PCB-RR

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

AUMENTA O ROMBO DO BANCO VOTORANTIM

BANCO DO BRASIL SOCORRE ERMÍRIO DE MORAES E FICA NO PREJUÍZO DE 1,1 BILHÃO


O Banco do Brasil adquiriu 49,99% da participação no Banco Votorantim, em 2009, no auge da crise financeira, quando vários bancos mundo afora estavam quebrando e algumas instituições no Brasil, como o UNIBANCO, por exemplo, apresentavam sérias dificuldades. Na época o BB, logicamente no cumprimento de ordens expressas do governo Lula, desembolsou cerca de 4,2 bilhões de reais (1) nesta operação obscura, sob o argumento de que seria um ótimo negócio que possibilitaria o aumento da sua carteira de crédito de veículos.

Hoje fica claro que aquela operação não passou de um salvamento do Banco da família Ermírio de Moraes, que recebeu 4,2 bilhões limpos em meio a uma crise do capitalismo mundial que lhe permitiu comprar a ARACRUZ CELULOSE pelo valor de 5,6 bilhões e de quebra se livrar de grande parte da carteira podre do seu banco (2).

Os funcionários do BB tiveram uma surpresa desagradável este ano, quando perceberam que a PLR foi ainda menor do que esperavam com a diminuição do lucro em relação ao ano de 2011. Só não lhes disseram que o maior responsável pela queda no lucro do BB foi omega prejuízo de 1,1 bilhão de reais que o Banco Votorantim colheu só no primeiro semestre de 2012 (3) (4).


FUNCIONÁRIOS EM DESESPERO: MAIS METAS PARA COBRIR O ROMBO

 Enquanto a família Ermírio de Moraes está muito tranquila, gozando os lucros obtidos com a ARACRUZ CELULOSE e principalmente, por ter empurrado para o Banco do Brasil metade do prejuízo do Votorantin, imerso em créditos podres, os funcionários do BB vão ao desespero com o aumento das metas em 2012. A situação é tão dramática que mais de 80% das agências não saíram da etapa inicial no indicador de metas utilizado pelo BB. Tanto isto é verdade que os "brilhantes" diretores do BB decidiram "flexibilizar" os critérios para o atingimento de algumas das metas, pois, caso contrário, a imensa maioria das agências teriam redução drástica na PLR do segundo semestre de 2012. Apesar das pequenas mudanças nos critérios, o desespero continua, pois agora os administradores estão aumentando as cobranças alegando que as metas diminuíram um pouco e agora dá para chegar.

Só que as notícias ruins não acabaram. Tudo indica que o Banco Votorantim vai continuar dando prejuízo até 2013 (5) e o BB que já aportou cerca de 1,5 bilhões de reais para cobrir o rombo deverá aportar ainda mais dinheiro para salvar o BV. Há rumores de que o Banco do Brasil deverá adquirir o resto do Banco Votorantim, ou seja, vamos comprar o restodesse defunto putrefato para garantir de vez a bonança da família Ermírio de Moraes.Preparem-se, vem mais metas e menos PLR por aí.

Este episódio é mais um exemplo do que os governos a serviço do capitalismo implementam como saída para sua crise, aqui e no mundo todo, ou seja, retirar o pouco dinheiro que resta aos trabalhadores para dar aos grandes monopólios privados.







clip_image001

Reestruturação no BB

Mais um plano macabro de ataque ao funcionalismo
 
Na última sexta-feira, 26/10, a gerência do CSL do Rio de Janeiro foi reunida para receber o comunicado de que um novo plano de reestruturação será implementado a partir de novembro. Sem descer aos detalhes do plano em questão, em linhas gerais, foi informado que os CSL e CSO de todo o país serão reunidos em novas unidades de serviços visando à centralização dos mesmos. As unidades centralizadoras serão localizadas em Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte. Nas outras capitais ficariam apenas pequenas unidades de apoio.


Nós, bancários do BB, já passamos por outras experiências desse tipo e sabemos muito bem quais são seus objetivos e como elas terminam. Obviamente essa nova reestruturação quer reduzir custos administrativos, como sempre, cortando vagas e comissões na área meio, em conseqüência sobrecarregando de trabalho os bancários que permanecerem neste segmento. Também não estará descartado o aumento da terceirização.

O mistério envolvendo esse plano, que vem sendo comentado há mais de um ano, começa a se desfazer a conta gotas. O estranho é que mesmo a sua divulgação é feita de forma parcial, não houve um lançamento oficial pela diretoria do Banco, as unidades vão sendo informadas e de forma muito parcial, aos poucos. Não se entra em detalhes, não se falou em dotações de pessoal ou sobre quais os serviços vão ser efetivamente centralizados. Como se tudo isso já não estivesse definido pelo Banco.

