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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Banco do Brasil bate recorde de lucro, mas não prioriza gestão de pessoas

O Banco do Brasil apresentou lucro líquido nominal de R$ 12,2 bilhões em 2012, o que corresponde a uma alta de 0,65% em relação a 2011. Em contradição com a alta lucratividade, as unidades do banco, especialmente as agências, funcionam com um número insuficiente de bancários, fazendo com que os empregados trabalhem constantemente sob pressão e no limite de suas capacidades.

O crescimento das metas foi paralelo ao crescimento dos lucros e a previsão para o próximo semestre já foi triplicada. O número de contas atendidas pelo banco e demais demandas de trabalho também têm crescido, mas em proporção inversa à contratação de funcionários. Além de enfrentar os diversos problemas de saúde decorrentes da sobrecarga de tarefas, os trabalhadores têm que “driblar” a insatisfação dos clientes, prejudicados pelas grandes filas e demora no atendimento causados pela falta de funcionários.

O BB abriu 99 novas agências em 2012, passando para 5.362. O número de funcionários passou de 113.810 para 114.182, o que significa que, em um ano, o banco abriu apenas 372 novos postos de trabalho para uma demanda que cresceu muito mais. Além disso, fechou 298 postos de trabalho nos últimos três meses de 2012.

Em outubro de 2012 a direção do BB suspendeu a contratação de novos funcionários programada para suprir os claros oriundos de aposentadorias e demissões. Tudo isto para reduzir custos de pessoal e não impactar nos resultados financeiros. Somente em fevereiro de 2013 o banco voltou autorizar novas contratações, abrindo apenas 50% das vagas a serem preenchidas. Enquanto isso os trabalhadores continuam sobrecarregados nos locais de trabalho.

A ‘economia’ do banco é um desrespeito aos trabalhadores e clientes e produz um efeito ilusório, já que o funcionário tem menos tempo para se entrosar com o ambiente de trabalho e, consequentemente, para apresentar um bom desempenho. Os trabalhadores que entrarem agora só vão apresentar autonomia na execução de suas tarefas a partir dos próximos meses.

Além de não investir em pessoal, a infraestrutura nas agências também é negligenciada. O banco não tem garantido o investimento necessário para proporcionar um ambiente de trabalho adequado para seus funcionários, que sofrem até com o calor das unidades, já que, em muitas agências, a manutenção do ar condicionado não é feita a contento.

Em todo suporte há uma grande morosidade para responder as demandas do cotidiano. Há uma carência de pessoal nas áreas de engenharia, segurança, tecnologia e demais áreas de suporte operacional.

É importante lembrar que quem gera o lucro para o BB é o trabalhador, que precisa ser valorizado. Na contramão desse processo, o BB implementa um Plano de Funções que não beneficia os bancários, pelo contrário, retira direitos e prevê, inclusive, redução salarial, ferindo as leis trabalhistas.


Fonte:
SEEB Espírito Santo com informações da Contraf

Milhares de bolivianos são escravos em SP. Em nome de Kevin, Corinthians podia gritar por eles

A óbvia ideia de que a morte de alguém muito jovem é uma aberração, algo absolutamente sem propósito, absurdo, veio pela primeira vez lá atrás para mim de forma pouco usual. Pelos versos de Ednardo, com seu belo “Pavão Misterioso”, parei pra pensar naquele pedido. “Me poupe do vexame/de morrer tão moço”. O complemento do verso é absolutamente arrebatador: “Muita coisa ainda quero olhar”.
 
A estupidez de poucos e a omissão de muitos (ou quem sabe de todos nós) não pouparam Kevin Espada de morrer tão moço. Catorze anos. Muita coisa ainda pra olhar...
Nem é preciso repetir o chavão de que nada a ser feito traz essa vida de volta. Mas é possível que muita coisa se faça em nome de Kevin.
Aqui já não estão em questão eventuais decisões da justiça, o destino do Corinthians em uma competição, uma eventual punição para o San Jose. Tudo isso deve ser exemplar. Mas é possível ir além, muito além.
 
