PCB-RR

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Diga-me quem te financia, que eu direi para quem governas


PT arrecadou 89,5% das doações de empresas em 2011

Paulo Schueler*

Que os governos encabeçados pelo Partido dos Trabalhadores (PT) foram um grande "achado" para a burguesia, qualquer um que não seja movido por má-fé ou tenha por esta agremiação um fetiche masoquista já sabia.

A novidade, divulgada na imprensa neste último final de semana, é que na folha de pagamento da burguesia estão não apenas a "corte" - membros dos altos escalões do governo que se transformam em consultores e lobistas de grandes grupos empresariais e a máfia sindical que se apodera dos fundos de pensões -, isso sem falarmos dos "menos votados" que se transformaram em sanguessugas dos cargos comissionados pagos pelo erário público. Cotadinhos, esse últimos...

A famiglia, o partido, também é muito bem remunerada pelos bons serviços prestados aos exploradores do suor alheio. Vejamos: dos R$ 54,6 milhões doados por empresas aos 29 partidos políticos registrados na justiça eleitoral em 2011, o PT ficou com 89,5% - cerca de R$ 50,1 milhões, recebidos de 75 doadores, segundo prestação de contas entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A direita clássica deve estar com aquela dor de corno... Afinal de contas, o PSDB recebeu "míseros" R$ 2,35 milhões enquanto o PMDB, segundo na arrecadação, abocanhou apenas 5,2% dos recursos.

Deixemos eles choramingarem suas pitangas com o pires na mão. O revoltante na novidade está mesmo no PT. Com R$ 53,9 milhões de dívidas, ele passou a sacolinha em empreiteiras, bancos, empresas do setor alimentício e petroquímico, chegando ao escárnio de receber dinheiro de um empresário envolvido no mensalão do DEM no Distrito Federal.

Os segmentos doadores deixam claro: boba essa camarilha não é. Foi cobrar sua comissão justo nos setores e empresas mais beneficiados pelo governo federal desde 2003. O setor que mais "contribuiu" foram as empreiteiras (45%, ou R$ 48,9 milhões). Foi também o setor com maior número de doadoras (21) e com a líder em contribuição (Andrade Gutierrez, com R$ 4,6 milhões).

Fornecedoras da Petrobras ficaram em segundo lugar (10,8%), seguidas pelo agronegócio (10,3%). Parêntesis: mão de vaca esses grandes proprietários rurais, hein? Assassinam, usam trabalho escravo, acabaram de ter aprovado o Código Florestal e só repassaram esse percentual aos "companheiros"? Vai ver que é por isso que Dilma vetou alguns artigos do referido Código... O mesmo se pode dizer do setor financeiro (7,9%), que teve o Bradesco e o BMG como doadores.

De acordo com levantamentos da imprensa, há na lista de doadores companhias com contratos "vultuosos" com o governo federal. É o caso da Jurong Shipyard, que irá construir estaleiro em Aracruz (ES) e já adiantou R$ 1 milhão da "comissão" ao PT.

Mas o caso mais escandaloso é o da JBS, a mesma que iria adquirir a empreiteira Delta. Quinta maior doadora petista, tem entre seus acionistas (financiadores) o BNDESPar, braço de investimentos do BNDES. Essa tinha que figurar entre as líderes de doações mesmo, ganhou muito desde 2003!

Envolvido no mensalão, o BMG doou R$ 1 milhão ao PT, após o partido pagar dívida de R$ 1,9 milhão com o banco. Quanta coincidência, quanta idoneidade... Outra novidade: o maior credor da agremiação é a Coteminas, do ex-vice-presidente José Alencar, para a qual o PT deve R$ 5,7 milhões. Mas calma, Coteminas, a desoneração da folha de pagamentos para o setor em que você atua já foi feito pelo Governo Federal!

Sem mais delongas: "Nunca antes na história deste país" um partido soube tão bem aproveitar os benefícios que dá à burguesia em troca de dinheiro vivo, registrado no TSE, tudo dentro da “legalidade”. Uma perfeita máquina de interesses privados que comanda o país.

*Paulo Schueler é membro do comitê central do PCB

Fonte: pcb.org.br

quarta-feira, 30 de maio de 2012

BOLETIM ESPECIAL DA UNIDADE CLASSISTA

ENCONTRO ESTADUAL DOS FUNCIONÁRIOS DA CAIXA
Nesta foto, II Conecef 25/07/1986, no conjunto cultural da CAIXA, em Brasília.
No sábado, dia 09/06, será realizado na FEEB RJ/ES o encontro estadual dos bancários da CAIXA. Neste encontro serão eleitos os delegados que participarão do encontro nacional da CAIXA onde serão definidos os pontos fundamentais que nortearão a campanha salarial 2012 (índice de reajuste, isonomia, SIPON, contratação de pessoal e o papel da caixa, PLR, jornada de seis horas etc), além de definir o posicionamento da categoria sobre outras questões importantes, tais como, plano de metas, até porque o sindicato não é contra as metas, mas sim contra metas abusivas, como se isso fosse possível. Enfim, o encontro estadual da CAIXA é o pontapé inicial da campanha salarial 2012.


Pois bem, apesar da importância de que se reveste este encontro estadual os setores majoritários na diretoria do Sindicato dos Bancários do Município do Rio – SEEB RJ, parecem não estar muito preocupados em iniciar bem a campanha salarial deste ano, o encontro foi organizado de forma que não haja espaço para o debate. Haverá apenas palestras com os representantes da FUNCEF, Saúde Caixa e informes da negociação permanente e representantes do FEEB RJ, todos eles ligados à CONTRAF, e apenas 1 hora para a votação das chapas de delegados.


Diante de mais esta tentativa de esvaziar um importante fórum da categoria e prejudicar mais uma vez a organização de uma campanha salarial capaz de arrancar conquistas verdadeiras para a categoria, cabe a nós a tarefa de comparecermos em massa a este encontro para darmos o nosso recado e impormos um debate verdadeiro.
Se não tomarmos em nossas mãos os rumos deste debate e começarmos a participar destas discussões, estaremos deixando o caminho livre para que os mesmo setores que conduziram as nossas útlimas campanhas salariais para um resultado pífio possam fazer o mesmo em2012.



