PCB-RR

sábado, 23 de abril de 2016

A crise vai se agravar


A crise econômica vivenciada pelo Brasil tende a se agravar, independente do resultado do processo de impeachment.

Caso Temer, Cunha e Aécio sejam os vencedores, as principais medidas de um novo governo serão:

- o fim da obrigatoriedade da aplicação de recursos orçamentários em Educação e Saúde, para garantir o superávit primário e o pagamento da pseudo dívida pública;

- a privatização do Ensino fundamental e médio, pois o superior já está; e da Saúde, já em curso no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná etc.;

- a precarização das relações de trabalho, com o acordado sobrepondo-se ao legislado;

- a terceirização do emprego, com perdas para o FGTS, o INSS, as famílias e o consumo, com reflexos na própria produção;

- o fim da tímida recuperação do valor do salário mínimo e das aposentadorias;

- o aumento da idade de aposentadoria das mulheres para 65 anos e a redução dos benefícios para os aposentados, principalmente os mais frágeis na estrutura social;

- o término da obrigatoriedade de participação da Petrobras nas áreas de prospecção, com aumento significativo da presença das multinacionais na exploração de petróleo e prejuízos para a Petrobras;

- a privatização da Petrobras, da Caixa Econômica Federal e dos Correios,  além dos portos, aeroportos e rodovias, estes já em curso; e muitas outras mais.

Em suma, medidas que beneficiam o capital em detrimento da população e da soberania nacional, com claros prejuízos para os trabalhadores. Medidas semelhantes foram adotadas na Grécia e em outros países, sem qualquer melhora na economia, ao contrário, com aumento significativo da crise.

Em caso de vitória do governo, a grande maioria dessas medidas também seria adotada. Em um primeiro momento, entretanto, a Educação e a Saúde seriam minimamente preservadas, assim como a recuperação dos salários. A privatização da Petrobras, Caixa e Correios seriam a médio e longo prazo, ao que tudo indica.

É por isso que pesquisa realizada em final de março pelo Instituto Data Popular demonstra que 62% da população defenderam um ‘Estado vigoroso, que promova a igualdade social’. Segundo o instituto, são as classes C e D, que até agora ainda não se manifestaram sobre o impeachment. Diz parte do texto: “A pesquisa do Data Popular revelou que para 74,5% dos entrevistados, os políticos agem por interesses próprios e não estão comprometidos com a melhora da vida da população. Num outro questionamento, 91% disseram que o pior do Brasil neste momento não é a crise política, mas sim "não ver a luz no fim do túnel".

No fundo, entre os dois projetos em disputa não há diferenças significativas, apenas quanto a intensidade e velocidade da aplicação das medidas a adotar. Como o capitalismo vive uma crise internacional sem precedentes, essa velocidade e intensidade fazem a diferença para o capital.

Tanto isso é verdade, que o governo dos Estados Unidos não se posicionou contrário ao filme de terror proporcionado pela Câmara dos Deputados quando da votação do impeachment. Seu histórico discurso em defesa da democracia, que sempre camuflou a defesa dos interesses da burguesia, não foi proferido por qualquer representante daquele país. Os mesmos que condenam as “ditaduras” da Venezuela, Cuba, China, Síria etc., calaram-se diante dos votos por Deus, pela família e propriedade.

O mesmo aconteceu quando do impeachment do ex-presidente Lugo, do Paraguai; dos golpes no Haiti, no Egito, na Líbia, da tentativa de destituição do ex-presidente Hugo Chávez etc. Aqui, ao que tudo indica, Washington e as multinacionais estão empenhados no encerramento do atual governo, mesmo com o ataque às instituições democráticas burguesas, em mais uma de suas manobras para garantir a hegemonia do capital.

Em 2014 publicamos artigo intitulado ‘Cuidado, 2015 vem aí!’, que se mostrou acertado diante do agravamento da crise nacional e internacional. Agora também temos a convicção de que, saia quem sair vencedor, os direitos e conquistas dos trabalhadores serão os alvos da elite.

A única alternativa para barrar a ofensiva do capital é a organização, mobilização e luta dos trabalhadores em defesa dos seus direitos, visando novas conquistas

“Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor”.

Afonso Costa

Jornalista

Um comentário:

  1. Afonso, Belo artigo. Creio que o Brasil, hoje, é o epicentro da luta que os EUA travam para ter uma hegemonia planetária. Ano têm coragem de encarar a Rússia. O trauma inglês, exige prudência na Índia. O apartheid e lembrança recente. Portanto, restou ao Brasil - com uma elite colonial - o papel de cabeça de ponte. Ponte para o passado.
    Nao vão conseguir.

    ResponderExcluir