Alguns pronunciamentos foram exemplares e transpiravam sentimento de nobreza no dia da tragédia. Ainda que a vida e a profissão tenham me ensinado a desconfiar muito de tudo o que se fala diante das câmaras e de bons moços do pau oco com os quais cruzei por esses anos todos e me ensinaram a preferir os gauches, não dava para não se impressionar ou não acreditar nas palavras e posicionamento de Tite, Edu Gaspar e outros. E ainda também que jamais me pareça correto cobrar de alguém gestos que devem ser espontâneos ou naturais, tais posturas me inspiram a pedir algo mais para eles, muito além das decisões esportivas. Junto a eles o zagueiro Paulo André, sujeito de ideias claras e sempre disposto a boas causas, poderia se engajar nisso.
 
Desde que a notícia explodiu, não paro de pensar na estação de ônibus de El Alto, perto de La Paz. Os ônibus partindo para Oruro, Cochabamba...Kevin deve ter passado naquele pedaço esquecido de mundo quando ia em busca do sonho em ver seu time.
 
Passei por lá quando fiz o documentário “Escravos do Século XXI”, para mostrar onde eram arregimentados os bolivianos que vinham para o Brasil, onde viram escravos. É isso mesmo, trabalho em regime análogo à escravidão, em pleno século XXI. Em São Paulo. Milhares de bolivianos no auge de sua força. Escravizados. Em Itaquera, no Braz, na Mooca, Pari, Liberdade. Na cara de onde teremos uma Copa do Mundo. Ladeado por escravos. Vi tudo isso e digo: que ninguém pense que falar em escravidão é exagero. Fica o convite para quem tiver dúvida para o link no you tube: http://www.youtube.com/watch?v=D2TbuieIW1k
 
Quando uma tragédia dessas acontece, ficamos sempre a pensar no absurdo da morte aos 14 anos. No que um menino desses podia se transformar. Médico, engenheiro, jogador, advogado. Não conheço a história pessoal de Kevin, se é de uma minoria que tem alguma condição para tanto. Assim, sem conhecer, pensando em milhares de jovens de seu país, digo que uma imensa possibilidade para Kevin era tragicamente virar um escravo numa fétida confecção clandestina de São Paulo. Que revenderia o produto de seu trabalho ilegalmente tomado para uma grande corporação. Que em busca dos lucros fingiria não saber de onde vem os frutos da “flexibilização laboral” que alimentam. Milhares de meninos e meninas de La Paz, Cochabamba, Oruro viram escravos aqui. Em pleno século XXI.
 
Como está no impressionante depoimento de Maria Eugenia (que segue com parte transcrita abaixo) , que conseguiu fugir de uma dessas senzalas e chegou até a Pastoral do Migrante, (cujo trabalho tão maravilhoso nos faz ainda acreditar na espécie) são de jovens do interior como Oruro que os escroques que escravizam mais gostam, pela ingenuidade deles. (O depoimento parece cena de novela das oito e denúncias de tráfico humano mas estão no nosso nariz).
 
É claro que o exercício de falar em tal destino para Kevin é algo torto. Mas aqui se justifica. Porque me ocorre que algo que daria um pouco de sentido ao que não tem sentido (“nem nunca terá...”), é que alguns desses corintianos tão lúcidos como Tite, Paulo André, Edu Gaspar, viessem a se mobilizar contra a escravidão de bolivianos em São Paulo.
Tenham certeza de que muitos deles a essa hora nos porões do Braz, Bom Retiro, Mooca, Pari, Itaquera, se apegaram ao Corinthians. Kevin poderia acabar ali. Cada voz que se levante contra isso, uma faixa entrando em campo contra o trabalho escravo de bolivianos em São Paulo, uma entrevista contra essa aberração... Seria em nome de quem morreu tão moço e não pode olhar muita coisa que queria, como ensinou Ednardo.
 