A categoria precisa se armar para enfrentar um duro embate nesta campanha salarial. Para isso são fundamentais encontros estaduais com ampla participação da base e com debates de qualidade. Vale lembrar que no ano passado, quando os sinais da crise capitalista mundial ainda não se faziam sentir com força no Brasil, o governo Dilma já agiu duro com os funcionários do BB e da CAIXA, endurecendo as negociações na mesa da FENABAN. Agora, com a crise entrando porta adentro só podemos esperar mais intransigência de Dilma e dos outros banqueiros.


É hora de tomarmos as rédeas da nossa luta!!
Só com a nossa participação poderemos sair vitoriosos!!
Todos ao encontro estadual da CAIXA!!


 
Endereço do Encontro Estadual dos Funcionários da CAIXA
FEEB RJ/ES, que fica na Avenida Graça Aranha, nº 19, sala 901, Centro. Em frente ao prédio do MEC

terça-feira, 29 de maio de 2012

Mais salário, menos PLR

  (Um breve histórico sobre a exploração da força-de-trabalho)
Sidney Moura (*)
“Estrategicamente não somos pelas petições de direitos que buscam a inclusão social rebaixada dentro da ordem social capitalista.
Não defendemos a ‘cidadania e a democracia’ tomada emprestadas ao ideário de 1789.
Muito menos lutamos para vender a força de trabalho mais cara aos cassinos da burguesia. Também estamos convencidos de que não podemos desperdiçar energias depositando esperanças no sobrenatural. Somos pela humanização plena que só será possível com a emancipação do trabalho e o fim da sociedade de classes”
(UNIDADE CLASSISTA-PCB)

Antes da era da maquinofatura a vapor, que deu início à potencialização dos processos produtivos do capitalismo, grande parte das necessidades materiais humanas eram obtidas através da produção artesanal doméstica ou em oficinas. Necessidades como a do vestuário, não eram obtidas em lojas de departamentos. Para adquirir-se uma sandália, por mais simples que fosse, na maioria das vezesera necessário recorrer às oficinas de artesanato.


O artesão era considerado pessoa importante, tanto na Antiguidade quanto na Idade Média. Ainda hoje, um simples vestido feito em um atelier, tem cheiro de coisa chique e os preços cobrados estão fora do alcance dos salários dos que suam. Na Idade Média, ser artesão exigia longa formação, as oficinas-escolas eram dominadas por mestres que também controlavam as corporações de ofícios. Estas determinavam todas as regras para aqueles que desejassem desenvolver qualquer atividade artesanal em determinada região.
Antes da existência do modelo industrial como hoje conhecemos, e como antes já foi dito, para se obter uma peça de mobiliário, uma ferramenta de trabalho ou qualquer utensílio doméstico, era necessária a figura do artesão. Este com suas próprias ferramentas concebia o modelo do objeto desejado, determinava o prazo para entrega e o valor a ser cobrado. Ou seja, controlava o produto desde a matéria prima até a hora de ser vendido ou trocado.


A revolução tecnológica na agricultura no fim da Idade Média permitiu aumentar a produção agrícola e com esta o aumento da população. Aquele momento, ao somar-se à descoberta do novo caminho para as ricas Índias e o “descobrimento” da América, no século XV, aumentou a necessidade de aceleração da produção para atender as demandas comerciais que de forma exponencial se ampliavam juntamente com uma nova classe social emergente: a burguesia.


O mundo estava entrando em uma nova era onde o produtor, a apropriação e sua admiração pelo que ele próprio produzia, foi paulatinamente perdendo espaço e importância. Fenômeno a que Marx chamou de alienação. O mundo estava ficando menor e apressado. Diminuir o tempo de se produzir para atender necessidades humanas e baratear o custo do que era produzido estava na ordem do dia.


O advento da máquina a vapor contribuiu de forma determinante para ir acelerando gradualmente o sepultamento da ainda relevante da produção artesanal e da manufatura. O homem foi cada vez mais se tornando um apêndice da máquina. O barateamento dos custos da mão-de-obra e o desemprego dos que foram expulsos do campo e as péssimas condições de trabalho conduziram ao radicalismo ludita.


Para arrefecer o ímpeto dos trabalhadores na luta por melhores condições de vida, ou para potencializar a produção e obter ganhos ampliados, o capitalismo se utilizou de diferentes artifícios, sejam eles a nível tecnológico, gerencial ou mesmo de cooptação da classe. Entrou em cena o Taylorismo, em seguida o Fordismo nas primeiras décadas do século XX, e mais recentemente, o Toyotismo.


Todos esses modelos englobaram de forma desigual e diferenciada os três artifícios de dominação e controle da produção dos trabalhadores anteriormente citados. O Toyotismo, no entanto, modelo mais focado no gerenciamento da produção sob stress, ou administração participativa, trouxe de forma subjacente dois vírus que inoculados no seio da classe trabalhadora, mais danos causaram àsubjetividade e às suas reservas críticas de classe, pois esta, mesmo que de forma atomizada, possuía o mínimo de consciência que a colocava em posição antagônica à classe detentora dos meios de produção.


Sutilmente o modelo toyotista foi cooptando os trabalhadores para co-gerir os processos produtivos oferecendo em troca o emprego vitalício e a falsa ilusão de que os mesmos como colaboradores ou “associados” minoritários sairiam ganhando, ao terem adicionado aos seus salários, valores variáveis relativos a uma dita participação nos lucros e resultados, a famigerada PLR.


Interessa aqui aumentar o zoom sobre estes os vírus cultivados atualmente nos campos do mundo do trabalho. É fundamental hoje, diante do complexo estágio de desenvolvimento do capitalismo e da luta de classes, observar esta evolução virótica, e se possível, pensar o antídoto, que vem provocando certa paralisia e fragmentação das organizações da Classe que entravam o desenvolvimento pleno da humanidade.


Assistimos hoje um abraço de afogados entre os trabalhadores. Embora o capitalismo de forma absoluta tenha se ampliado, as margens de lucro no setor produtivo, alicerce do sistema, não consegue alcançar os mesmos patamares de lucratividade dos seus anos dourados. Por conta disso, a saída clássica do sistema hegemonizado pela burguesia é recorrente, ou seja, a retirada de direitos sociais e o achatamento salarial. Salários baixos têm conseqüências claras para a classe, pois conduz invariavelmente para endividamentos de todos os tipos. Assim, por questões objetivas, a centralidade das muitas lutas hoje travadas entre capital e trabalho está na obtenção ilusória de maiores PLRs.


