PCB-RR

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

O NOVO SALÁRIO MÍNIMO E O REFLEXO DO FIM DA POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO SALARIAL

No dia 1º de janeiro de 2021, o salário mínimo terá um reajuste de 4,11% em cima do valor anterior, ficando com o valor de R$ 1.088,00. A mesma referência que foi utilizada em 2020. Naquele momento a estimativa do Ministério da Economia para a inflação do ano medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) era exatamente essa.

Porém, não podemos esquecer que desde abril de 2019, o (des)governo Bolsonaro atacando a classe trabalhadora, acabando com a política de valorização do salário mínimo que era efetuada desde 2004 e transformada em Lei em 2007.

Em Nota Técnica do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a série histórica apresenta a constatação da política econômica desastrosa para a classe trabalhadora, beneficiando os grande capital e seus conglomerados. Na comparação direta entre 2004 e 2019. Em 2004, o valor foi reajustado em 8,33% (R$ 260,00), para uma inflação acumulada de 7,60%, ou seja, houve aumento real de 1,23%. Já em 2019 o reajuste foi de 4,61% (R$ 998,00).



O acúmulo geral durante os anos em que esteve vigente a política de valorização salarial garantiu um processo de valorização que de 2004 a 2019 significou reajuste acumulado de 283,85%, enquanto a inflação (INPC-IBGE) foi de 120,27%.

Com o anúncio do novo salário para R$ 1.088,00 reais, o reajuste ficou apenas em 4,11%, deixando o salário mínimo mais uma vez abaixo do índice da inflação, acumulando uma desvalorização de – 0,58%.

O IMPACTO NA CESTA BÁSICA

Calcula-se que 50 milhões de brasileiros tenha a referência no salário mínimo, e o aumento perceptível para R$ 43,00 (quarenta e três reais) acaba ficando menor que o preço de 1 quilo de carne (o quilo da carne bovina – alcatra está atualmente por R$ 43,00).

Na comparação direta com relação a série histórica e a média do salário mínimo anual e da cesta básica anual, é possível notar que:

• A quantidade de 1,56 cestas básicas é a menor desde 2005.

Fonte: Unidade Classista - Corrente Sindical

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Construir a Greve Geral para enfrentar os ataques do capital


 Vivemos um final de ano terrível em um ano terrível, com crescentes índices de mortalidade por Covid-19, em todo o mundo, com mais de 1 milhão e 700 mil mortos, vítimas de uma pandemia que a burguesia negou em nome do lucro.

As principais economias do mundo, exceto a China, estão em recessão, com aumento do desemprego, do subemprego e da fome, ao mesmo tempo em que se ampliam o sucateamento e a terceirização dos sistemas públicos de saúde e dos serviços públicos em geral, pois nem na maior crise sanitária dos últimos cem anos as vidas estiveram acima dos lucros.

Neste cenário mundial de genocídio escancarado, felizmente ocorreram importantes manifestações classistas, anticapitalistas e contra os diversos tipos de opressão, com destaque para as manifestações antirracistas, em resposta a diversos assassinatos bárbaros ocorridos sob as lentes das câmeras de segurança, que evidenciaram outra forma de genocídio, o racismo estrutural.

Tais episódios e as lutas de resistência contra os ataques aos direitos e as condições de trabalho e vida da classe trabalhadora em diversas partes do mundo foram fundamentais para iniciar uma contraofensiva aos governos de direita e extrema direita.

Nos Estados Unidos, a derrota de Donald Trump, que iniciou o ano como favorito nas eleições presidenciais, foi o maior exemplo, ainda que saibamos que Joe Biden e seu governo continuarão implementando o projeto neoliberal e imperialista nos Estados Unidos e em todos os territórios do mundo para onde conseguirem expandir sua dominação. Mas a pressão das lutas e seu potencial de desenvolvimento para uma perspectiva classista podem nos trazer bons frutos.

Na América Latina, o impacto da crise mundial do sistema e da pandemia é ainda mais brutal, dada a sua histórica condição capitalista periférica. Sofremos com uma retração de 9,1% do PIB da região, em que os principais afetados foram: Peru, Argentina, Brasil, México e Venezuela. A pior queda em 120 anos traz consigo mais de 44 milhões de desempregados, 18 milhões a mais do que em 2019.

Em 2020, felizmente, vimos a resistência das massas se expressar na vitória do “aprovo” no plebiscito no Chile sobre a Constituinte, em mobilizações de massa no Peru, na vitória eleitoral do MAS contra os golpistas na Bolívia, na eleição de Alberto Fernandez na Argentina e na vitória da Frente Ampla nas eleições da capital uruguaia, impondo um recuo aos governos de direita na região. As eleições de dezembro na Venezuela para a Assembleia Nacional, apesar de todas as manobras contra a Aliança Popular Revolucionária, encabeçada pelo PCV, isolaram o “autoproclamado Guaidó” e outras forças da direita.