Kevin não volta. Mas há muito para se fazer por ele. No futebol e muito além dele.
TRECHOS DO DEPOIMENTO DE MARIA EUGENIA – BOLIVIANA VÍTIMA DE TRABALHO ESCRAVO EM OFICINA DE ITAQUERA
“Eu trabalhava na cozinha em Bolívia, e veio uma senhora, 2, 3 vezes se fez de amiga. Eu ganhava uns 100 reais lá. Ela falou que ia pagar 300 dólares no Brasil. Eu achei que era boa oportunidade. Tenho seis filhos, falei com eles, era boa oportunidade.”
“disse que ia pagar 350 dolares pra uma filha que viesse, são 650 dólares ao mês. Ela pagou a vacina de febre amarela”
“pagou as passagens de La Paz”
“quando entramos na sua casa, apenas passamos pela porta, ela passou o cadeado na porta. Botou o cadeado e eu perguntei. Ela disse que entra muitos ladrões, eu disse tá bom...”
“uma semana, sábado, não podíamos sair, estávamos presa. Trabalhávamos desde as 7 da manha até meia-noite, uma da manhã, quando tinha que se entregar o trabalho. Eu cozinhava pra muitas pessoas. “
“quando se cumpriu 1 mês, ela não quis me pagar, a despeito deu ter trabalhado. A comida era muito ruim, não me dava coisas pra cozinhar. Me dava um pouco de carne pra 20 pessoas”
“você tem que ficar 2, 3 meses pra que paguem a passagem, mas fechadas, sem ir a nenhum lugar.”
“passou o segundo mês, agora me pague. Não que você não tem direito.”
“em total era 400 reais, que nos devíamos. Como não podíamos pagar em dois meses?”
“é escravidão; você acorda as 6h30, toma café, as 7h está nas máquinas de costura, ate as 12h. das 12 as 12h30, almoço, meia-hora. Na máquina te trazem o café as 17h. E das 17 a meia-noite, está na maquina. Diga-me: o que se chama isso?
“é escravidão. Não pode imaginar que existem pessoas que vão na Bolívia, botem anúncios na radio, jornal: ‘viaje para Brasil, 400 dolares,” e quando chega aqui com essa ilusão, te põe a chave. Isso é muito ruim”
“eles fechavam o telefone. Abaixo era a oficina, em cima os quartos”
“onde eu trabalhava em Itaquera, as mulheres ficavam aqui, os homens aqui. “
“Um banheiro pra 20 pessoas. Um lugar pequeno, você não sabe como é, sofri muito”
“quando um se resfria, se adoece, todos adoecem. E as trabalhando até meia-noite, as costas doem...voce não sabe, é muito doloroso pros bolivianos. Eu vi muita dor ali”
“imagina quem vem do interior, Oruro, outros estados, chegam a La Paz. A esses são os que buscam, os donos de oficinas, os que não estão integrados, por isso eles se calam, abaixam a cabeça”
“nos trouxeram nós duas. No outro ônibus, trouxeram 5 meninos, 17, 18 anos, 15 anos. Vieram até santa cruz com a gente, depois passaram por Paraguai. Mas os menores passaram por Paraguai.”
“muita gente sofrendo, presa. Mais do que tudo, eles procuram meninos, o que me mais me dói é que eles procuram meninos de 15 anos, 18 anos, 17, 15 anos. É muito ruim, não pode ser...Quando eu voltar a Bolívia, vou fazer uma denúncia, a todos...Eles anunciam nas rádios, na tv, nos jornais, oferecendo 400, 500 dolares...”
 
Texto do jornalista Lúcio de Castro (ESPN)

'Sangria' de recursos bate recorde

          O Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou em janeiro o maior superávit primário (nome pomposo que significa sangria de recursos públicos para o bolso dos sanguessugas que controlam a dívida pública) da série histórica para este mês, com R$ 26,146 bilhões - resultado que representa 24% da "meta" para todo o ano de 2013 (R$ 108 bilhões). No Olhar Comunista dessa quarta.

" Além de ser o maior janeiro da história, é o segundo maior primário da história. Só é menor do que o primário de dezembro do ano passado [R$ 28,3 bilhões]", afirmou o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.
Passamos, por dedução lógica, por uma escalada crescente de benefícios para os financistas, mais uma das dádivas do governo petista para a burguesia brasileira e internacional.
 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Confira o artigo 'Novos instrumentos de trabalho?

Medicações psiquiátricas, álcool e outras drogas são frequentemente utilizados como estratégia para lidar com o estresse nas mais diversas profissões exercidas pelos trabalhadores em todo o mundo. Não é diferente com os bancários. A alta demanda por resultados associada a um discurso institucional dissimulado, o qual seduz o trabalhador a doar-se além de suas obrigações à empresa, estão no âmago do adoecimento dessa categoria.