Mais estranho ainda, é a reação do movimento sindical, principalmente da famigerada CONTRAF-CUT. Até agora reina o silêncio, como se nada estivesse acontecendo. Apenas o Sindicato de Pernambuco, divulgou que no dia 19/10 se reuniu com o BB para colocar as preocupações dos bancários com a reestruturação. Passados seis dias, em 25/10, o Sindicato de Brasília, divulga que enviou um ofício pedindo esclarecimentos sobre “possíveis mudanças no CSO”. Nos demais Sindicatos, inclusive o nosso do Rio de Janeiro, nenhuma palavra, reina o mais absoluto silêncio.

Será mera coincidência que os três estados onde o Banco pretende centralizar praticamente todo o seu serviço de apoio administrativo e logístico, sejam também, estados onde o PT e seus aliados visam uma ofensiva política nas próximas eleições para governador? Com certeza muitos cargos comissionados serão criados nessas unidades, assim como, muitas contratações com a iniciativa privada serão administradas.

Não se tratam, portanto, de “possíveis mudanças”, nem muito menos no âmbito exclusivo do CSO, o plano de reestruturação abarca todas as áreas meio do Banco e se levado a cabo como está desenhado, vai resultar num grande prejuízo para os funcionários lotados fora das três capitais aonde vão se localizar as unidades centralizadoras desses serviços.

Basta de silêncio e cortina de fumaça, o funcionalismo do BB deve exigir de suas entidades representativas uma ação contundente de repúdio as intenções de mais um plano de reestruturação que visa tão somente aumentar a lucratividade. Não importando se tenha que esvaziar muitos estados em favor de apenas três, e o mais grave, mexendo de forma perversa com a vida e as condições de trabalho de milhares de funcionários. Se deixarmos para reagir depois que tudo estiver definido e implantado, com certeza vamos ficar chorando mais uma derrota!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

CAMPANHA SALARIAL 2012: CRÔNICA DE UM FIASCO ANUNCIADO


Diretoria do Sindicato tenta tapar o sol com peneira rasgada
 

O primeiro jornal do Sindicato após o fim da greve estampa a manchete: “Estratégia da campanha salarial foi eficaz e garantiu avanços importantes” (sic). O comentário generalizado que se ouviu na categoria bancária após esta manchete foi: em que planeta esses caras vivem?

Não houve “avanço importante” algum! O índice obtido mal cobre as perdas salariais com a inflação dos últimos doze meses e nem arranha a absurda relação entre o lucro do banqueiro e o salário do bancário. O piso nos bancos públicos e privados continua muito abaixo do salário mínimo calculado pelo DIEESE. No Banco do Brasil a proposta para a jornada de seis horas é um engodo completo. Na Caixa, muitas das “concessões” oferecidas na Mesa Específica já estavam propostas antes da greve, como o Custeio Saúde Caixa, a contratação de mais empregados, a formação ampliada, e outras. Nos bancos privados os banqueiros vão continuar com carta branca para demitir em massa, saímos como entramos, sem nenhuma garantia no emprego!

A farsa da negociação

Mas o malfadado índice de 7,5% merece uma análise à parte, porque a forma como foi negociado e obtido este ano, desmascara uma prática que já estava acontecendo anteriormente, agora ficou absurdamente escancarada: a Diretoria do Sindicato junto com a CONTRAF/CUT estabelecem um índice baixo, os patrões oferecem só a inflação, decretase uma greve sem preparação e sem organização e aí os banqueiros oficializam a proposta verdadeira que já estava acertada antes por baixo dos panos.

É triste e trágico reconhecer, mas é a verdade: o peleguismo e governismo do setor majoritário da Diretoria do Sindicato e da CONTRAF/CUT transformou a greve dos bancários de instrumento de luta dos trabalhadores para arrancar avanços em simulacro de luta para justificar a apresentação oficial da proposta costurada nos bastidores.

A ausência de preparação
A falta de preparação da greve este ano também foi escandalosa. Só aconteceram três assembléias na Campanha Salarial: uma para aprovar o índice,outra para aprovar a greve e a terceira para deflagrá-la, todas extremamente esvaziadas.

Não houve nenhuma discussão e organização nos locais de trabalho, nenhuma atividade para congregar e aglutinar os piqueteiros e ativistas. Só pra dar um exemplo, os delegados sindicais da Caixa tomaram posse três dias antes da deflagração da greve!

