PCB-RR

domingo, 31 de maio de 2015

Oposição Unificada Para Mudar



Foto de Oposição Unificada Para Mudar.
Neste sábado ocorreram os Encontros Estaduais do Banco do Brasil e da Caixa. Neles, A Oposição Bancária do Rio elegeu delegados para os Congressos Nacionais dos dois bancos. Seremos 12 delegados no Congresso do BB e 6 no CONECEF.

Por todo o país estamos elegendo delegados aos Congressos. Vamos defender uma pauta de reivindicações que atenda aos interesses dos bancários. E que ela seja priorizada nas negociações, que precisam ir para além do índice de reajuste.

Não temos dúvida de que esta campanha salarial será muito dura. Apesar de manterem lucros crescentes, os banqueiros irão querer jogar a conta da crise nas nossas costas. Precisamos nos organizar. A Campanha Salarial já começou. Participe ativamente este ano, pois nada substitui os trabalhadores na luta pelos nossos direitos.

domingo, 24 de maio de 2015

A lição da pátria educadora: que venham os chineses.

Os professores das universidades federais entram em greve no próximo dia 28 na maior parte do país. Muitas universidades estaduais públicas também paralisam nesta semana. Professores do ensino fundamental e médio estão de braços cruzados em várias locais do país. Baixos salários, não pagamento de trabalhadores terceirizados, falta de recursos para itens básicos como giz e papel higiênico, entre outros, permeiam o quadro da educação brasileira, mais uma vez atingida pelo ajuste fiscal do governo Dilma, copiado por estados e municípios de todos os partidos com representação no congresso.

Apesar dos problemas com o FIES, o financiamento governamental aos donos das escolas particulares vai bem, obrigado. Que o digam as ações da multinacional Kroton-Anhanguera, em alta na bolsa de valores. Somente ano passado, R$ 13 bilhões foram doados para as escolas particulares pelo governo federal. Ao ponto de uma universidade, em São Bernardo do Campo, ter apenas quatro estudantes pagando mensalidades normalmente. A própria escola orienta aos alunos ingressarem no FIES. Assim os recursos são garantidos.

Esses recursos fazem falta para a educação pública, mas ao invés de ampliar suas instalações, contratar mais professores e funcionários e fortalecer as universidades públicas, os governos, tanto Lula quanto Dilma, preferiram financiar as escolas particulares. É opção de classe, não do ensino básico, médio ou universitário, mas social.

A situação é tão caótica que até a CUT, central sindical chapa branca, está puxando mobilizações para o próximo dia 29, quando completa um mês o ‘Massacre de Curitiba’, promovido pelo governador do PSDB, Beto Richa, contra os professores paranaenses. Fora Richa!

Enquanto isso, 11 senadores, inclusive dois do PT, se reuniram para buscar alternativas aos projetos de lei contra os trabalhadores e a Previdência, encaminhados pela presidente Dilma. Mesmo não atacando o ponto nevrálgico da falta de recursos – o pagamento de mais de um trilhão de reais para os rentistas somente este ano – já é alguma coisa, mas da qual não se pode esperar muito.

Da mesma maneira, não deixa de ser positivo o governo ter aumentado a taxação sobre os lucros dos bancos, ainda que timidamente. A voz das ruas e da esquerda (pequena, ressalte-se) da base da aliança governamental desta vez foi ouvida, apesar de estar muito aquém do necessário.

Nesse caminho, é emblemático o ex-governador do RS, Tarso Genro, propor uma Frente de Esquerda, mas que mantenha uma ‘conciliação recíproca’ com o capital. Alguns dos poucos militantes petistas que resistem a embarcar na aristocracia operária deram ouvidos ao também ex-ministro, o mesmo que se recusou a pagar o piso nacional aos professores do RS quando era governador. Frente de Esquerda com o capital é uma contradição por si só. E ainda há que diga que ele é um intelectual.

Para completar o quadro de um mês de maio tumultuado, o governo e sua base comemoram os investimentos e promessas de investimentos feitos pelo governo e empresários chineses. Saúdam a possível inversão de 50 bilhões de dólares, parte em infraestrutura, justamente aquela que seus quase 12,5 anos de governo se recusou a fazer. Sim, dizem eles, agora vamos avançar, afinal é muito melhor dever para os capitalistas chineses do que para os estadunidenses ou europeus. A dívida pública agradece.