As condições de trabalho e o uso de substâncias psicoativas já possuíam intricada relação na época do surgimento do trabalho assalariado. É importante ressaltar que não estamos falando apenas sobre as drogas ilícitas, mas também diversas substâncias comercializadas legalmente (medicações psiquiátricas, álcool, tabaco, etc.). Um bom exemplo dessa problemática é o abuso de bebidas alcoólicas por trabalhadores que ocorria em diversas indústrias durante a Primeira Revolução Industrial sem que a empresa interviesse, uma vez que o consumo de tal substância aumentava a carga horária máxima de atividade tolerada pelos funcionários. Infelizmente, não são poucas as semelhanças deste triste exemplo com as atuais condições de trabalho dos bancários.



O discurso institucional promovido pelos bancos de que organização e bancários trabalham juntos, lado-a-lado, de maneira que uma relação de colaboração mútua se estabeleça, é amplamente disseminado. O “encantamento” dos trabalhadores, que compram esse discurso, é fundamental para a banalização do ritmo frenético e da carga de trabalho desumana aos quais são submetidos. Somado a isso, está a instabilidade do emprego, gerando a crença (nada menos do que verdadeira) de que qualquer deslize pode ocasionar sua demissão.



Sendo assim, os bancários trabalham além do que devem, são rotulados como incompetentes quando não atingem as metas (absurdas, por sinal), e aceitam exercer a profissão em condições insalubres (tanto física, quanto psicologicamente). Ou seja, os bancários “vestem a camisa” da empresa para que esta alcance seus objetivos, colocando em segundo plano as necessidades básicas para manutenção de sua qualidade de vida. A redução das atividades de lazer (produto direto da onipresença do trabalho na rotina dos trabalhadores, inclusive nos finais de semanas), por exemplo, diminui o repertório de estratégias que os bancários poderiam utilizar para lidar com esses estresses.



Logo, não é difícil entender como diversas substâncias surgem, nesse contexto, como formas de manter-se em um nível de competitividade adequado, contemplando as exigências feitas pelo banco e, por consequência, assegurando sua permanência no emprego. As drogas são elevadas à condição de “instrumentos de trabalho”, banalizadas, tidas como parte naturalmente integrante da atividade laboral. Trata-se da automedicação dos problemas advindos do exercício profissional, da anestesia do sofrimento.



Desde a medicação utilizada para dar o “pique” necessário para enfrentar o cotidiano corrido até o álcool ou a maconha para relaxar e esquecer os problemas, muitos são os casos relatados pelos bancários junto ao Departamento de Saúde do SindBancários. E, apesar dessas drogas serem utilizadas com o objetivo de agir sobre diversos sintomas indesejáveis, devemos lembrar que elas levam à dependência física e psicológica, além de causarem notável dano à saúde de seus usuários devido aos inúmeros efeitos adversos.


Assim como nas primeiras indústrias modernas, o uso de drogas ainda é banalizado no contexto de trabalho e o trabalhador continua sendo o maior prejudicado. No momento em que as consequências negativas do abuso de substâncias psicoativas começam a se manifestar no ambiente laboral, o trabalhador é responsabilizado individualmente por sua condição, é rotulado de “o problemático”, e os fatores adoecedores subjacentes a sua prática profissional são desconsiderados. Talvez a mudança mais evidente dessa lógica seja a ampliação da gama de drogas utilizadas. Enquanto antigamente o álcool era o problema mais relevante, atualmente, juntam-se a ele as medicações psiquiátricas de toda sorte, a maconha, a cocaína, entre outras.



Muitas vezes utilizadas como “válvula de escape” no contexto de trabalho, as drogas lícitas e ilícitas fazem parte das contingências perversas às quais os bancários estão submetidos, pois intermedeia a troca da qualidade de vida e saúde pela ilusão de um desempenho mais eficiente e competitivo no mercado de trabalho. Ou seja, não satisfeitos com a acumulação dos lucros, os Bancos se apropriam da saúde dos bancários, individualizando o seu adoecimento.



 
*Thiago Prusokowski
Luiziana Souto Schaefer

Departamento de Saúde do SindBancários de Porto Alegre

NÃO À PERSEGUIÇÃO POLÍTICA DE FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS EM CUBATÃO

O ano de 2013 começou com nuvens pouco alvissareiras na cidade de Cubatão, Estado de São Paulo. Após uma manifestação, realizada no final de 2012, na qual funcionários públicos residentes na cidade e trabalhadores terceirizados juntaram forças para protestar contra o aumento de impostos e atraso nos salários, respectivamente, a prefeita de Cubatão, Márcia Rosa (PT) abriu processo administrativo, com recomendação de exoneração a bem do serviço público de 12 servidores efetivos da Educação, dentre estes gestores, professores e funcionários de escola. Além desse processo administrativo, a prefeitura abriu queixa-crime contra esses servidores. O argumento da prefeitura é que estes servidores, identif icados por meio de imagens da TV local, quebraram a porta de seu gabinete e assinaram o ponto como se estivessem trabalhando no mesmo período em que estavam na manifestação.
 