Não dá para negar, no entanto, que exigir participação nos lucros das empresas sempre foi uma reivindicação dos trabalhadores geminada às exigências de melhores condições de trabalho e salários. No entanto, o sindicalismo combativo e setores da vanguarda consciente da classe foi gradualmente perdendo a centralidade da luta brilhantemente aprofundada por Marx, a questão da mais-valia. Um verdadeiro campeonato de quem consegue maior PLR tem sido exaltado como sendo expressão de sindicalismo combativo escamoteando a realidade: quanto maior for a PLR, maior será exploraçãovia extração de mais-valia. Ou seja, o trabalho realizado que os patrões não pagam.


Os valores das PLR não se agregam aos salários e embora de forma emergencial dê certo fôlego para os trabalhadores afogados em dívidas, no momento da aposentadoria é que a ficha cai. O valor da aposentadoria é irrisório, o que acarreta um padrão de vida abaixo do que aquele em que se encontrava o produtor direto antes de assumirem a natural tarefa de aposentado, que é de “deseducar” seus netos. Manter um mesmo padrão significa muitas vezes continuar trabalhando apesar de aposentado. Por isso, além de lutar pela redução da jornada de trabalho e fim das horas extras, devemos nos empenhar para fazer com que as aposentadorias sejam valorizadas. PLR não dá camisa para aposentados e pensionistas.


A pauta de reivindicações no enfrentamento entre capital e trabalho é extensa e o inimigo e suas classes auxiliares não descansam. Está na ordem do dia superar o sindicalismo de negócio, messiânico e cidadão. O compromisso-tarefa dos que sinceramente acreditam na mudança radical da sociedade dividida entre explorados e exploradores é de levar à base da classe nos seus locais de trabalho, o desvelamento das sutilezas do capital. Não dá para continuar permitindo que a classe dominante continue dourando a pílula e manobrando com a classe trabalhadora.


Nós da UNIDADE CLASISTA estamos empenhados num esforço militante em contribuir para desmascarar o truque ideológico das classes auxiliares da burguesia empenhadas em extrair de forma subliminar o consentimento dos trabalhadores em face à exploração da sua força de trabalho. Esperamos com nossa ação político-sindical de formação ou ombreados nas lutas, oferecer à Classe a compreensão da necessidade de se por em movimento para que esta se reconheça enquanto classe para si e tome em suas mãos as rédeas do seu destino.


A UNIDADE CLASSISTA, sem autoproclamação, se empenhará na construção futura de um instrumento de organização geral da classe trabalhadora, independente de governos, partido e patrões. Lutaremos pelos interesses mais imediatos da nossa classe sem jamais perder de vista que nosso objetivo não é para vender a força de trabalho mais cara. Nosso objetivo histórico é acabar com a mais-valia.

*Sidney Moura é membro do CC do PCB e seu Secretário Sindical Nacional

Fonte: pcb.org.br


Planalto cogita adotar projeto de lei da CUT que flexibiliza a CLT e cria ‘acordo coletivo especial’

Sem estrondos, o deputado Marco Maia (PT-RS) promoveu um encontro reservado na residência oficial da presidência da Câmara, em Brasília. Reuniu, na noite de segunda-feira (21), líderes partidários, sindicalistas e um representante do Planalto: José Lopes Feijó, assessor especial do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência).

O propósito da conversa foi o de apresentar às lideranças dos principais partidos um projeto de lei que está na bica de chegar à Câmara. Prevê uma novidade que, se for aprovada, vai flexibilizar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Chama-se ‘Acordo Coletivo Especial’. Ou ‘Acordo Coletivo de Trabalho com Propósito Específico’.


Consiste no seguinte: os sindicatos ficam autorizados a celebrar com as empresas acordos que incluam cláusulas em desacordo com a CLT. O rabo do gato fica exposto no último artigo do projeto de lei, o 16o: “Aplicam-se aos Acordos Coletivos de Trabalho com Propósito Específico os dispositivos do Título VI da Consolidação das Leis do Trabalho, quando não incompatíveis com esta lei.”


Deve-se a autoria do texto ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, braço da CUT e berço político de Lula. Apresentado à ideia, o ministro Gilberto Carvalho, a quem cabe negociar com as centrais sindicais em nome do governo, comprou-a. Está decidido que o projeto será levado ao Congresso. Discute-se apenas se vai pelas mãos do Planalto ou sob o patrocínio dos partidos da coalizão.


Hoje, a legislação trabalhista já prevê a realização de acordos trabalhistas. São de dois tipos: há a convenção coletiva, celebrada uma vez por ano, na data dos dissídios salariais das categorias. E há o acordo coletivo firmado entre um ou mais sindicatos com um grupo de empresas de determinado setor. Nos dois casos, os acertos sujeitam-se às normas previstas na CLT.


Afora o fato de trafegar por cima da CLT, o que diferencia o ‘Acordo Coletivo Especial’ dos outros dois é a sua natureza individual. Em vez de negociar com segmentos empresariais, os sindicatos mais fortes poderão fechar acordos com empresas específicas.


Alega-se que sindicatos como o dos metalúrgicos do ABC já vêm firmando acordos do gênero na base da boa-fé. Porém, como os acertos nem sempre seguem o figurino da CLT, sujeitam-se a questionamentos judiciais. A nova lei daria “segurança jurídica” às casas sindicais e às empresas.


Na reunião organizada por Marco Maia, os líderes receberam uma cartilha que detalha a encrenca. O blog obteve um exemplar. Contém a íntegra do projeto. Na “exposição de motivos” anotou-se o seguinte:


“As relações de trabalho no Brasil estão sujeitas a uma legislação extensa e detalhada, nem sempre adequada à realidade dos trabalhadores e das empresas. Oriunda da década de 1930, ela trata da organização sindical, da negociação coletiva e da proteção ao trabalho. Apesar das mudanças pelas quais passou, essa legislação ainda restringe a organização sindical e a negociação coletiva, e embora assegure padrões básicos de proteção ao trabalho continua a exigir atualização.”


O texto acrescenta: “As recentes tentativas de promover a reforma do sistema de relações de trabalho por meio do diálogo social e da negociação tripartite, para definir novos instrumentos de representação sindical e de negociação coletiva, esbarraram na resistência conservadora de parte dos representantes de trabalhadores, empregadores e operadores do Direito, em certa medida pelo temor de que a valorização da negociação coletiva trouxesse o risco da precarização dos direitos trabalhistas e de insegurança jurídica para as empresas.”


Sustenta-se que a novidade sugerida no projeto não representará supressão de direitos. Ao contrário, dará amparo legal a “práticas sindicais e trabalhistas qualitativamente diferenciadas, em especial nos setores mais dinâmicos da economia brasileira.” Setores nos quais a negociação, por “permanente”, ocorre fora das datas dos dissídios e leva à “solução voluntária de conflitos.”