Nesse quadro, a inflação aumentou, os salários continuam arrochados, perdendo cada vez mais a queda de braço com os preços, a Caixa cortou em grande parte o financiamento habitacional, os juros continuam na estratosfera, o desemprego oficial atingiu o maior índice em décadas - o oficial, porque o real deve estar beirando a estratosfera -, a Câmara aprovou construir um shopping center ao custo de R$ 1 bilhão, o PIB deve cair 1,2% este ano e a direita empedernida continua sua campanha pela redução da maioridade penal. Viva o Thor Batista.

Além da educação, a saúde e o desenvolvimento social também foram atingidos pelo ajuste fiscal num total de 54,9% do corte orçamentário, cuja única finalidade é pagar em dia os rentistas. O discurso de que o ajuste é necessário para atrair investimentos estrangeiros não cola. Basta dar uma olhada no balanço de pagamentos, na saída de dólares especulativos e na remessa de lucros.

A pátria educadora da burguesia não tem Educação.

Afonso Costa
Jornalista

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Os comunistas e a greve geral

Uma onda de greves, paralisações e protestos está em acelerada preparação em todo o país. A classe trabalhadora pretende responder a mais um ataque contra seus direitos como os que estão em vias de serem votados pelo senado federal que modificam as regras do seguro desemprego e, através do PL 4330, instituem a terceirização dos serviços que, se aprovada, atingirá uma imensa parcela de servidores públicos e privados.
O número de greves é mesmo grande; era maio de 1989 quando o Ministro do exército, general Leônidas Pires Gonçalves manifestava certa preocupação, o crescimento do número de greves, porém naquele momento ao contrário do que supunham os personagens do governo de transição, leia-se Sarney e companhia, devia-se ao imenso arrocho salarial que o plano verão estava impondo aos trabalhadores naqueles anos.
Passados pouco mais de 30 anos, a mobilização sindical de hoje reflete diretamente o saldo das décadas anteriores, quando devido ao fim do bloco socialista e a consequente aplicação de medidas neoliberais, exacerbou-se a precarização das relações de trabalho, a privatização e a retirada de direitos trabalhistas e sociais dos assalariados. Em nosso XV Congresso Nacional do PCB, em suas resoluções considera-se que mesmo com a fragmentação da classe trabalhadora e o enfraquecimento dos sindicatos na sua estrutura atual é possível vislumbrar que a luta de classes deverá se acirrar e forçar a busca de alternativas.
É constatado em linhas gerais o fato de que estão ocorrendo mobilizações e mesmo greves geradas a partir de confrontos diretos entre trabalhadores e patrões, como nos casos ocorridos nas grandes obras da copa, do PAC e manifestações que se sucederam mesmo sem a interferência das cúpulas sindicais.
A deterioração do setor público, que afeta diretamente trabalhadores da educação pública, por exemplo, estende-se às áreas da saúde e também atingem o setor privado. Observa-se por outro lado que o sindicalismo do setor público ganhou força, nos últimos anos, em relação ao do setor privado, possibilitando ações dos sindicatos desse setor, muitos dos quais hegemonizados por forças de esquerda independentes do governo e que passaram a pautar temas políticos mais gerais, além das reivindicações especificas como reajustes salariais e planos de carreira, deflagrando greves e fazendo manifestações públicas de vulto. Todas essas considerações constam claramente em nossas resoluções.
A herança histórica do movimento operário sindical, mesmo em face de sua atual fragmentação, pode auxiliar na unificação de seus objetivos e plataformas de lutas comuns, pois as divergências e divisões que existem de fato não impedirão que a resposta da classe seja a de preparar a greve geral.
Esse quadro de enfrentamento se fortalece, pois já se observa o esgotamento do modelo de consumo de massa, ancorado no crédito e a total incapacidade de um sistema econômico que não evitou a queda da produção industrial, agravada com a crise do capitalismo, gerando demissões para salvar o lucro dos empresários. O País já não mantem uma balança comercial em alta e estável.
O governo Dilma, ao aplicar a receita do equilíbrio fiscal imposta pelo capital, desperta nos trabalhadores o ódio de sua traição, e como se isso fosse pouco a agressão do braço armado do estado utilizada contra professores como no caso do Paraná a mando do governo do PSDB, aceleram a entrada em cena da classe  trabalhadora e da esquerda socialista e, em  seu interior, os militantes do Partido Comunista Brasileiro.
Os trabalhadores começam a refletir sobre o seu submundo e sua autopreservação adotando um ceticismo em relação aos seus representantes políticos em um ato que certamente deixará de ser puramente econômico para tornar-se futuramente político, considerando que suas referências até então reconhecidas nas direções sindicais encontram-se em franco questionamento devido as suas posições de conciliação de classe com governos e patrões.
Não será nem a primeira nem a última vez que os trabalhadores serão chamados a apertar o cinto em um programa de estabilização do estado burguês. Ocorre que associada a essas medidas está a flexibilização, que repercutirá na própria representação sindical.
A retomada da preparação de uma greve geral pode vir a ser o inicio de uma virada no comportamento dos trabalhadores ante as restrições que venham a sofrer, sabendo-se que a greve não é feita por decreto e sim construída nas bases. Para isso estão ocorrendo inúmeras assembleias em várias categorias pelo país a fora e nelas os comunistas ali estarão, denunciando os truques do capitalismo e a participação fundamental dos trabalhadores sabendo que um passo dado na mobilização dos trabalhadores do país será parte das lutas gerais do conjunto das lutas do proletariado.
A terceirização que está para ser votada significa flexibilizar qualquer noção legal ou moral de direito ao trabalho, pois redefine a faculdade capitalista de demitir e recrutar mão-de-obra, desfazendo antigas conquistas sindicais.
ONEIDER VARGAS
Membro do Comitê Central do PCB. Integrante do Conselho Regional do Cpers- Sindicato recém desfilhado da CUT.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