Já está provado, por meio de filmagens do circuito interno da prefeitura que os servidores arrolados na queixa-crime não depredaram o patrimônio público; quanto à acusação de terem assinado o ponto, como se estivessem trabalhando no mesmo período em que estavam na manifestação, isso de fato ocorreu com a maioria dos 12 processados, mas não com todos, e é algo que não é negado por eles. Todavia, a recomendação de exoneração por tal falta nos parece desproporcional ao erro cometido, como se a prefeita usasse uma bazuca para matar um mosquito. Entendemos, dessa maneira, que a motivação para tal despropósito não é tão somente o zelo pelo bom andamento administrativo das repartições públicas cubatenses, mas sim o silenciamento de vozes discordantes na política da cidade. O dispositivo legal acion ado pela administração é um artigo do Estatuto do Funcionalismo Público de Cubatão, redigido em 1959 e vergonhosamente em vigor até hoje, que prevê punição de exoneração a qualquer servidor que se manifeste publicamente contra a administração municipal. Uma legislação caduca e inconstitucional usada de maneira intencional para silenciar e amedrontar o funcionalismo público cubatense!
 

Nos causa preocupação o fato de que tal ato antidemocrático venha de uma ex-militante da Apeoesp. Será que a prefeita esqueceu-se das perseguições políticas, empreendidas pelo PSDB de Mário Covas, sofridas pelos professores estaduais por ocasião da greve do ano 2000? Das campanhas empreendidas para salvaguardar o emprego e as condições de sobrevivência de seus colegas de trabalho? A prefeita Márcia Rosa envergonha a sua própria história ao utilizar o método PSDB de lidar com opositores, ou seja, a truculência e a perseguição.
 

A Unidade Classista repudia e denuncia essa perseguição. Entendemos que a disposição de punir esses 12 funcionários com exoneração é uma medida desproporcional e inadequada. Apelamos à prefeita Márcia Rosa que reconsidere sua decisão e arquive o processo administrativo contra esses 12 trabalhadores em respeito à sua própria história de luta e de seu partido. Aos 12 servidores processados, prestamos nossa solidariedade militante a apoio no que for preciso. A todos nós fica a lição de que ainda é preciso muita luta para limpar o entulho antidemocrático de nossa legislação.
 

NÃO À PERSEGUIÇÃO POLÍTICA!
PELA LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO A TODOS OS TRABALHADORES!
Santos, 15 de fevereiro de 2013.

PORTUÁRIOS DE SANTOS INVADEM NAVIO CHINÊS E PROTESTAM CONTRA MP 595

 
A Unidade Classista de São Paulo e da Baixada Santista apoia o protesto dos estivadores que ocuparam o navio chinês Zhen Hua na segunda-feira (18) no terminal portuário operado pela Empresa Brasileira de Terminais Portuários (EMBRAPORT) que trouxe equipamentos para a operação do maior terminal privado do Brasil.
 


A ação faz parte dos protestos dos portuários contra a Medida Provisória 595 que altera as regras de trabalho nos portos, permitindo que operações sejam realizadas por outros que não trabalhadores da estiva, como no caso, por mão de obra chinesa. O navio chegou ao Porto de Santos na sexta-feira (15) carregando pontes rolantes usadas na movimentação de cargas dos navios e 100 homens encarregados de remover a carga.
 

A EMBRAPORT alega ser cumpridora da legislação vigente e que “O desembarque e a montagem dos equipamentos são realizados pelo fabricante, como usual em todos os portos”. Se os equipamentos necessitam para a sua instalação de técnicos especializados fornecidos pelos fabricantes, o desembarque pode e deve ser feito pelos estivadores do porto de Santos. A Medida Provisória 595, a MP dos Portos, ao permitir que os terminais de uso privativo movimentem cargas sem utilizar trabalhadores avulsos registrados no Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), alija aos estivadores de seu meio de sobrevivência e torna suas operações mais rentáveis.
 