Entretanto, no Brasil, ainda não registramos muitos elementos para cravar sequer o início desta contraofensiva, pois mesmo com a alta da inflação, o aumento do desemprego, a redução da massa salarial e o anúncio do fim do auxílio emergencial, a esquerda foi novamente derrotada eleitoralmente na maioria esmagadora dos municípios e a correlação de forças manteve-se extremamente desfavorável para os trabalhadores.

No Congresso, os representantes da burguesia negociam a presidência das casas e a pauta de ataques contra a classe trabalhadora. O governo de Jair Bolsonaro, apesar de ter sido derrotado nas eleições municipais, permanece no Palácio do Planalto e pretende acelerar o ataque aos trabalhadores, principalmente com a reforma administrativa e com as privatizações, planejadas para o primeiro semestre de 2021.

Já o campo dos trabalhadores continua extremamente desorganizado, pois o Fórum das Centrais, hegemonizado pelo peleguismo e pela conciliação de classes, não tem sido capaz de propor ações concretas de enfrentamento, tanto nas ruas, quanto nos locais de trabalho.

Nesta conjuntura, para resistir aos ataques, devemos desenvolver ações de agitação e propaganda para deslegitimar o discurso liberal, prestar solidariedade militante a todas as categorias em luta, redobrar os esforços no desenvolvimento do trabalho de base, principalmente nos setores estratégicos da classe, além de organizar frentes e fóruns regionais de luta.

Devemos iniciar 2021 militando com garra para construir uma vigorosa GREVE GERAL, que seja capaz de resistir aos ataques e derrotar Bolsonaro e Mourão, e ao mesmo tempo trabalhar para construir e enraizar o Fórum Sindical, Popular e da Juventude, de Luta por Direitos e Liberdades Democráticas em todas as regiões do país, para, por meio dele, fortalecer as lutas de resistência, a reorganização da classe, o poder popular e a caminhada rumo ao socialismo.

Nesta conjuntura, reivindicamos:

• Vacinação já e gratuita para todos os brasileiros;

• Manutenção do auxílio emergencial;

• Não às privatizações e reestatização de todas as empresas estratégicas;

• Revogação imediata da emenda constitucional do teto dos gastos;

• Rejeição completa da Reforma Administrativa;

• Garantia de estabilidade no emprego, com salário integral e todos os direitos e garantias, a todos os trabalhadores com carteira assinada e estatutários no setor público e privado;

• Salário mínimo mensal, custeado pelo Estado, a todos os trabalhadores sem carteira assinada, como medida permanente;

• Suspensão imediata do pagamento da dívida pública;

• Taxação das grandes fortunas;

• Criação de Frentes de Trabalho e programa habitacional de construção e distribuição de casas populares para combater emergencialmente o desemprego e a falta de moradias.

FORA BOLSONARO E MOURÃO!

PELA CONSTRUÇÃO DO FÓRUM POR DIREITOS E LIBERDADES DEMOCRÁTICAS!

PELA REORGANIZAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA!

RUMO AO ENCLAT!

AVANTE, CAMARADAS!

UNIDADE CLASSISTA, FUTURO SOCIALISTA!

COORDENAÇÃO NACIONAL DA UNIDADE CLASSISTA

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Damaris, a preta nordestina que honrou seus antepassados

 No último dia 20, às 06h00, faleceu Damaris Oliveira Lucena, em Valinhos-SP. Estava em casa, recuperando-se de um câncer no estômago. Tinha sofrido um AVC isquêmico em 16 de julho, que paralisou seu lado esquerdo e a privou da fala. Natural de Codó-MA, era descendente de pretos escravizados e viveu 93 anos.

Líder sindical, operária e comunista, ideologia que escolheu porque sempre fez a opção pelos oprimidos. Viveu em Cuba de março de 1970 a maio de 1980, onde estudou até o segundo ano do curso de Jornalismo. Chegou à ilha vinda do México, depois de ter sido presa e torturada no Brasil, saindo dos porões da ditadura militar trocada no caso do sequestro do cônsul japonês.

Quando era convidada a dar palestras, sempre dizia: “Sou preta, nordestina, mulher, pobre e, acima de tudo, alguém que tem orgulho de todos os adjetivos que me definem”.

Foi casada com Antônio Raymundo de Lucena (o “Doutor”, dirigente da VPR assassinado pela ditadura militar em 1970). Teve cinco filhos biológicos e ainda criou Ñasaindy (filha de Soledad Barrett e José Maria, também assassinados pela ditadura).

A conduta exemplar, a fibra para enfrentar as adversidades e a personalidade destemida, rebelde, atrevida e altiva foram as marcas desta grande companheira.

Damaris Lucena, presente!

Da Redação, a partir de depoimento da filha Ângela Telma Lucena

Fonte: Jornal A Verdade » Um jornal dos trabalhadores na luta pelo socialismo