Nem todos os sindicatos estarão autorizados a firmar os tais ‘acordos coletivos especiais’. Pelo projeto, caberá ao Ministério do Trabalho definir as entidades que poderão trafegar à margem da CLT. Para obter a prerrogativa, o sindicato terá de comprovar dois pré-requisitos: 1) que representa mais da metade de uma categoria; e 2) que mantém uma comissão sindical dentro da empresa com a qual deseja celebrar o acordo “com propósito específico.”


Egresso do movimento sindical, Marco Maia, a exemplo de Gilberto Carvalho, abraçou a causa da CUT. Deu à reunião de segunda à noite um caráter suprapartidário. Além de parlamanetares governistas, convidou para a conversa os líderes das duas principais legendas de oposição. ACM Neto (BA), do DEM, não pôde comparecer. Bruno Araújo (PE), do PSDB, participou do encontro.


Não é a primeira vez que a flexibilização da legislação trabalhista vira tema de debate. Sob FHC, tentou-se reformar a CLT. O PT e as centrais sindicais, sobretudo a CUT, levaram o pé à porta. Mesmo sob Lula, o assunto foi roçado, ainda que de raro em raro. Mas jamais ganhou a forma de um projeto.


O inusitado da cena atual é a autoria da CUT. Chama a atenção também o método. Em vez de reformar a própria CLT, reconhecida por todos como um tratado superado, sugere-se a aprovação de uma gambiarra que atende a interesses específicos do sindicalismo paulista.


Segundo a cartilha distribuída aos líderes partidários, há 200 empresas em São Paulo com comitês sindicais operando regularmente nas suas dependências. É esse o universo que, num primeiro momento, será atendido pela nova lei. Vai abaixo a íntegra do projeto:


Fonte: Notícia do BLOG DO JOSIAS – FOLHA DE SP – 24/05/2012

sexta-feira, 25 de maio de 2012

BOLETIM ESPECIAL DA UNIDADE CLASSISTA


ENCONTRO ESTADUAL DOS FUNCIONÁRIOS DO BB

No próximo sábado, dia 26/05, será realizado na FEEB RJ/ES o encontro estadual dos bancários do BB. Neste encontro serão eleitos os delegados que participarão do encontro nacional do BB onde serão definidos os pontos fundamentais que nortearão a campanha salarial 2012 (índice de reajuste, isonomia, BB 2.0, PSO, PLR, jornada de seis horas etc), além definir o posicionamento da categoria sobre outras questões importantes, tais como o saqueio dos recursos da PREVI pelo Banco, a intransigência do BB em assumir a parte que lhe cabe no custeio da CASSI e a crise capitalista mundial que começa a nos atingir com toda a sua força e ameça muito mais que a nossa PLR. Enfim, o encontro estadual do BB é o pontapé inicial da campanha salarial 2012.

Pois bem, apesar da importância de que se reveste este encontro estadual os setores majoritários na diretoria do Sindicato dos Bancários do Município do Rio – SEEB RJ, parecem não estar muito preocupados em iniciar bem a campanha salarial deste ano, pois além agendá-lo para sábado, mal convocaram este encontro e organizaram-no de forma que não haja espaço para o debate. Haverá apenas palestras com os representantes da PREVI , CASSI e representantes do SEEB RJ, todos eles ligados à CONTRAF, e apenas 45 minutos para a votação das chapas de delegados.

Diante de mais esta tentativa de esvaziar um importante fórum da categoria e prejudicar mais uma vez a organização de uma campanha salarial capaz de arrancar conquistas verdadeiras para a categoria, cabe a nós a tarefa de comparecermos em massa a este encontro para darmos o nosso recado e impormos um debate verdadeiro.

Se não tomarmos em nossas mãos os rumos deste debate e começarmos a participar destas discussões, estaremos deixando o caminho livre para que os mesmo setores que conduziram as nossas útlimas campanhas salariais para um resultado pífio possam fazer o mesmo em2012.

A categoria precisa se armar para enfrentar um duro embate nesta campanha salarial. Para isso são fundamentais encontros estaduais com ampla participação da base e com debates de qualidade. Vale lembrar que no ano passado, quando os sinais da crise capitalista mundial ainda não se faziam sentir com força no Brasil, o governo Dilma já agiu duro com os funcionários do BB e da CAIXA, endurecendo as negociações na mesa da FENABAN. Agora, com a crise entrando porta adentro só podemos esperar mais intransigência de Dilma e dos outros banqueiros

É hora de tomarmos as rédeas da nossa luta!!

Só com a nossa participação poderemos sair vitoriosos!!

Todos ao encontro estadual do BB!!



Endereço do Encontro Estadual dos Funcionários do BB

FEEB RJ/ES, que fica na Avenida Graça Aranha, nº 19, sala 901, Centro. Em frente ao prédio do MEC






















sexta-feira, 18 de maio de 2012

A Comissão da Verdade e o direito ao pranto

Mauro Santayana 
O golpe político e militar contra o governo legítimo do presidente João Goulart, por mais se tente identificar como revolução, foi ato contra a República e de submissão à potência estrangeira que o planejou, organizou e financiou. Assim ocorreu aqui e em outros países do continente.

Tratou-se de ofensa imperdoável à nação de brasileiros. Hoje, com os documentos existentes e divulgados, não há dúvida de que a interrupção do processo democrático de desenvolvimento econômico e social do país se fez na defesa dos interesses do governo norte-americano no mundo. Essa origem externa não exculpa, e, sim, agrava a responsabilidade histórica dos brasileiros que aderiram ao movimento, mesmo que se escudem na defesa da ordem, da fé, das famílias e da virgindade de suas donzelas, como tantos religiosos pregaram do púlpito.


A história republicana se fez no confronto entre a necessidade democrática e a reação conservadora
O golpe só foi possível porque frágeis eram (e frágeis continuam a ser) as instituições nacionais. A história republicana, maculada pela nostalgia oligárquica do Império, se fez no confronto entre a necessidade democrática e a reação conservadora. E, a partir da Revolução de 30, que se fez para modernizar e democratizar o Brasil, os golpes e tentativas de golpe passaram a ser frequentes sob a influência da expansão imperialista americana e o então projeto nazista de estabelecer em nossas terras uma Germânia Austral.

