles que
estão sendo prejudicados agora.
Nos últimos dez anos o BB, assim como os
demais bancos, obtiveram lucros exorbitantes. Foram favorecidos por uma
política econômica que privilegia o pagamento da dívida interna, mantém os juros
altos e utiliza a expansão do crédito para alavancar o consumo. Ao primeiro sinal
de crise o fardo é jogado nas costas dos trabalhadores, vejam que o BB, Itaú,
Bradesco e Santander lucraram mais de 25 bilhões no primeiro semestre de 2016,
lucratividade enorme levando em conta que nesse mesmo período muitas empresas
estão operando no vermelho ou mesmo indo à falência.
O aumento da inadimplência que afeta o
balanço dos Bancos em geral, consequência direta da recessão e do desemprego,
no caso do BB e da Caixa têm um componente a mais, os investimentos e
empréstimos bilionários em parceria com grandes empresários. No caso do Banco
do Brasil a lista é extensa: Banco Votorantim, OI, Sete Brasil, PDG, além de
outras. O Votorantim, de propriedade da família Ermírio de Moraes, teve metade
das suas ações compradas pelo BB quando amargava pesados prejuízos. Somente a
OI e a Sete Brasil devem juntas ao BB, o maior credor bancário delas, mais de
oito bilhões de reais, valores que não serão mais integralmente recuperados,
porque as negociações envolvem descontos de até 70% sobre o passivo dessas
empresas.
Os avanços da terceirização e das parcerias
com o Bradesco apontam para a privatização do BB, ou pelo menos, da sua parte
lucrativa, deixando a fatia que não interessa ao mercado financeiro com o setor
público. De forma simultânea a reestruturação foi anunciada mais uma associação
com o Bradesco, agora através da criação de um novo banco focado no atendimento
digital, o CBSS, com participação de 49,9% do BB. Essa política não é nova, vem
desde o governo Lula e está sendo aprofundada e acelerada pelo governo Temer. Registre-se
que o senhor Paulo Caffarelli, atual presidente do BB indicado por Temer, fazia
parte da diretoria durante o governo anterior e participou da equipe econômica
durante o segundo mandato da presidente Dilma.
Esses ataques não afetam apenas o
funcionalismo do BB, o fechamento de agências significa a demissão de milhares
de trabalhadores terceirizados das áreas de apoio, como limpeza, telefonia e
segurança. Vão prejudicar o atendimento do público mais necessitado,
principalmente das regiões mais afastadas e carentes. Acontecem num momento onde
a crise capitalista afeta o Brasil em cheio, já são mais de doze milhões de
desempregados, os municípios e estados falidos deixam de pagar os servidores e
aposentados. Quando os governantes
envolvidos até o pescoço nos escândalos de corrupção pretendem nos impor esse
tal de “ajuste fiscal”, que, na verdade, é mais arrocho sobre o povo
trabalhador. Querem roubar nosso direito à aposentadoria e arrebentar com as
mínimas garantias trabalhistas.
Nada disso é inevitável, a organização, a
unidade e a luta dos trabalhadores podem retificar o curso dessa História.
Temos grandes obstáculos pela frente, a começar pela maioria dos sindicatos e
federações da categoria bancária dominada pela CUT, CTB e a CONTEC, que nesses
últimos anos praticaram a mais descarada conciliação de classes com os
banqueiros e o governo. Levaram o sindicalismo bancário ao descrédito,
afastando a categoria da participação e das decisões. Em pleno curso desses
ataques esses pelegos resistem até mesmo a convocar assembleias para que os
bancários possam se manifestar e apontar os caminhos da luta, como, por
exemplo, a unidade com o pessoal da CAIXA afetado também por reestruturações.
Apesar disso tudo, no último dia 25, os funcionários
do BB em muitas cidades foram trabalhar de luto, vestiram preto, boicotaram as
festas de final de ano promovidas pelo banco, reuniões de mobilização foram
realizadas e os ativistas e oposições sindicais pressionam as diretorias dos
sindicatos pela convocação imediata de assembleias em todo o país. Essas
assembleias devem ser o ponto de partida para uma grande campanha de
mobilização contra esse plano de reestruturação, em defesa do funcionalismo,
dos empregos e do papel de empresa pública do BB.
EM DEFESA DOS EMPREGOS E
DOS SALÁRIOS!
NÃO AO DESMONTE DO BB!
ASSEMBLEIA JÁ!
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