O trabalho de desembarque dos equipamentos deve durar 22 dias e os estivadores somente deixarão o navio quando houver um acordo. Esperamos que o sindicato faça um acordo condizente com os desejos dos estivadores e não apenas para obter algum “resultado”!

 

NA PRÓXIMA SEXTA-FEIRA (22) OS PORTUÁRIOS PARALISARÃO AS
OPERAÇÕES NO PORTO DE SANTOS CONTRA A MP DOS PORTOS


Contatos com a Unidade Classista podem ser feitos pelo e-mail:
unidadeclassistasp@gmail.com

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

CONTRA A DEMISSÃO DO MESSIAS!

CONTRA A DEMISSÃO DO MESSIAS!

O bancário Messias Américo da Silva é demitido pela Caixa Econômica
por querer atender a população

Ao contrário do que diz a publicidade dos bancos públicos, como o “Bom para todos” do Banco do Brasil ou “vem pra caixa você também”, da Caixa Econômica, essas empresas buscam cada vez mais expulsar a população das suas agências.
Só interessam aos bancos aqueles para quem podem vender “produtos”, como seguros, cartões de crédito, empréstimos, etc. Os trabalhadores em geral, chamados de “usuários”, que precisam de serviços bancários, como pagar uma conta de água ou luz, fazer um depósito para parentes, receber uma aposentadoria, etc., são empurrados para os chamados “correspondentes bancários”, como correios, lotéricas, supermercados, farmácias, etc. Essa política vitima tanto os próprios trabalhadores dos bancos como os clientes e usuários em geral.
De um lado, os funcionários são pressionados com a meta de vender os tais “produtos” bancários, condição única para que possam subir na carreira, num espírito de competição que inclusive vicia a atmosfera de trabalho e mina as possíveis relações de amizade e camaradagem. Para vender, é preciso recorrer a métodos questionáveis, como a “venda casada”, que chantageia o clientes para que compre um “produto” como seguro ou outro como condição para que possa ter acesso ao serviço de que realmente necessita, como um empréstimo ou abrir uma simples conta para receber salário. Oficialmente, claro, os bancos negam a prática da venda casada e a condenam nos seus “manuais de ética”, mas todos, funcionários e clientes, sabem que acontece.
O que está por trás disso é o projeto de retirar dos bancos qualquer tipo de função social. Os bancos públicos já estão privatizados “por dentro”. Seu objetivo é o lucro a qualquer custo, cuja maior parte vai para o Tesouro Nacional, que seja qual for o partido de plantão, destina a maior parte para o pagamento da dívida pública (fraudulenta); e a menor parte para seus gerentes, superintendentes e diretores, que recebem bônus milionários, enquanto que os bancários recebem apenas sobrecarga de serviço e cobrança de metas. Esse projeto de privatização “por dentro” já está em curso desde o governo FHC e continua nos governos do PT de Lula e Dilma.
De outro lado essa política prejudica também a população em geral, de diversas formas. Primeiro, em nome da redução de custos, há sempre menos funcionários do que o necessário para atender a demanda, de modo que as filas são enormes. Segundo, os clientes são obrigados a pagar tarifas abusivas e juros extorsivos, ou comprar “produtos” de que não necessitam. Ou ainda, são empurrados para os caixas eletrônicos e correspondentes bancários, onde as filas são também enormes e também os riscos de fraudes, golpes, assaltos, já que nesses estabelecimentos não há vigilantes, porta com detector de metais, etc.
Quem se atreve a contestar essa política, defendendo os interesses dos funcionários e da população em geral, acaba sendo punido. O funcionário Messias Américo da Silva, trabalhador da Caixa Econômica há 23 anos, figura histórica e reconhecida por toda a categoria bancária e pela população da cidade de Osasco-SP, onde trabalha, foi demitido no dia 31 de janeiro de 2013 justamente por querer fazer o seu trabalho, ou seja, querer atender a população.