Mas, não é este o espaço para discutir o que ocorreu em 1937, e o que teria ocorrido se as eleições de 1938 se realizassem, com a prevista vitória eleitoral do filofascista Plínio Salgado. O fato é que Vargas se tornou a personalidade mais querida e mais poderosa do país ao eleger-se presidente em 1950 e retomar o seu projeto nacional de desenvolvimento, frustrado pelo governo Dutra.
 
Ainda assim, com toda a sua popularidade, o presidente foi sitiado por uma terrível campanha parlamentar e jornalística, a pretexto do atentado da Rua Toneleros, até hoje não bem explicado, e que também merece ser investigado a fundo. Por detrás de tudo — sabemos hoje também com a divulgação de documentos norte-americanos — atuava o interesse de Washington contra os projetos de desenvolvimento do país. A criação de empresas estatais como a Petrobras e a Eletrobras era o sinal de que o Brasil buscava, com firmeza, sua segunda independência.

A nação reagiu contra o cerco a Getulio, rompido pelo grande presidente com a coragem do suicídio, e elegeu Juscelino, meses depois. Nova tentativa de ruptura do processo, em novembro de 1955, foi contida com o apoio de boa parcela das Forças Armadas, e o político mineiro pôde assumir a Presidência e dar o grande salto que completou a Revolução de 30, na efetiva modernização do país.

A Comissão da Verdade, como parece claro, não pretende buscar culpados, mas tem como prioridade saber o que ocorreu a centenas de brasileiros, entre eles Herzog e Manuel Fiel Filho, dos últimos trucidados por funcionários do Estado, que agiam em nome do governo militar. Na mesma ocasião, e de forma clandestina, dezenas de comunistas — que não participavam da luta armada — foram também executados pelo regime.

Quase todos nós nos sentimos torturados no sumo da alma, com as declarações de cabo Anselmo à televisão, ao fazer a apologia da entrega de pessoas indefesas à sanha de psicopatas treinados cientificamente para torturar jovens e velhos, homens e mulheres. E da entrega de mulheres grávidas aos torturadores como, sem arrependimento e com orgulho, declarou ter feito com a sua.


Todos os que perderam parentes, amigos e companheiros têm direito ao pranto diante da reconstituição de seus derradeiros momentos
 
 
Todos os que perderam seus pais e filhos, irmãos e irmãs, maridos e mulheres, amigos e companheiros, têm direito ao pranto, se não diante de seus mortos, pelo menos diante da reconstituição de seus derradeiros momentos. Devem conhecer o lugar e o dia em que pereceram, para ali chorar. O direito ao pranto é tão necessário quanto o direito a viver. É assim que nos comovemos com a emoção da presidente Dilma Roussef, na cerimônia de quarta-feira.

É certo que, no próprio processo investigatório, será difícil não se inteirar de atos praticados pelos que resistiam à Ditadura. Conhecê-los não macula os que os praticaram, nas duras condições dos combates nas trevas, para lembrar a imagem do historiador Jacob Gorender. A culpa real não coube a quem agiu em defesa da legitimidade republicana, e, sim, aos que, ao praticar antes o crime de lesa populi, provocaram a reação desesperada de suas vítimas

Fonte: JB

Dilma, a garota propaganda de Eike Batista

  Paulo Schueler*
Em evento promovido pelo empresário Eike Batista, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a Petrobras tem a ganhar se fizer parcerias com a OGX, empresa de petróleo e gás de Eike. Segundo Dilma, "ambas podem ganhar muito com uma parceira entre elas. Estou certa que a OGX tem uma grande contribuição na produção de petróleo offshore no Brasil". Haja óleo de peroba.


Dilma chegou ao ponto de vestir a jaqueta de uma empresa concorrente da “estatal” Petrobras, em agrado a Eike, posando para fotografias que servem para ilustrar as denúncias do ex-diretor de Gás e Energia dapetrolífera comandada pelo governo, Ildo Sauer.


Para Sauer, há favorecimento por parte do Governo, do Partido dos Trabalhadores e da presidente da República ao conglomerado do empresário, inclusive com dilapidação do patrimônio da Petrobras.


Essa teia de interesses teria se acelerado a partir da descoberta do pré-sal. Assessorado por José Dirceu (ex-ministro de Lula), Pedro Malan e Rodolpho Tourinho (ex-ministros de FHC), Eike contrata profissionais da Petrobras que detinham informações mais que privilegiadas sobre a geologia das bacias petrolíferas e de todas as descobertas e estudos sobre as bacias.


Informações que podem ter custado até R$ 2 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia da Petrobras - uma empresa cujo número de empregados está próximo a 400 mil enquanto todo o conglomerado EBX, em seu site, afirma ter “20 mil postos de trabalho de trabalho gerados pelos empreendimentos do grupo”.


Grupo que tem na OGX, seu braço petrolífero, uma das “jóias da coroa”, fonte importante da atual conta bancária de Eike e de seus “assessores” e/ou “consultores”. Lembremos de declaração recente de Sauer para a Revista da Adusp:
Hoje ele [Eike] anuncia ter 10 bilhões de barris já, que valem US$ 100 bilhões. Até então, esse senhor Batista era um milionário, tinha cerca de US$ 200 milhões. Todo mundo já sabia que o Pré-Sal existia, menos o público, porque o governo não anunciou publicamente.


Mas como a OGX foi criada e qual sua relação com a descoberta do pré-sal? Voltemos ao ex-diretor, agora em entrevista ao portal Terra:
A partir de 2007, a empresa OGX foi formalmente constituída. Progressivamente, a partir do primeiro momento, o gerente-executivo mais importante, que detinha toda a estratégia da Petrobrás e o acesso a todos estudos que custaram de R$ 200 milhões a R$ 2 bilhões para marcar a geologia de todas as bacias petrolíferas brasileiras, e uma equipe que chegou depois de 10 a 15 pessoas foi saindo. Este primeiro que saiu é o atual presidente da empresa...


[Ildo faz referência a Paulo Mendonça, que trabalhou por mais de 30 anos na Petrobras e lá chegou a gerente executivo de toda a área de Exploração da Petrobras. Sob sua gerência, a Petrobras fez descobertas de mais de 10 bilhões de barris e 50 novos campos, incluindo o Pré-sal, nas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo].


Eu separo as responsabilidades em dois grupos: primeiro, a responsabilidade estratégica e política é do presidente da República [Lula] e da chefe da Casa Civil [Dilma] que dava orientação para a ANP. Essa responsabilidade é irrecorrível.