Isso não é gratuito: é a conseqüência da visão sindical predominante hoje no Sindicato e na CONTRAF/CUT de que “o mais importante é a negociação” e “quem faz o movimento é o Sindicato”. Essa visão em especial de que “o Sindicato é que faz” leva a direção da Entidade a não organizar a categoria para nada: até os piqueteiros o Sindicato “providencia”, nem que seja pagando ajuda de custo a desempregados para fazer aquilo que os ativistas bancários é que deveriam estar fazendo.

O fiasco da greve

O resultado desta orientação é que este ano tivemos a greve com o menor índice de adesão de bancários dos últimos anos, quem sabe da história de lutas da categoria bancária. No Banco do Brasil – conforme reconheceu em assembléia o próprio vice-presidente da CONTRAF/CUT – menos de 40% dos bancários aderiram à greve. Na Caixa, foi imensa a quantidade de colegas do Prédio que deslocou-se para trabalhar nas famigeradas “contingências” (ficamos sabendo que houve “contingência” na área de informática que chegou a instalar 100 computadores!) e na maioria das agências os gerentes e seus apoios entraram para trabalhar e fazer “atendimento seletivo”. Nos bancos privados apenas agencias no centro da cidade, com piquete “terceirizado”, foram fechadas, mas seus funcionários eram deslocados para trabalhar nas unidades espalhadas pela cidade.

Os jornais do Sindicato e os comunicados da CONTRAF/CUT durante a greve, tentaram mascarar a baixíssima adesão e mobilização, estampando: “Já são mais de 9 mil agências e centros administrativos fechados em todo o país.” (sic). O que os pelegos da Diretoria do Sindicato e da CONTRAF/CUT não informavam é que boa parte destas unidades “fechadas” estavam funcionando com porta fechada, mas com boa parte dos bancários furando a greve lá dentro.

Para fechar o teatro dessa greve acordada com os banqueiros e o governo, a CONTRAF/CUT no mesmo dia que divulgou a nova proposta da FENABAN, tratou de convocar assembléias separadas, quando o lógico seria avaliar no mesmo fórum que rejeitou a primeira proposta, ou seja, uma assembléia unificada de bancos públicos e privados. Essa divisão foi mais um ataque à democracia do movimento sindical e à unidade da categoria bancária.

Refundar o Movimento Sindical Bancário

Reafirmamos o que dissemos durante essa campanha salarial: nenhuma mudança no que vem acontecendo nos últimos oito anos no movimento sindical bancário será possível enquanto a categoria não retomar em suas mãos o destino das suas lutas e dos seus sindicatos. A classe trabalhadora é insubstituível, sua organização e sua unidade são armas poderosas para conquistar vitórias!


Itaú atinge lucro recorde e patrocina uma seleção de demissões e péssimas condições de trabalho


O Itaú Unibanco atingiu o segundo maior lucro acumulado de janeiro a setembro entre os bancos de capital aberto brasileiro, segundo levantamento da consultoria Economatica divulgado nesta terça-feira, 23. Nos nove primeiros meses de 2012, o lucro líquido do banco foi de R$ 10,102 bilhões. Mas, ao contrário do que preconizam os resultados, as condições de trabalho nas agências do Itaú estão cada vez piores, mostrando que a alta lucratividade da empresa não reflete em ações para a melhoria do cotidiano dos bancários. 
O banco bate recordes de demissões e a carência de funcionários chega a índices altíssimos, acarretando problemas como sobrecarga de tarefas e precarização dos serviços bancários. Em pesquisa realizada pelo Sindicato dos Bancários/ES nos meses de agosto e setembro de 2012, de um total de 311 funcionários do Itaú no Espírito Santo, 68,49% afirmaram que falta pessoal nas agências onde trabalham. A pesquisa revela ainda que 72,67% dos bancários do Itaú fazem horas extras, sendo que 56,91% fazem às vezes e 15,76% fazem todos dias. 
Além das péssimas condições de trabalho e da falta de funcionários, o banco ainda inova a sua lista de irregularidades contratando estagiários para trabalhar na função de caixa, ação que desrespeita a Convenção Coletiva de Trabalho. 

“O Itaú quer resolver o problema da carência de funcionários sem aumentar os custos com pessoal. Ao contratar estagiários para a função de caixa, o Banco acaba superexplorando o trabalho do estagiário e precarizando ainda mais o trabalho dos bancários” afirma Idelmar Casagrande, diretor do Sindicato dos Bancário/ES. 

“O Banco demonstra que não está disposto a resolver o problema da falta de funcionários, buscando soluções paliativas que descumprem a legislação trabalhista”, complementa o diretor. 

Trabalhadores terceirizados também enfrentam problemas 
As péssimas condições de trabalho atingem também os funcionários da Qualy Service, empresa terceirizada que presta serviços de limpeza para o Itaú. As denúncias contra a firma são inúmeras e incluem atraso no pagamento dos salários, parcelamento do pagamento de férias e corte no fornecimento de vale-transporte. 