A “esquerda” que diz sim aos patrões!

Luis Fernandes*
No último dia 7-05, a Câmara dos Deputados cometeu mais um ataque aos trabalhadores brasileiros, aprovando a MP 665, que restringe o acesso ao seguro desemprego, abono salarial e seguro-defeso. Segundo o DIEESE, mais de 4,8 milhões de trabalhadores deverão ser afetados imediatamente por essa medida, impacto que tende a aumentar caso a MP 664 e o PL 4.330, que generaliza a terceirização também sejam aprovados.
Tais medidas fazem parte de uma agenda econômica pró grande capital para ajustar a economia nacional diante dos efeitos da crise do capitalismo. O príncipe do planalto, o “chicago boy” Joaquim Levy, é o grande representante desta política e consegue unificar até o aparente antagonismo entre o governo do PT e a oposição oportunista de direita. Governo e congresso querem fazer com que os trabalhadores paguem a conta desta crise, que é dos ricos, enquanto os bancos continuam batendo recordes históricos de lucro.
O último teatro de máscaras nos debates e votação da MP 665 foi revelador. As bancadas do “Partido dos Trabalhadores” (PT) e a do “Partido Comunista do Brasil” (PCdoB) votaram, em peso, a favor de mais um ataque à classe trabalhadora, que dizem representar. Mas estas organizações já não fizeram isso antes? Sim, mas agora a “cara de pau” é maior. O PT, no dia anterior, através do ex-presidente Lula, em seu programa em rede nacional, discursou aos trabalhadores afirmando que defenderia os seus direitos contra os ajustes. Dilma, com o intuito de angariar alguns votos no segundo turno das eleições, chegando a declarar que os direitos trabalhistas continuariam intactos no seu governo.
Diversos parlamentares vinculados a correntes do PT com origem sindical na CUT adotaram a mesma postura de votar favoravelmente à MP. Pura demagogia! O reboquismo e a conciliação de classe do PCdoB são flagrantes. Em resolução da última reunião do Comitê Central deste partido publicada no dia 29 de março, o mesmo declarara que, dentro de sua proposição em defesa de uma Frente Ampla pela democracia, daria um voto de confiança ao governo sobre os ajustes, mesmo alegando discordar dos limites ao seguro desemprego. Atitudes assim expressam rendições políticas extremas, quando vindas de partidos de origem popular, como o PT e PCdoB. Estas organizações foram arrastadas pela correnteza de lama dos acordos de gabinete e ultrapassaram em muito o possível ponto de retorno à luta. Movimentações como essas confundem, deseducam, desmobilizam e revoltam a classe trabalhadora.
A prática é o critério da verdade. A degenerada disputa institucional entre governistas X oposição oportunista de direita só serve para preservar a atual agenda conservadora e antipopular que se instalou no país. A classe trabalhadora não pode ser jogada para escanteio neste cenário. É urgente a sua intervenção autônoma em defesa dos seus direitos e conquistas. Para o PCB, não há dúvida: é hora de redobrarmos nossos esforços para construirmos unitariamente com os que lutam uma representativa greve geral contra os ajustes e a cassação de direitos dos trabalhadores.
*Luis Fernandes é professor e membro do Comitê Central do PCB

quinta-feira, 7 de maio de 2015

domingo, 3 de maio de 2015

‘Os professores estão sendo massacrados’


A frase é do presidente do Sindicato dos Professores do Paraná, Hermes Leão, diante da barbárie cometida pela polícia militar a mando do governador Beto Richa (PSDB).