... Lula determinou a retirada de 41 blocos premiados no entorno de Tupi e manteve o leilão [9º rodada de leilões da ANP, ocorrida em novembro de 2007], quando então essa nobre empresa [OGX] conseguiu arrematar por R$ 1,5 bilhão os blocos. Em seguida, se lançou em programas de captação de dinheiro para pagar essas contas. Onze meses depois de criada, ela fez um IPO [abertura de capital] aqui na Bolsa de São Paulo e arrecadou R$ 6,7 bilhões pela venda de 38% do seu ativo que era a equipe vinda da Petrobras e os blocos leiloados por generosidade para manter o leilão do governo."


Tantas benesses fizeram da OGX a maior empresa privada do setor do Brasil, com 35 blocos exploratórios (30 no Brasil e cinco na Colômbia). Mais de 80% de seu portfólio está localizado em águas rasas ou em terra, com custos reduzidos de exploração e produção. Uma tremenda doação dos governos petistas ao empresário.


O fato de Dirceu, Malan e Tourinho terem passado informações estratégicas a Eike não é de se estranhar. Sobre eles, cabe a citação do saudoso Barão de Itararé: "O homem que se vende recebe sempre mais do que vale".


Eike, aliás, tem "fontes" primorosas: seu pai foi nada mais nada menos que ministro das Minas e Energia, e depois presidente da Vale durante a sinistra Ditadura Militar. Teve, enfim, enormes facilidades para construir sua fortuna e se tronar o bilionário mais querido (por quem busca doações eleitorais) do país!


Por isso o estupor com as declarações de Dilma. Já não basta o que foi espoliado da Petrobras? O Palácio do Planalto é serviçal de Eike em sua jornada para se tornar o homem mais rico do mundo? Não cabe ainda maisentreguismo a financiar delírios de grandiloquência do playboy de cabelo acaju.


Por isso cabe a pergunta: é a Petrobras ou são alguns próceres dos altos escalões da República, futuros "consultores" de Eike, que têm a ganhar com essa "parceria"? Responda, presidente.


*Paulo Schueler é membro do Comitê Central do PCB

Fonte:pcb.org.br

Pedro Simon diz que CPI do Cachoeira não está querendo investigar nada


O senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou em Plenário, nesta quinta-feira (17) que a CPI do Cachoeira está fazendo investigações apenas “de mentirinha”. Para ele, a decisão tomada na reunião desta quinta, de investigar apenas a empresa Delta Centro-Oeste, mas não suas filiais em outros estados, e de não convocar governadores para depor demonstra claramente o controle rigoroso que o governo federal mantém sobre os rumos das investigações, impedindo o seu aprofundamento.


Simon disse que, mesmo tendo a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República entregado ao Congresso as investigações praticamente concluídas, inclusive com denúncia de mais de 80 pessoas, a CPI está engavetando vários requerimentos de convocação de envolvidos.


— Pela primeira vez na história, o que nunca conseguimos nesta Casa — que é fazer uma CPI com empreiteira, ou seja, com o corruptor — foi conseguido. E a CPI já veio pronta. A Delta já está ali provada, comprovada, tudo pronto e resolvido, mas a CPI está tirando fora — lamentou.


Simon questionou ainda a venda da empreiteira Delta para o grupo J&F, detentor do frigorífico JBS. Ele considerou um absurdo o fato de uma empresa como a Delta, denunciada por fraudes, corrupção e superfaturamento, ter sido vendida a um frigorífico no qual o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem 31% de participação no capital.


O parlamentar manifestou também o seu descontentamento com o fato de a CPI não estar realizando o seu trabalho com independência e autonomia, mas sim tendo suas principais decisões sendo tomadas previamente por líderes partidários da base governista.


— É impressionante. Nós somos quase, eu diria, marionetes, principalmente no Senado, onde quatro ou cinco pessoas fazem o que acham que deve ser feito, e nós vamos atrás. O destino da CPI foi traçado em uma reunião a portas fechadas entre fulano, fulano, fulano e fulano. Eles disseram o que deve ser feito; o resto, todo nós estamos fazendo de mentirinha. Este é o Congresso. Cadê a independência? Cadê a autoridade? Cadê a capacidade? — indagou.


Em apartes, os senadores Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Roberto Requião (PMDB-PR) manifestaram seu apoio ao pronunciamento de Pedro Simon. Cássio Cunha Lima considerou “escabrosa” a venda da Delta imediatamente após o seu presidente, Fernando Cavendish, ter anunciado que estava quebrada. Já Requião observou que o argumento utilizado por parlamentares governistas da CPI de que a Delta não pode ser investigada em nome da continuidade das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é tão infundado quanto o do “risco da estabilidade do sistema financeiro”, usado pelo governo federal em 1997, após as investigações a CPI dos Precatórios, para blindar bancos envolvidos em irregularidades.


Agência Senado

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A verdadeira verdade

“A força pode esconder a verdade, a tirania pode impedi-la de circular livremente, o medo pode adiá-la, mas o tempo acaba por trazer a luz. Hoje, esse tempo chegou”. As palavras são da presidente Dilma Roussef na instalação da Comissão da Verdade, realizada na quarta-feira em solenidade em Brasília.

Bom, se o que a presidente diz é verdade, cabem algumas perguntas: a verdade chegou para quem? Chegou para punir os assassinos, os torturadores, os maus militares, os péssimos brasileiros e os empresários que apoiaram um regime de exceção?

A verdade é imprescindível. Tão imprescindível que é preciso dizer a verdade naquilo que mais prejudica o povo brasileiro: uma política econômica voltada para beneficiar o capital, uma política econômica direcionada para os rentistas que lucram 47% do Orçamento da União em detrimento da esmagadora maioria dos brasileiros.

É triste ver nosso país, uma das piores distribuições de renda de todo o planeta, direcionar nossa produção para encher os cofres de pessoas desqualificadas, desqualificadas ao ponto de não poderem ser tratadas como seres humanos. Os qualificaria como hienas, mas não o faço em respeito ao animal.

Os três governos petistas aliaram-se ao capital, submeteram-se ao capital apenas pelo Poder, por tudo que ele propicia. Será alguém capaz de apontar a verdade nas suas ações e nas ações dos seus aliados que não seja em detrimento do povo brasileiro?

O capitalismo no Brasil já está em sua fase superior, portanto partícipe ativo do imperialismo. Não há mais espaço para alianças com a burguesia, que há muito deixou de ser nacional. Não há mais espaço humanitário para se aliar ao que existe de mais retrógrado na sociedade: a sanha pelo lucro.