Além disso, a empresa não está fornecendo uniformes adequados, obrigando os funcionários a trabalharem com uniformes velhos e rasgados. Os trabalhadores denunciam também a falta de materiais de limpeza e proteção no local de trabalho, como botas e luvas. 

“Como contratante, o banco é responsável pelo cumprimento da legislação trabalhista por parte das empresas terceirizadas. O Itaú, ao invés de cobrar as obrigações da empresa, faz ‘vista grossa’ para os problemas, o que o torna conivente com a situação” diz Idelmar. 

Reunião 
Na manhã do dia 06 de novembro acontece em São Paulo uma reunião da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú para discutir as condições de trabalho no banco. No período da tarde os trabalhadores se reúnem como o Itaú para retomar as negociações específicas. 

Fonte: Seeb/ES

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

PELEGUISMO 5 ESTRELAS - Metalúrgicos mudam estratégia de negociação



A seguir, reproduzimos matéria do jornal "Valor Econômico" que é panfleto descarado do projeto de reforma trabalhista e sindical que retira direitos dos trabalhadores. Como porta-vozes do patronato em meio aos trabalhadores, prestam declarações enganosas ao veículo de comunicação dirigentes sindicais ligados ao PT e a CUT. 

"A campanha salarial dos metalúrgicos do Estado de São Paulo filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) perdeu força neste ano e se pulverizou em acordos fechados diretamente por empresas e sindicatos, entre eles, o do ABC - o mais forte do país. Em 2012, os sindicatos não conseguiram unificar a negociação de reajuste salarial com os setores patronais e recorreram a acordos bilaterais. Essa fragmentação aponta para um novo modelo de luta sindical da categoria.
Até sexta-feira, apenas um grupo dentre seis (Fundição, com 4 mil metalúrgicos) fechou acordo garantindo 8% de reajuste salarial a partir de 1º de setembro, data-base da categoria. O índice representa 2,5% de ganho real. Mas passa de 150 mil o número de metalúrgicos que garantiram o índice pedido (75% do total de trabalhadores em campanha). Isso porque as empresas procuraram diretamente os sindicatos nas 14 bases da Federação dos Metalúrgicos (FEM), da CUT-SP, para dar fim às paralisações dos trabalhadores onde o acordo ainda não havia sido firmado.
No ano passado, em 22 de setembro, 86% dos metalúrgicos da CUT em campanha no Estado já tinham garantido, via negociação por grupo com o setor patronal, o reajuste pedido. Ou seja, em um mês a menos de negociação, maior índice de trabalhadores tinha conquistado suas reivindicações através das vias "normais".
O quadro mais emblemático da campanha salarial dos metalúrgicos cutistas deste ano é a descoordenação do próprio movimento sindical - à medida que os acordos são fechados diretamente com o sindicato por empresas grandes, os trabalhadores de empresas menores perdem voz e poder de barganha. Não fazem parte desse movimento de fragmentação - ainda - os metalúrgicos das montadoras. Em 2011, eles fecharam um acordo válido por dois anos com as empresas, logo, não entraram na campanha salarial deste ano.
"Vemos algo inédito na organização dos metalúrgicos. Nas últimas três décadas, houve uma mudança profunda no desenho sócio-organizacional das empresas e na formação dos trabalhadores, o que trouxe repercussões no terreno sindical", diz Ricardo Antunes, professor de sociologia do trabalho da Unicamp. Segundo ele, na década de 80 as empresas até chegavam a negociar individualmente, mas havia um movimento unitário que levava essa proposta para o conjunto dos metalúrgicos. "A consciência de unidade representativa foi corroída."
Antunes explica que, no passado do ABC, havia a preocupação de que as grandes empresas do setor automotivo, que chegaram a representar 70% do contingente dos metalúrgicos, não se descolassem das menores nas reivindicações da categoria. "Há diferença entre a greve que vai se pulverizando e greves canalizadas numa proposta unitária. Na década de 80, as ações de confrontação visavam preservar o patamar conquistado e estendê-lo para o conjunto de trabalhadores. O ABC, hoje, diz que faz isso, mas a prática não tem sido essa", afirma.
Os dirigentes sindicais envolvidos na campanha salarial se defendem: a crise internacional atingiu as empresas no país e dificultou a negociação neste ano - e em todos os outros de crise. "O movimento de acordos por empresa é normal em momentos de dificuldade econômica. Os trabalhadores das pequenas empresas não saem prejudicados, porque, historicamente, nunca ficamos sem uma convenção coletiva que contemplasse toda a categoria", diz Sergio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. "O melhor sempre é fazer o acordo com o sindicato patronal e ter tranquilidade na negociação, mas, com as dificuldades deste ano, o acordo por empresa ajuda a destravar as demais negociações", afirma.
