A crise econômica vivenciada
pelo Brasil tende a se agravar, independente do resultado do processo de
impeachment.
Caso Temer, Cunha e Aécio sejam
os vencedores, as principais medidas de um novo governo serão:
- o fim da obrigatoriedade da
aplicação de recursos orçamentários em Educação e Saúde, para garantir o
superávit primário e o pagamento da pseudo dívida pública;
- a privatização do Ensino
fundamental e médio, pois o superior já está; e da Saúde, já em curso no Rio de
Janeiro, São Paulo, Paraná etc.;
- a precarização das relações
de trabalho, com o acordado sobrepondo-se ao legislado;
- a terceirização do emprego,
com perdas para o FGTS, o INSS, as famílias e o consumo, com reflexos na
própria produção;
- o fim da tímida recuperação
do valor do salário mínimo e das aposentadorias;
- o aumento da idade de
aposentadoria das mulheres para 65 anos e a redução dos benefícios para os
aposentados, principalmente os mais frágeis na estrutura social;
- o término da
obrigatoriedade de participação da Petrobras nas áreas de prospecção, com
aumento significativo da presença das multinacionais na exploração de petróleo
e prejuízos para a Petrobras;
- a privatização da
Petrobras, da Caixa Econômica Federal e dos Correios, além dos portos,
aeroportos e rodovias, estes já em curso; e muitas outras mais.
Em suma, medidas que
beneficiam o capital em detrimento da população e da soberania nacional, com
claros prejuízos para os trabalhadores. Medidas semelhantes foram adotadas na
Grécia e em outros países, sem qualquer melhora na economia, ao contrário, com
aumento significativo da crise.
Em caso de vitória do
governo, a grande maioria dessas medidas também seria adotada. Em um primeiro
momento, entretanto, a Educação e a Saúde seriam minimamente preservadas, assim
como a recuperação dos salários. A privatização da Petrobras, Caixa e Correios
seriam a médio e longo prazo, ao que tudo indica.
É por isso que pesquisa
realizada em final de março pelo Instituto Data Popular demonstra que 62% da
população defenderam um ‘Estado vigoroso, que promova a igualdade social’.
Segundo o instituto, são as classes C e D, que até agora ainda não se
manifestaram sobre o impeachment. Diz parte do texto: “A pesquisa do Data
Popular revelou que para 74,5% dos entrevistados, os políticos agem por
interesses próprios e não estão comprometidos com a melhora da vida da
população. Num outro questionamento, 91% disseram que o pior do Brasil neste
momento não é a crise política, mas sim "não ver a luz no fim do
túnel".
No fundo, entre os dois
projetos em disputa não há diferenças significativas, apenas quanto a
intensidade e velocidade da aplicação das medidas a adotar. Como o capitalismo
vive uma crise internacional sem precedentes, essa velocidade e intensidade
fazem a diferença para o capital.
Tanto isso é verdade, que o
governo dos Estados Unidos não se posicionou contrário ao filme de terror
proporcionado pela Câmara dos Deputados quando da votação do impeachment. Seu
histórico discurso em defesa da democracia, que sempre camuflou a defesa dos
interesses da burguesia, não foi proferido por qualquer representante daquele
país. Os mesmos que condenam as “ditaduras” da Venezuela, Cuba, China, Síria
etc., calaram-se diante dos votos por Deus, pela família e propriedade.
O mesmo aconteceu quando do
impeachment do ex-presidente Lugo, do Paraguai; dos golpes no Haiti, no Egito,
na Líbia, da tentativa de destituição do ex-presidente Hugo Chávez etc. Aqui,
ao que tudo indica, Washington e as multinacionais estão empenhados no
encerramento do atual governo, mesmo com o ataque às instituições democráticas
burguesas, em mais uma de suas manobras para garantir a hegemonia do capital.
Em 2014 publicamos artigo
intitulado ‘Cuidado, 2015 vem aí!’, que se mostrou acertado diante do
agravamento da crise nacional e internacional. Agora também temos a convicção
de que, saia quem sair vencedor, os direitos e conquistas dos trabalhadores
serão os alvos da elite.
A única alternativa para
barrar a ofensiva do capital é a organização, mobilização e luta dos
trabalhadores em defesa dos seus direitos, visando novas conquistas
“Chegou a hora dessa gente
bronzeada mostrar seu valor”.
Afonso Costa
Jornalista
Afonso, Belo artigo. Creio que o Brasil, hoje, é o epicentro da luta que os EUA travam para ter uma hegemonia planetária. Ano têm coragem de encarar a Rússia. O trauma inglês, exige prudência na Índia. O apartheid e lembrança recente. Portanto, restou ao Brasil - com uma elite colonial - o papel de cabeça de ponte. Ponte para o passado.
ResponderExcluirNao vão conseguir.