Se é a verdade que a presidente defende e quer, que ela propugna, pois então pratique-a: rompa suas alianças com o mais nocivo existente na história da humanidade e dê os braços ao povo, pois ele merece, afinal é quem trabalha, quem sustenta o país.

Esse mesmo povo merece muito mais que as esmolas oriundas de um Bolsa-Família. Faça um governo de verdade, presidente. Seja verdadeiramente uma presidente do Brasil, não uma mera gerente do capitalismo em nosso País.

Afonso Costa
Jornalista

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Caixa e BB não têm os menores juros mesmo com cortes, diz BC

Mesmo com a série de cortes agressivos de juros anunciados desde o mês passado, os estatais Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal não têm as menores taxas do mercado, segundo informações divulgadas nesta quarta-feira pelo Banco Central.

A autoridade monetária apresentou uma tabela com taxas médias praticadas no mercado por instituições financeiras em quatro linhas para pessoas físicas (cheque especial, CDC, compra de veículos e compra de bens) e cinco para empresas (desconto de duplicatas, capital de giro prefixado, conta garantida, compra de bens e capital de giro flutuante).

O período da pesquisa foi de 19 a 25 de abril, após o início da primeira rodada de redução de juros de Caixa e BB, em meio aos esforços do governo para tentar forçar a queda dos spreads, a diferença entre o preço que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram de clientes.

Em uma das linhas divulgadas pelo BC, a de conta garantida, o BB aparece como dono da trigésima melhor taxa, num ranking com 38 instituições.

No cheque especial para pessoas físicas, a melhor taxa mensal colhida pelo BC foi a do Banco Prosper, de 2,11% ao mês. A pior, do trigésimo primeiro, foi a do Santander Brasil, em 10,34% ao mês.

A melhor taxa do crédito pessoal, segundo o BC, foi do Banco BVA, com 0,73% ao mês. Caixa e BB apareceram com a décima terceira e trigésima segunda melhores taxas, respectivamente, de um total de 91 instituições consultadas, nesse caso.

Bancos de montadoras ofereceram as cinco melhores taxas para financiar a compra de veículos, à frente do BB. Nessa linha, a Caixa teve a vigésima terceira taxa mais atrativa, atrás de Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil.

A Caixa ofereceu apenas a trigésima primeira melhor taxa, de um total de 38, para aquisição de bens.

Ambos os bancos públicos têm sustentado que as taxas menores que têm oferecido são dirigidas a clientes com os quais têm maior relacionamento. Em várias das linhas, os juros mais baixos exigem como contrapartida que os clientes tenham conta corrente no banco. O argumento é que esse modelo permite ao banco manter maior controle sobre a inadimplência.

Fonte: folha.com

 

Contraf chama mobilização contra abertura de agências da Caixa neste sábado

A Caixa Econômica Federal comunicou a Contraf-CUT, na última sexta-feira (4), que manterá decisão de abrir as 500 principais agências em todo o Brasil neste sábado (12). O banco decidiu manter a decisão, mesmo após a Contraf-CUT ter questionado o anúncio da abertura. "Esta é uma decisão ilegal e inadmissível. Não vamos ficar quietos", afirma Plínio Pavão, diretor da Contraf-CUT.

No mesmo dia do anúncio, o Comando Nacional dos Bancários, reunido na sede da Contraf-CUT, em São Paulo, repudiou a iniciativa da Caixa e orientou os sindicatos de todo o país a denunciar a medida junto às Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SRTE) e demais órgãos competentes.

A Contraf-CUT já tinha se reunido no dia 26 de abril com o diretor de Recursos Humanos da Caixa, Nelson Antônio de Souza, em Brasília, quando manifestou posição contrária à abertura das agências. Na ocasião, a Caixa alegou que, com a política de redução dos juros, a abertura nesse dia seria mais uma oportunidade para a sociedade conhecer a nova política de crédito da instituição e receber orientações sobre aplicações financeiras.

Apesar de o movimento sindical apoiar a queda dos juros, a abertura de agências da Caixa num sábado não se justifica. "Se o banco entende que os empregados atuais não são suficientes para dar conta das demandas criadas pela redução das taxas de juros, deve contratar novos trabalhadores, e não aumentar a sobrecarga de trabalho, piorando o atendimento aos clientes", defende o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.

A medida da Caixa parece estar mais para uma ação de marketing do que para uma prestação de serviços à sociedade. "Não vemos necessidade. Temos a preocupação de que a estratégia se repita. É uma questão que precisamos combater", conclui Plínio.

Desta forma, a Contraf-CUT chama mobilização nacional dos sindicatos para combater essa ofensiva da Caixa que agride o direito ao descanso dos bancários.

Fonte: Contraf-CUT

terça-feira, 8 de maio de 2012

O legal e o justo na defesa de Cachoeira

Como pode Márcio Thomaz Bastos atuar como defensor de Carlinhos Cachoeira?
por Jair de Souza
Muita gente não consegue entender certos casos na área jurídica. Por exemplo, todos conhecíamos a trajetória de Luiz Eduardo Greenhalgh como um militante progressista, totalmente envolvido com a luta de nosso povo por conquistar uma sociedade mais justa. Greenhalgh se destacava na defesa dos perseguidos políticos vítimas da ditadura militar, dos camponeses sem terra, e de muitos outros lutadores do campo popular. De repente, nos deparamos com Luiz Eduardo Greenhalgh como advogado de defesa de ninguém menos que Daniel Dantas. É possível isso?

Trajetória algo parecida (não tão comprometida com o campo popular como a de Greenhalgh, é verdade) encontramos em Márcio Thomaz Bastos. O ex-Ministro da Justiça do governo de Lula costuma ser mencionado como um paradigma da correção judicial em nosso país. E agora, eis que nos deparamos com o mesmo Márcio Thomaz Bastos empenhado na defesa do bandido e editor da Veja, Carlinhos Cachoeira. Outra vez, vem-nos a pergunta: é possível tal coisa?

Para começar a responder a tal indagação, devemos deixar muito claro que, em qualquer país que queira considerar-se minimamente democrático, o direito de defesa para todo e qualquer cidadão que esteja sendo acusado de algum delito deve ser respeitado e garantido por todas as instituições do Estado. Isto não deveria jamais ser questionado por ninguém que queira considerar-se democrata.