Nobre lembra que no setor metalúrgico as empresas têm realidades distintas. A Volkswagen, diz, tem 15 mil trabalhadores, enquanto a mesma convenção coletiva dos metalúrgicos vale para os cinco trabalhadores de uma pequena empresa que faz parafusos, exemplifica. "O setor de caminhões teve um ano muito ruim, ao contrário do de automóveis, que conta com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A realidade é diversificada."
O coordenador-geral da comissão de fábrica da Volks na fábrica da Anchieta, no ABC, José Roberto da Silva, o "Bigode", afirma ser necessário que muitas discussões saiam da mesa dos grupos de negociação e que acordos sejam fechados diretamente entre empresas e sindicatos. "Há empresas que não têm condições de pagar abono salarial, por exemplo. O normal é que, quando uma sai na frente na negociação, ela puxe as discussões dentro da cadeia. Normalmente são as montadoras que fazem isso", afirma Bigode.
No dia 12 de maio de 1978, o então ferramenteiro Gilson Menezes liderava o início da greve de mais de 3.000 metalúrgicos da Scania, em São Bernardo. Hoje, como vice-prefeito de Diadema, defende os acordos bilaterais. "Se a empresa chega à posição que o sindicato quer, não tem como não fechar o acordo. Há 30 anos isso não acontecia, porque o que se reivindicava era algo que não era conseguido nas negociações, não havia nem o debate. Naquele tempo havia a questão política."
Nas negociações por empresa, no entanto, não é difícil que sindicatos menores, e trabalhadores de fábricas menores, saiam em desvantagem. Vanderlei Tavares, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Monte Alto (o menor da base da FEM-CUT-SP, com 2,6 mil trabalhadores), diz que, sob os efeitos da crise de 2008, nem todos os trabalhadores conquistaram os mesmos benefícios durante a campanha salarial.
Tavares conta que, em 2009, a FEM fechou um acordo com a bancada patronal que garantia 6,5% de reajuste salarial, mas algumas empresas em Monte Alto já tinham garantido 9%. Os trabalhadores não queriam aceitar os 6,5%. "Fizemos greve em mais de dez empresas, inclusive nas grandes, mas estávamos sozinhos", afirma.
Situação diferente foi observada em Monte Alto neste ano, ainda com as dificuldades apresentadas nas negociações pelas bancadas patronais. Na campanha salarial de 2012, o sindicato foi o primeiro - e, até agora, único - a garantir os 8% de reajuste para toda a base.
Antunes, da Unicamp, acredita que o setor patronal vê benefícios na negociação bilateral, uma vez que desune o movimento dos trabalhadores. "A ideia patronal de tomar a iniciativa e fazer propostas é compreensível, porque, assim, o setor avança em negociações heterogêneas. Com isso, não tem uma categoria unida a enfrentar", diz.
O professor critica a proposta de Acordo Coletivo Especial (ACE), que nasceu entre os metalúrgicos do ABC. O projeto prevê que sindicatos, com o aval do Ministério do Trabalho, negociem diretamente dentro das empresas. "Consolidou-se dentro do ABC uma concepção de sindicalismo autorreferente", afirma Antunes. "É como se o ABC pudesse estabelecer leis para o conjunto do sindicalismo, a partir do seu desenho sindical, e não visse a história no passado como uma conquista do conjunto."
Na visão de Antunes, o sindicalismo de hoje no ABC é negocial, e não mais de confrontação. "Negociação e luta nasceram juntos com o movimento sindical. Por que no ABC não há mais aquelas greves? Isso é sinal de avanço? Não há mais ideia de unidade com a força que havia no passado".
Nobre, presidente do sindicato do ABC, vê a negociação como evolução. "Uma categoria que vive em greve é uma categoria que tem seus direitos desrespeitados a todo o momento. É isso o que diferencia um sindicato forte de um sindicato sem representação", diz. Segundo ele, as greves na década de 80 foram resultado da falta de diálogo, o que não ocorre hoje."

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Governo quer barrar readmissão de 10 mil que saíram por PDV


Correio Braziliense

O Palácio do Planalto prepara barreiras para travar a aprovação do Projeto de Lei nº 4293/2008, em tramitação na Câmara dos Deputados. A proposta, que pretende reincoroporar pelo menos 10 mil ex-servidores federais que aderiram a programas de demissão voluntária a partir de 21 de novembro de 1996, não é vista com bons olhos pelo Executivo. Ainda em debate na Comissão de Finanças e Tributação (CFT), o texto, que fala em “anistia” dos ex-servidores, precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pelo plenário do Senado para seguir para a sanção presidencial.

