Passada a campanha salarial, os bancários se perguntam: mas afinal, qual foi o resultado dessa greve?
O jornal do
Sindicato insiste em manchetes triunfalistas e dizer que o acordo de 2
anos foi conquista, mas a realidade que os bancários estão percebendo
não é essa:
- o reajuste salarial foi abaixo da inflação e o abono foi comido em boa parte pelo Imposto de Renda;
- não se avançou um centímetro em estabilidade ou garantia de emprego;
- os
bancários do Banco do Brasil são ofendidos pelo “Fora Temer Usurpador”
em entrevista na Globo (o golpista declarou que no BB há “muitos
empregados desnecessários”) ;
- na Caixa
Econômica o clima também é de ameaças, possibilidades de reestruturação e
cortes,e a Caixa acabou de ressuscitar o normativo que regulamenta a
terceirização desenfreada (com a contratação
de “bancários temporários”);
-
e neste clima de ataques, a Diretoria do Sindicato e a Contraf/CUT
apóiam a assinatura de um acordo que praticamente nos deixa
“amarrados”no ano que
vem.
Como já alertávamos antes, o governo ilegítimo do “Fora Temer” já mostrou ao que veio:
- o anunciado
“ajuste fiscal duro” veio com a malfadada PEC 241, que congela em
termos reais os investimentos públicos em Saúde e Educação por 20 anos
para garantir o pagamento integral dos juros da dívida pública;
- anuncia uma
Reforma da Previdência com idade mínima de 65 anos, o que significa que
os jovens com menos de 20 anos de mercado de trabalho terão que
trabalhar mais de 40 anos pra conseguirem aposentar-se;
-
já anunciam a “privatização fatiada” da Caixa e Petrobrás, com a venda
da BR Distribuidora e da Caixa Seguros, e a boataria sobre um possível
PDV no Banco do Brasil corre solta.
Desde
o início de nossa campanha salarial, a Oposição/Unidade Classista vinha
alertando de que “a velha dinâmica que a Direção do Sindicato e a
Contraf/CUT imprimiram às greves
dos bancários não ia atingir nenhum resultado favorável este ano”.
Mas
a Diretoria do Sindicato do Rio e a CONTRAF/CUT mantiveram a mesma
dinâmica: apenas ficaram esbravejando no jornal do Sindicato, mas não
convocaram plenárias por região, assembleias
de organização nem reuniões de delegados sindicais para efetivamente
preparar a categoria.
Pra
termos uma idéia da paralisia da Diretoria do nosso Sindicato, as
eleições para delegado sindical na Caixa foram realizadas na semana
anterior à greve – e nem chegaram a tomar
posse! Só houve três assembleias antes da greve – e a primeira, que
aprovou a pauta, foi numa
segunda-feira depois de feriadão olímpico! (Obviamente
foi uma assembleia esvaziada, desconhecida pela maioria dos bancários).
Depois tivemos as duas assembleias de greve: a “oficial” com um número
reduzido de bancários
e a “organizativa” ESVAZIADÍSSIMA.
Nós da Oposição dizíamos naquele momento: “Na nova conjuntura, só uma coisa levará à vitória da nossa campanha salarial: a organização dos bancários para
intensificar a adesão à greve,
tornando-a realmente massiva, com um impacto que possa atingir o bolso
dos banqueiros e colocar o governo na defensiva. (...) Necessitamos de
uma campanha salarial com
milhares de bancários participando das assembleias, definindo os rumos da luta, afirmando quais são nossas reivindicações prioritárias,
fazendo greve de verdade e
unificados com a luta de todos os trabalhadores em defesa da previdência pública e dos direitos trabalhistas da CLT.”
Mas o “velho script” de
greve de fachada da
Diretoria do Sindicato e da CONTRAF/CUT foi aplicado este ano novamente.
A greve nos bancos privados praticamente se restingia ao Centro da
cidade, com as agências fechadas “de fora pra dentro”
e os colegas sendo obrigados a trabalhar em outras regiões. No banco do
Brasil e na caixa, agências fechadas ao público mas com muitos colegas
dentro “batendo metas” e “fazendo negócios”.
A mudança de qualidade na
greve, tornando-a massiva, só aconteceu na
última semana E SÓ NA CAIXA ECONÔMICA, à revelia da Direção do
Sindicato!
Com
a greve que tivemos – com baixíssima participação dos bancários, exceto
na Caixa na última semana – aconteceu o que a Oposição já denunciava
antes: “
(...)greve
de fachada, assembleias teatrais, piqueteiros contratados, aqueles
jornais dos sindicatos anunciando “proposta final dos bancos” arrancada
por uma greve que sabíamos não ser de verdade (antes mesmo de
discutirmos as propostas), todo aquele clima de
farsa não arrancará nenhuma proposta decente dos bancos e poderá inclusive causar mais perda de direitos.”
Dito
e feito: a categoria acabou sendo forçada a aceitar um acordo
rebaixado, com reposição abaixo da inflação, abono (que o Imposto de
renda comeu um pedação), sem nenhuma garantia
de emprego e, PRA PIORAR, COM A ARMADILHA DO ACORDO DE 2 ANOS!
E porque o acordo de 2 anos é uma armadilha? Por uma razão muito simples:
ninguém sabe o que vai acontecer ano que vem!
Agora então com a prisão do meliante Eduardo Cunha, quem é capaz de garantir que o governo ilegítimo de Temer sobreviverá? E
se o Usurpador cai por mais uma manobra parlamentar,
quem vai assumir o lugar?
Como estará a economia do país: mal ou ainda pior? Com este grau de
indefinição, chega a ser uma irresponsabilidade amarrar a categoria em um acordo de 2 anos
como se estivesse tudo “normal, tranqüilo e favorável!
O pior é que a Diretoria do Sindicato brada aos quatro ventos que “acordo bianual foi conquista”...CONVERSA PRA BOI DORMIR!
Se acordo de 2 anos fosse bom, porque nunca propuseram antes? Porque aceitaram
a proposta dos banqueiros de acordo de 2 anos JUSTO NO ANO
EM QUE A GREVE FOI MAIS FRACA E O RESULTADO FOI RUIM?
A verdade é que
a Diretoria do Sindicato NÃO CONSEGUE ADMITIR QUE NÓS BANCÁRIOS FOMOS DERROTADOS NESTA CAMPANHA SALARIAL. Não conseguem
e nem podem admitir, pois isso equivale a
confessar que eles e a CONTRAF/CUT são os (ir)responsáveis por essa derrota.
CHEGA
DE PELEGUISMO!
A Oposição Bancária Unificada chama a todos e todas
bancários e bancárias a construirmos juntos uma nova direção de lutas
para a categoria. Vamos seguir o exemplo
dos colegas da Caixa, que se organizaram e mobilizaram à revelia da Direção do Sindicato;
vamos construir juntos um forte movimento de Oposição Bancária de base pra MUDAR O SINDICATO.
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