Sendo assim, não há nenhum impedimento legal para que Luiz Eduardo Greenhalgh atue como defensor do poderoso banqueiro Daniel Dantas, e nem para que Márcio Thomaz Bastos apareça como o arquiteto da defesa jurídica do bandido e editor da revista Veja, Carlinhos Cachoeira.

Então, se não há nada a questionar em termos legais, esses advogados não deveriam manter junto a nós o prestígio e o respeito que tinham até pouco tempo atrás? Bem, esta é outra história completamente diferente. Quando esses profissionais do direito aceitam tais incumbências voluntariamente (eles não são defensores públicos que estão obrigados legalmente a prestar assistência jurídica a qualquer acusado que não disponha de defensor particular), via de regra, eles não as estão assumindo por uma questão de convicção na inocência do acusado ou por solidariedade ao mesmo em razão da justeza da causa em que estão envolvidos.

Durante o período da ditadura militar, vários advogados corajosos atuavam sem descanso para tentar pôr em liberdade ou suavizar as penas dos perseguidos políticos. Muitas vezes, eles tinham de se esforçar para provar que os acusados não tinham feito o que de fato tinham feito. Por exemplo, a lei da ditadura proibia que as pessoas se reunissem para fins de organização de partidos políticos, e várias pessoas foram detidas e acusadas desse delito. Todos sabíamos (especialmente os advogados defensores) que a acusação era verdadeira, mas nós defendíamos a atuação dos advogados e ficávamos felizes quando alguma vitória era conseguida, ou seja, quando conseguiam provar que o acontecido não tinha acontecido. E por que nos comportávamos assim? Simplesmente, porque considerávamos que a causa era justa e o condenável era a lei e não o que haviam feito os acusados. Ou seja, fazíamos a diferença entre o legal e o justo. Agora, eu me pergunto, os feitos de Daniel Dantas ou os do bandido editor da Veja, Carlinhos Cachoeira, podem ser considerados como moralmente justos, sendo a lei com a qual eles estão sendo acusados a verdadeira condenável?

Eu estou seguro (e creio que todo mundo está) de que tanto Luiz Eduardo Greenhalgh como Márcio Thomaz Bastos sabiam/sabem que seus defendidos realmente praticaram as ofensas legais pelas quais estavam/estão sendo acusados. Sendo assim, a única justificativa para que eles assumam a tarefa que decidiram assumir é o pagamento que receberiam como recompensa, ou seja, o dinheiro. Em outras palavras, eles estão agindo plenamente dentro da lei, mas motivados tão somente pelo dinheiro. Dedicaram/dedicam seus esforços para impedir que poderosos exploradores do povo brasileiro sejam punidos.  Não há como negar que eles têm este direito. A condenação aqui é moral, não legal. Pessoas que se dispõem a fazer uso de sua habilidade e de seu conhecimento voluntariamente para defender verdadeiros inimigos do povo não podem merecer nenhum apreço e boa consideração por parte daqueles que almejam alcançar uma sociedade onde impere a justiça e a igualdade. Agem dentro da lei, mas contra os interesses do povo. Devemos deixar que os elogios e alabações a esses profissionais do direito venham daqueles a quem eles estão servindo.


domingo, 6 de maio de 2012

A Economia Política versus a ignorância mercadológica

A Economia Política é uma ciência e como tal deve ser tratada, entendida e respeitada. É lamentável que uma certa jornalista pretendente a opinar sobre Economia desconheça conceitos e dados fundamentais para o público saber o que realmente ocorre.

Por mais que Adam Smith tenha escrito o primeiro livro especificamente sobre tal ciência, é David Ricardo o verdadeiro mentor intelectual da ciência Economia Política.

Qualquer um que tenha um mínimo entendimento dessa ciência sabe que negócios são apenas parte de um todo muito maior, cujos agentes determinantes são os entes econômicos, entendidos enquanto Estado, iniciativa privada e trabalhadores, sendo a relação entre os dois últimos o divisor de águas.

O BNDES já há algum tempo não é mais um banco de desenvolvimento econômico, mas sim um financiador de grandes projetos privados, na sua grande maioria em detrimento da população. Os juros obtidos pela iniciativa privada junto ao BNDES, em comparação com a taxa de juros oficial, garantem margens de lucros altíssimas para a iniciativa privada, independente das verdadeiras inversões realizadas nos negócios contratados junto ao banco.

Apesar dos recursos do BNDES serem oriundos dos trabalhadores, de impostos, portanto imposições, não há qualquer garantia para os mesmos nos contratos firmados com a EBX da vida. Os legítimos defensores dos direitos dos trabalhadores, não os associados ao capital, defendem que para assegurar empréstimos e/ou investimentos públicos é necessário que o público seja beneficiado, tanto a população em geral quanto os trabalhadores em particular, os principais financiadores desses recursos.

Criticar a ‘onda estatizante’ ocorrida na América Latina é desconhecer esse preceito básico existente entre investidor e beneficiado. Mais ainda, é não enxergar o crescimento econômico ocorrido nos últimos anos, superior a de qualquer outra região do planeta. Particularmente os países que são mais atacados pela grande mídia, são justamente aqueles que conseguiram melhor desempenho econômico e mais benefícios à população e aos trabalhadores. As taxas de desemprego também são infinitamente menores que as da Europa e dos EUA, regiões a conviver com uma crise que se estende desde 2008 e que a curto prazo não apresenta nenhuma perspectiva de solução.

Argentina, Equador, Bolívia e Venezuela hoje são o carro-chefe da economia da América do Sul, apesar do Brasil obviamente ser a economia mais forte da região. A Bolívia e a Venezuela, em particular, conseguiram o que poucos países no mundo alcançaram: erradicar o analfabetismo.

Cabe destacar que os ataques aos países que fortalecem o Estado em detrimento da iniciativa privada são contraditórios quanto em comparação com os países em crise. Na Europa e nos EUA o famigerado ‘mercado’ levou-os à bancarrota, mas quem paga a conta são os estados nacionais, a população e o trabalhadores em particular.

O falso argumento de que as nacionalizações e estatizações afastam os investidores não se sustenta, na medida em que o crescimento econômico responde por inversões superiores às do tal ‘mercado’, que normalmente aplica em setores estratégicos, portanto com demanda garantida, ou apenas na especulação por conta das políticas recessivas e extremistas do Banco Mundial e do FMI.

Negar o papel do Estado na economia é fazer coro com o Goldman Sachs e outros congêneres, hoje dominantes em uma Europa que eles mesmos afundaram.

Até quando se pretende esconder a verdade?

Afonso Costa
Jornalista