O advogado-geral da União substituto, Fernando Luiz Albuquerque Faria, foi escalado pelo governo para transmitir aos ex-servidores os questionamentos existentes no PL que serão exploradas para engavetá-lo. Durante audiência pública realizada ontem na CFT, Faria afirmou que uma anistia deve ser aprovada para reparar um delito. E no caso das demissões voluntárias, precisaria ser comprovado o vício no consentimento do benefício para ex-servidores do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e de outros órgãos.

O representante do Planalto também pontuou que o governo teria de ser ressarcido dos valores pagos pela demissão voluntária. “Além disso, é necessário analisar a questão orçamentária e financeira, em um momento em que o Executivo prega a austeridade”, disse. Outra ponto de conflito destacado pelo advogado da união foi o artigo 4º do projeto de lei. Uma da partes mais polêmicas do texto sugere excluir vagas de concursos públicos caso os ex-servidores se enquadrarem no perfil procurado.

“Precisamos saber em que regime de previdência esses ex-servidores seriam enquadrados e se os aposentados seriam desaposentados para voltar ao serviço público. Também há questionamento nos casos em que o servidor não cumpriu os cinco anos necessários para que a estabilidade seja reconhecida. Isso está descrito no artigo 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias”, completa.

Relatoria
Outro sinal que demonstra a indisposição do Planalto em aprovar o projeto foi a ausência do relator da matéria, o deputado André Vargas (PT-PR), na audiência pública. A reportagem procurou o parlamentar para esclarecer por que não participou do debate, mas ele não retornou as ligações. Autor do requerimento para realização das discussões na Comissão de Finanças e Tributação, o deputado Zequinha Marinho (PSC-PA), lamentou a ausência de Vargas.

Entretanto, Marinho e os integrantes da comissão Cleber Verde (PRB-MA) e João Dado (PDT-SP) se comprometeram a se reunir com o relator para tentar sensibilizá-lo para causa e a votar pela aprovação do projeto. De acordo com o integrante Fórum Nacional dos Pdvistas Jorge Wilson Lara Godoy, os programas foram uma enganação. “Não cumpriram a promessa de capacitar os servidores e oferecer linhas de crédito”, lamentou Godoy.

Sem estudo
De acordo com o Ministério do Planejamento, um estudo sobre o impacto financeiro e orçamentário da reintegração de ex-servidores só será feito se o projeto for aprovado e sancionado pela presidente Dilma Roussef. A pasta justificou que não existem números oficiais de quantas pessoas seriam beneficiada se a proposta fosse sancionada.

Plano de fundo para servidores será lançado


O Estado de S. Paulo


A ideia de criar um grande fundo de pensão para os servidores de Estados e municípios caminha a passos largos no governo federal.

Antecipado pelo Estado em setembro, o "Prev-Federação" será um consórcio público. O objetivo do governo é aproveitar os marcos da lei 11.107/2005, que prevê a associação de entes federados (Estados e municípios) em um consórcio de propósito específico. No caso, o governo federal vai estimular a criação do grande fundo, e auxiliar com transferência de know how.

Originalmente, o governo federal projetava criar o "Prev-Federação" à imagem e semelhança da Fundação Nacional de Previdência Complementar dos Servidores Federais (Funpresp), e em seguida abrir para a adesão de Estados e municípios. Mas diante do temor de que um eventual calote de uma das partes no futuro resultaria em problemas para a União, o governo federal resolveu incentivar a ideia do consórcio público.

Janela de oportunidade. O governo federal quer aproveitar a janela de oportunidade aberta com a aprovação do Funpresp no Congresso Nacional no início deste ano para começar a contornar o enorme rombo previdenciário acumulado por Estados e municípios. Ao todo, o déficit atuarial dos 26 Estados e Distrito Federal (DF) e dos 50 maiores municípios ultrapassa R$ 1 trilhão.

O objetivo do "Prev-Federação" é o mesmo que impulsionou a aprovação do Funpresp, ou seja, reduzir as despesas do setor público com as aposentadorias e pensões dos servidores e, ao mesmo tempo, criar um grande fundo para aplicações na economia.

Apenas os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro já contam com um fundo de previdência complementar para seus servidores, a semelhança do Funpresp. Todos os demais Estados, e os municípios, não contam com essa estrutura, e, segundo o governo federal, demonstram interesse em participar do "Prev-Federação", que teria grande escala financeira e, portanto, renderia mais a seus associados.