A violência contra os professores, infelizmente, não é novidade. O MM publicou, em 2013, artigo intitulado ‘Triste é o país que agride seus mestres’, no qual denunciávamos as agressões cometidas pela policia militar do Rio de Janeiro contra os professores em greve. Fomos testemunhas dos cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e de efeito (i)moral lançadas contra os manifestantes, em sua grande maioria mulheres. Policiais podem bater em mulher? São imunes à Lei Maria da Penha?

Nos últimos dias, situação análoga ocorreu em Goiânia, também contra os professores, já que o prefeito Paulo Garcia (PT) permanece intransigente diante de suas reivindicações. Em São Paulo, a situação ainda não chegou ao extremo porque ‘não há greve dos professores’, segundo o governador Alckmin, que insiste em se recusar a negociar com a categoria. Em Santa Catarina, os professores também se encontram mobilizados por reajustes salariais para ter equiparação com o piso nacional da categoria, enfrentando a repressão.

Por que tudo isso? Por que essa sanha em retirar direitos dos trabalhadores, em negar justas e necessárias correções salariais? Por que os governos em nosso país, federal, estaduais e municipais, são marionetes a manter os privilégios e a favorecer a elite.

Tanto isso é verdade que a presidente Dilma anunciou novas concessões do Pré-sal para a iniciativa privada, leia-se multinacionais. Ou seja, a pressão dos conservadores cada vez mais se mostra vitoriosa.

Mas não ficou por aí. Seu ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, disse que os aeroportos de Porto Alegre, Salvador e Florianópolis estão prontos para serem concedidos à iniciativa privada. Ainda teve o descaramento de afirmar que existem cinco ou seis que também podem ser privatizados.

Na mesma maré, estradas e portos também passarão para empresas privadas. A dimensão é tamanha, que o Itamaraty está propondo ao governo brasileiro promover essas concessões na visita da presidente aos EUA, no fim de junho. Se já tinha perdido a credibilidade com o corte de direitos previdenciários no fim do ano passado, em confirmando essa atitude a presidente perderá desta feita a dignidade. Não somente dela, mas do governo brasileiro.

Enquanto isso, o ministro da Fazenda Joaquim Levy volta à carga e reafirma que o ‘ajuste fiscal’ - senha para a transferência de dezenas de bilhões de reais dos cofres públicos para os rentistas - é necessário para manter o aval das agências internacionais que balizam os agiotas internacionais em seus investimentos, em sua especulação. Em suma, de que precisamos pagar centenas de bilhões para conseguir algumas dezenas de bilhões a juros altíssimos.

Na maré favorável à elite, o Bradesco lucrou R$ 4,2 bilhões no primeiro trimestre deste ano, com aumento de 23,3% de lucratividade. Em contrapartida, os salários dos trabalhadores caíram 3% em março, a maior queda desde 2003.

A situação é tão gritante, as benesses dirigidas para as multinacionais e grandes bancos são tamanhas, que até mesmo os empresários da indústria nacional estão reclamando. Segundo eles, a falta de demanda interna, isto é de compradores, é a principal responsável pela queda do setor em março, o que gerou demissões de trabalhadores. Apesar disso, esses empresários continuam bem, ainda mais favorecidos por uma taxa de juros de 13,25%, sonho de todos os especuladores.

Estamos vivendo um período de redução dos salários, demissões, entrega das nossas riquezas, subserviência total ao capital, apesar dos dados manipulados divulgados pelo governo. Quem se levanta contra isso, como os professores, é tratado com extrema violência. Quem vai para a rua pedir a volta dos militares e o impeachment, é tratado como amigo.

Os trabalhadores não podem  se calar, se intimidar. Ou vão para as ruas apesar de toda a repressão, ou serão subjugados por governos a soldo da elite, que há muito deixaram de representá-los.

Afonso Costa
Jornalista