A determinação da gerência (não oficial, é claro), é de que os trabalhadores que precisam receber um abono do PIS, seguro desemprego ou FGTS, serviços sociais prestados apenas pela Caixa Econômica, sejam impedidos de entrar na agência, e usem os caixas eletrônicos, lotéricas (onde todo dia ocorre um assalto, coisa que não é divulgada) ou outros “correspondentes”. O objetivo é discriminar uma parte da população, que não interessa aos gerentes atender, como se essa população não tivesse direito a serviços bancários.
Por não ser conivente com essa determinação, por lutar para que todos os clientes e usuários tenham tratamento igual, por simplesmente atender a população que o procura, e também por sua trajetória de luta em defesa dos trabalhadores da Caixa, nas campanhas salariais, e nas diversas reestruturações que implantaram a privatização “por dentro”, o funcionário Messias Américo da Silva vem sendo perseguido há anos pela gerência e pela cúpula do banco. Uma série de processos administrativos sem nenhum fato específico e determinado a ser investigado foram montados com base em avaliações subjetivas de “comportamento”. O mais recente desses processos terminou com a demissão, mesmo sem ter provas de acusação e ignorando a documentação apresentada pela defesa. Como num processo da Inquisição a sentença já estava pronta antes mesmo da investigação começar.
Fica muito claro que o objetivo desde o início era remover qualquer obstáculo ao processo de privatização, precarização do atendimento e deterioração das condições de trabalho dos funcionários. Os interesses da população e dos funcionários não cabem nos cálculos daqueles que mandam na empresa e no país.
Para enfrentar a demissão, seja pela via administrativa ou judicial, não basta apenas ter uma defesa impecável, pois como vimos, a empresa simplesmente ignorou as provas. É preciso uma ampla campanha que denuncie para a população em geral o escândalo desta demissão, das atuais condições de trabalho nos bancos, do atendimento nas agências e da privatização dos bancos públicos por dentro. A responsabilidade dessa campanha caberia ao Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Desde a instauração do processo, em setembro de 2012, estamos fazendo a exigência de que o sindicato mobilize todos os seus recursos, não apenas jurídicos, mas de comunicação, de militância, de pressão, etc., para enfrentar a Caixa, jogar a discussão para a imprensa e a população e reverter esse ataque.
O que importa é que esse ataque precisa ser revertido. A demissão é um ataque não apenas ao indivíduo, mas a toda a categoria bancária, àqueles que organizam a resistência contra os abusos da patronal. Esse ataque é parte de uma ofensiva geral que está em curso no país contra os grevistas, manifestantes, militantes, dissidentes, àqueles que ousam dizer que há algo errado no país que é uma das maiores economias do mundo, que vai sediar a Copa e as Olimpíadas, etc., mas que mantém ainda a maior parte da sua população na miséria. Para lutar por melhores condições de vida, é preciso garantir o direito básico de lutar, de se expressar, de criticar e divergir. É esse direito de todos nós que está sendo ameaçado com a demissão.
Para reverter esse ataque, é preciso criar uma pressão contra a Caixa e para isso pedimos a todos que:
- distribuam esse texto em todas as suas listas de contatos e redes sociais, blogs, jornais, mídia alternativa, etc.,
- discutam a moção de repúdio abaixo nas suas entidades representativas, sindicatos, associações, etc., e a reenviem para os endereços indicados também abaixo.
- imprimir a moção de repúdio abaixo e circular como abaixo-assinado; sobre como enviar, escrever para: bancariosdebase@yahoo.com.br;
- encher a Ouvidoria Caixa (fone: 0800 725 7474) de reclamações por essa demissão escandalosa;
Não podemos aceitar esse ataque! A defesa do companheiro Messias e a luta para reverter a demissão é parte da luta maior e geral pelos direitos democráticos, pelo direito de greve e de manifestação, por serviços públicos de qualidade, por bancos públicos a serviço da maioria da população, contra a discriminação aos usuários e trabalhadores de baixa renda, por um melhor atendimento e por melhores condições de trabalho.
- Reverter imediatamente a demissão!
- Contra a perseguição aos ativistas e lutadores!
- Em defesa da organização dos trabalhadores!