A estimativa dos técnicos do governo é que o universo de servidores do "Prev-Federação" será de 500 mil pessoas, no médio prazo.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Intervenção do companheiro Ney na assembleia do BB na ABI


Assembleia de encerramento da greve dos bancários de 2012, na ABI, discurso de Ney Nunes da Unidade Classista e do PCB.

domingo, 7 de outubro de 2012

CAMPANHA SALARIAL 2012: CRÔNICA DE UM FIASCO ANUNCIADO

 


Diretoria do Sindicato tenta tapar o sol com peneira rasgada
 

 O primeiro jornal do Sindicato após o fim da greve estampa a manchete: “Estratégia da campanha salarial foi eficaz e garantiu avanços importantes” (sic). O comentário generalizado que se ouviu na categoria bancária após esta manchete foi: em que planeta esses caras vivem?
Não houve “avanço importante” algum! O índice obtido mal cobre as perdas salariais com a inflação dos últimos doze meses e nem arranha a absurda relação entre o lucro do banqueiro e o salário do bancário. O piso nos bancos públicos e privados continua muito abaixo do salário mínimo calculado pelo DIEESE. No Banco do Brasil a proposta para a jornada de seis horas é um engodo completo. Na Caixa, muitas das “concessões” oferecidas na Mesa Específica já estavam propostas antes da greve, como o Custeio Saúde Caixa, a contratação de mais empregados, a formação ampliada, e outras. Nos bancos privados os banqueiros vão continuar com carta branca para demitir em massa, saímos como entramos, sem nenhuma garantia no emprego! 


A farsa da negociação
 
Mas o malfadado índice de 7,5% merece uma análise à parte, porque a forma como foi negociado e obtido este ano, desmascara uma prática que já estava acontecendo anteriormente, agora ficou absurdamente escancarada: a Diretoria do Sindicato junto com a CONTRAF/CUT estabelecem um índice baixo, os patrões oferecem só a inflação, decretase uma greve sem preparação e sem organização e aí os banqueiros oficializam a proposta verdadeira que já estava acertada antes por baixo dos panos.
É triste e trágico reconhecer, mas é a verdade: o peleguismo e governismo do setor majoritário da Diretoria do Sindicato e da CONTRAF/CUT transformou a greve dos bancários de instrumento de luta dos trabalhadores para arrancar avanços em simulacro de luta para justificar a apresentação oficial da proposta costurada nos bastidores.


A ausência de preparação

A falta de preparação da greve este ano também foi escandalosa. Só aconteceram três assembléias na Campanha Salarial: uma para aprovar o índice,outra para aprovar a greve e a terceira para deflagrá-la, todas extremamente esvaziadas.
Não houve nenhuma discussão e organização nos locais de trabalho, nenhuma atividade para congregar e aglutinar os piqueteiros e ativistas. Só pra dar um exemplo, os delegados sindicais da Caixa tomaram posse três dias antes da deflagração da greve!
Isso não é gratuito: é a conseqüência da visão sindical predominante hoje no Sindicato e na CONTRAF/CUT de que “o mais importante é a negociação” e “quem faz o movimento é o Sindicato”. Essa visão em especial de que “o Sindicato é que faz” leva a direção da Entidade a não organizar a categoria para nada: até os piqueteiros o Sindicato “providencia”, nem que seja pagando ajuda de custo a desempregados para fazer aquilo que os ativistas bancários é que deveriam estar fazendo.


O fiasco da greve

O resultado desta orientação é que este ano tivemos a greve com o menor índice de adesão de bancários dos últimos anos, quem sabe da história de lutas da categoria bancária. No Banco do Brasil – conforme reconheceu em assembléia o próprio vice-presidente da CONTRAF/CUT – menos de 40% dos bancários aderiram à greve. Na Caixa, foi imensa a quantidade de colegas do Prédio que deslocou-se para trabalhar nas famigeradas “contingências” (ficamos sabendo que houve “contingência” na área de informática que chegou a instalar 100 computadores!) e na maioria das agências os gerentes e seus apoios entraram para trabalhar e fazer “atendimento seletivo”. Nos bancos privados apenas agencias no centro da cidade, com piquete “terceirizado”, foram fechadas, mas seus funcionários eram deslocados para trabalhar nas unidades espalhadas pela cidade.

Os jornais do Sindicato e os comunicados da CONTRAF/CUT durante a greve, tentaram mascarar a baixíssima adesão e mobilização, estampando: “Já são mais de 9 mil agências e centros administrativos fechados em todo o país.” (sic). O que os pelegos da Diretoria do Sindicato e da CONTRAF/CUT não informavam é que boa parte destas unidades “fechadas” estavam funcionando com porta fechada, mas com boa parte dos bancários furando a greve lá dentro.
Para fechar o teatro dessa greve acordada com os banqueiros e o governo, a CONTRAF/CUT no mesmo dia que divulgou a nova proposta da FENABAN, tratou de convocar assembléias separadas, quando o lógico seria avaliar no mesmo fórum que rejeitou a primeira proposta, ou seja, uma assembléia unificada de bancos públicos e privados. Essa divisão foi mais um ataque à democracia do movimento sindical e à unidade da categoria bancária.
 