Coletivo Bancários de Base – SP
Fevereiro de 2013

MOÇÃO DE REPÚDIO À CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

Nós abaixo assinados manifestamos nosso repúdio à Caixa Econômica!
O delegado sindical e ativista Messias Américo da Silva, trabalhador da Caixa Econômica Federal com 23 anos de empresa, recebeu notificação nesta data de rescisão de contrato de trabalho por justa causa, em 1ª instância administrativa.
O companheiro Messias é integrante do grupo de Oposição Coletivo Bancários de Base, e foi processado administrativamente 3 vezes nos últimos 4 anos, tendo os dois primeiros processos sido arquivados por falta de provas. Os processos não se referem a nenhum fato objetivo que configure infração de normativos da empresa, mas ao "comportamento" do funcionário, que é avaliado subjetivamente. Sem justificativa concreta, os processos anteriores foram arquivados, mas desta vez a Caixa ignorou a falta de provas. Ainda que caiba recurso no âmbito administrativo, fica evidenciado que muito mais do que jurídica, a questão é de caráter político.
Trata-se de mais um atentado a livre organização dos trabalhadores, pois o companheiro é notório ativista atuante na região de Osasco, que é abrangida pela base do Sindicato de Sao Paulo. É importante salientar que não se trata apenas de um ataque pessoal ao ativista sindical. O objetivo claro é atingir a categoria como um todo, punindo com demissão todo e qualquer bancária e bancário que ousar ter posicionamento contrário às arbitrariedades dos banqueiros e governo. Esse ataque atinge a todos os trabalhadores, não apenas aos bancários, mas a todos que se mobilizam por melhores condições de vida e de trabalho.
Manifestamos nosso repúdio à Caixa Econômica Federal pelo atentado à organização dos trabalhadores! Nesse sentido, reivindicamos o imediato arquivamento do processo!
Abaixo a repressão!
Abaixo a perseguição aos ativistas e lutadores!
Viva a organização dos trabalhadores!

Enviar a moção para os seguintes e-mails:

Superintendência da Caixa:

Assessoria de imprensa da Caixa:

Com cópia para:

Fonte: http://reestruturacaobb.blogspot.com.br/

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Volta dos leilões de petróleo é crime de lesa-Pátria, denunciam petroleiros de SP

Goveno anunciou a autorização para ser realizado o 11º leilão de áreas de exploração do petróleo
por: O Portal do Mundo do Trabalho transcreve abaixo o editorial do jornal do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo.
 
Volta dos leilões de petróleo
O governo anunciou no dia 10, a autorização para ser realizado o 11º leilão de áreas de exploração do petróleo. O último leilão havia ocorrido em dezembro de 2008.
 
A proposta do governo é leiloar 172 blocos até maio; desses blocos, metade encontra-se em terra, a parte marítima dos blocos está fora do pré-sal, mas isso não significa que a maior descoberta energética brasileira do século 20 esteja segura.
 
 
Privatização
Um dos argumentos utilizados para a retomada dos leilões foi a necessidade de novos investimentos, em um momento em que a Petrobrás e o Brasil enfrentam dificuldades.
 
Esse é um argumento falacioso, pois a privatização de áreas do petróleo não traz resultados imediatos. O problema maior, no entanto, é a míope visão governamental que se joga nos braços dos interesses das companhias privadas ao sabor dos ventos.
 
A presidente Dilma Roussef já foi presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, conhece a empresa, seu potencial e sabe, muito bem, que estrategicamente é um péssimo negócio para o país: desnacionaliza nossas riquezas naturais e, consequentemente, a soberania do país, a longo prazo remete dividendos para fora do Brasil, enquanto o país perde capacidade estratégica de definir suas políticas. Um dos pilares da contenção de tendência de alta de inflação, por exemplo, foi a decisão política de segurar o preço dos combustíveis; isso foi possível porque a Petrobrás é uma empresa pública, se todo o setor estivesse privatizado, o governo jamais conseguiria manter essa política, que tanto ajudou o Brasil.
 
 
Pré-sal
O atual leilão não contempla áreas do pré-sal, mas o governo já anunciou que deve liberar até dezembro a autorização para privatização de blocos no pré-sal.
 
Apesar de o sistema de partilha, aprovado no Congresso, configurar um cenário menos danoso do que o de concessão (modelo utilizado no governo FHC, mantido por Lula nos primeiros leilões, mas modificado para as áreas do pré-sal), é irresponsabilidade política abrir mão da soberania de uma área que ainda sequer se dimensionou o potencial de exploração.
 
Novamente, no quesito privatização, o governo Dilma Roussef se mostra na contramão dos interesses nacionais, privatizou os aeroportos – e os custos ainda serão sentidos pela população – e, agora, retoma a privatização das áreas de gás e petróleo, um retrocesso que poderá custar caro para o país. Leiloar é privatizar, vamos lutar e denunciar esse crime de lesa pátria.
 
(informa CUT)