Refundar o Movimento Sindical Bancário

Reafirmamos o que dissemos durante essa campanha salarial: nenhuma mudança no que vem acontecendo nos últimos oito anos no movimento sindical bancário será possível enquanto a categoria não retomar em suas mãos o destino das suas lutas e dos seus sindicatos. A classe trabalhadora é insubstituível, sua organização e sua unidade são armas poderosas para conquistar vitórias!
 
 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

NÃO AOS LEILÕES DE PETRÓLEO

Os brasileiros já conviveram com a escravidão; com a proibição do voto feminino; com a ditadura militar; com o racismo; com a homofobia; com o machismo. Grande parte desses absurdos foi superada e outra parte foi inibida pela lei. Mas a superação do atraso só aconteceu depois de muita mobilização e luta!
 
*Emanuel Cancella
 
O maior movimento cívico brasileiro foi “O petróleo é nosso!” Esse movimento, que tomou o Brasil de norte a sul e de leste a oeste, nas décadas de 1940-50, uniu comunistas e conservadores, militares e civis. Um dos principais líderes do movimento do petróleo foi Monteiro Lobato, paulista da cidade de Taubaté, um fazendeiro que se transformou em escritor, aliás, o principal autor brasileiro de obras infantis e um dos maiores no mundo. Chegou a ser preso, na sua luta para provar que havia petróleo no Brasil.
 
Lobato escreveu “O escândalo do petróleo”. Nesse livro, o escritor se posiciona totalmente favorável à exploração do petróleo apenas por empresas brasileiras.
 
Maria Augusta Tibiriçá Miranda, médica, também uma das líderes desse movimento cívico, hoje com mais de 90 anos, escreveu um livro cujo título tem o nome da memorável campanha “O Petróleo é Nosso!”. Tibiriçá já profetizava que “a luta pelo petróleo brasileiro não terminaria nunca”.
Precisamente agora, estamos em meio a mais uma batalha dessa infindável guerra que já resultou em centenas de perseguições, prisões, mortes. Inclusive o suicídio do presidente Vargas teve como pano de fundo a questão do petróleo. Em seu governo, Getúlio criou a Petrobrás e instituiu o monopólio estatal do petróleo.
 
Quando o petróleo era um sonho, fomos protagonistas de uma das páginas mais emocionantes e marcantes de nossa história: a campanha O Petróleo é Nosso. Como poderíamos imaginar que, depois de tudo isso, no momento em que o petróleo brasileiro se torna realidade, há quem ouse defender os leilões! Leiloar o nosso petróleo é o mesmo que vender um bilhete premiado.
 
Como disse, também, o brilhante ator Paulo Betti, referindo-se ao pré-sal, no filme “O Petróleo é Nosso – A Última Fronteira”: “...é como se encontrássemos um tesouro valiosíssimo em nosso quintal e, então, entregássemos a outros, porque somos incompetentes para administrá-lo!”
 
Por mais de trinta anos, a Petrobrás vem gastando bilhões de reais para descobrir o pré-sal, inclusive desenvolvendo tecnologia inédita no mundo. Se investimos e acumulamos conhecimento nessa tecnologia, como justificar a defesa dos leilões, para que estrangeiros explorem e se apossem das nossas reservas de petróleo?
 
O pior é que, por trás das multinacionais de petróleo, as mesmas que foram contra a criação da Petrobrás e do monopólio e agora defendem com tanto ardor os leilões, está a conivência de boa parte da mídia, a presidente da Petrobrás, Graça Fortes, o IBP e a Firjan. Cedendo as pressões, o governo brasileiro já anunciou a retomada dos leilões para maio e novembro do próximo ano.
 
Valeu Monteiro Lobato, Maria Augusta Tibiriçá e Getúlio Vargas, por lutarem e se posicionarem a favor dos interesses do povo brasileiro. Mas, infelizmente, a julgar pelos rumos que esse debate vem tomando, tende a prevalecer a frase cinicamente pronunciada pelo primeiro diretor geral da Agência Nacional de Petróleo – ANP. Em seu discurso de posse, David Zilberstein, ex-genro de FHC, falando à imprensa e a representantes das multinacionais, declarou: “O petróleo é vosso!”
 
*Emanuel Cancella é secretário-geral do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ)