PCB-RR

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O país nas mãos dos banqueiros e do agronegócio

Dilma chama representantes do agronegócio e dos bancos para compor ministérios

Nem começou o segundo mandato da presidente Dilma e as primeiras indicações do novo governo já mostram o caminho que ele tomará: o aprofundamento de uma política econômica que privilegia os bancos, as empreiteiras e o agronegócio. E quem vai pagar o pato, mais uma vez, são os trabalhadores e o povo pobre.
Nas mãos dos banqueiros
Contrariando o discurso de campanha, em que o PT investiu contra os banqueiros a fim de se contrapor a Marina Silva (Rede/PSB), e depois Aécio Neves (PSDB), a primeira determinação de Dilma já reeleita foi colocar um banqueiro no comando da política econômica. Uma sinalização ao mercado financeiro que seus interesses continuarão a ter centralidade.

O primeiro nome cogitado para assumir o Ministério da Fazenda foi Luiz Trabuco, presidente do Bradesco e nome próximo ao governo. Com a recusa de Trabuco, o segundo nome convidado foi seu colega, o diretor do Bradesco e ex-secretário do Tesouro no governo Lula, Joaquim Levy.
Nome de confiança do mercado financeiro, ex-aluno e próximo a Armínio Fraga e um dos colaboradores do programa do PSDB à presidência, Levy é conhecido por sua ortodoxia neoliberal. Ou seja, é o cara que faz de tudo e mais um pouco para garantir os lucros dos banqueiros e investidores internacionais.
Dizer que o nome anunciado como novo ministro da Fazenda é neoliberal pode parecer um tanto vago. O que de fato pensa Joaquim Levy? Vejamos. Em setembro último, Levy divulgou um documento sobre a situação do país e o que precisaria ser feito, em sua opinião, para melhorar a economia. Entre as propostas estão a "liberação da obrigatoriedade da Petrobras participar de todos os projetos do pré-sal", a defesa das concessões e privatizações do petróleo, as altas taxas de juros para controlar a inflação e, sobre relações trabalhistas, a defesa de forma explícita de "modificar a lei de forma que os contratos negociados entre as partes prevaleçam". Ou seja, em outras palavras, uma reforma trabalhista nos marcos do que propunha o ACE (Acordo Coletivo Especial).
O anúncio oficial da nova equipe econômica deve ocorrer na próxima quinta, 27, junto com algumas diretrizes da próxima gestão. Entre as medidas cogitadas está um duro ajuste fiscal, principalmente com um corte drástico entre o que é considerado pelo governo "gastos excessivos" do último período, como o seguro desemprego, abono salarial e pensões. Fala-se num corte da ordem de R$ 40 ou R$ 50 bilhões, só pra começar.
Nas mãos do agronegócio
Logo após Levy começar a ser aventado em Brasília, outro nome causou surpresa até entre integrantes do próprio governo. Parecendo uma daquelas notícias-piadas publicadas por sites de humor, foi noticiado que Dilma convidou a presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura. Essa piada, porém, não vai ter graça para os trabalhadores agrícolas, sem-terras, ribeirinhos, quilombolas e indígenas.

Kátia Abreu é a principal representante dos ruralistas, líder da bancada dos latifundiários no Congresso e inimiga confessa do movimento sem-terra e da luta por reforma agrária. Combate as políticas contra o trabalho escravo no campo, assim como é árdua defensora das sementes transgênicas e da Monsanto. Um projeto de sua autoria acaba com a obrigatoriedade da rotulação dos alimentos com sementes geneticamente modificadas.
Em seu mandato em Brasília, já foi agraciada com títulos nada abonadores, como o "Miss desmatamento" e o "Motosserra de Ouro", dado pelo Greenpeace. Ironicamente, a senadora foi apontada pelo próprio jornal britânico Guardian, como "a parlamentar mais perigosa do Brasil", devido o seu posicionamento em relação às políticas ambientais.
As inúmeras pérolas proferidas por Kátia Abreu no exercício do seu cargo poderiam preencher um longo compêndio sobre a forma como pensam os latifundiários. Uma delas, contida no documentário "O Veneno está ne Mesa", de Silvio Tendler (veja aqui), afirma que "milhares e milhares de brasileiros ganham salário mínimo, ou nem isso e, portanto, tem que comer alimento com defensivo sim, pois é a única maneira de fazer alimento mais barato". Ou seja, para a futura ministra da Agricultura, pobre tem que comer agrotóxico. Fazer a reforma agrária, acabar com o latifúndio e beneficiar a agricultura familiar, que é quem garante a produção de alimentos nesse país, na visão de Kátia Abreu, não baratearia os alimentos, mas os agrotóxicos sim.
A nomeação da presidente da CNA para a Agricultura é um balde de gasolina na já explosiva situação do campo brasileiro, em que os sem-terras, pequenos agricultores e indígenas vem sendo assassinados e encurralados pelo avanço do agronegócio.
Para completar esse verdadeiro trem-fantasma que o governo Dilma monta para seu ministério, o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), vem sendo fortemente cogitado para o poderoso Ministério das Cidades.
"Rezava uma lenda que o segundo mandato de Dilma Roussef, do PT, seria um novo governo com novas idéias", afirma o Presidente Nacional do PSTU, Zé Maria. "Mas se somamos os novos ministros ao aumento dos juros uma semana depois das eleições, ao aumento do preço da gasolina, ao ajuste fiscal que está sendo preparado pelo governo, temos aí um novo governo, sim, mas com as mesmas e velhas idéias de sempre", denuncia. 
 
Preparar as lutas
As indicações do futuro governo Dilma confirmam, junto com as medidas já tomadas como o aumento dos juros e da gasolina, os futuros desafios que os trabalhadores terão a partir do próximo ano. Cortes no Orçamento, arrocho e o avanço do agronegócio formam um quadro sombrio e reforçam a necessidade de preparar, desde já, as lutas para enfrentar esses ataques.

Fonte:http://www.pstu.org.br

domingo, 23 de novembro de 2014

Demitiram a raposa

Maior representante do agronegócio, a senadora Kátia Abreu (PMDB-GO) é dada como indicada pela presidente Dilma para ser a próxima ministra da Agricultura. Parece contraditório, mas não é.
 
Kátia Abreu é defensora da concentração de terras nas mãos de poucos produtores rurais. Luta incansavelmente contra a reforma agrária. Defende a utilização de agrotóxicos e de sementes de laboratório, apoiadora de primeira hora da multinacional Monsanto.
 
É a favor do desmatamento desenfreado, da especulação via terras improdutivas, do arrocho e más condições de trabalho para os trabalhadores rurais, enfim representa o que há de mais atrasado no campo.
 
Maior expressão da bancada ruralista, sua indicação garante – em troca de mais concessões -  apoio ao governo no congresso nacional de parlamentares de vários partidos, pois é assim que os ruralistas atuam, não se organizam em um único partido, pois temem vir a público defender suas idéias e práticas antipopulares.
 
O código florestal, a PEC do trabalho escravo, os financiamentos públicos para os grandes produtores rurais e todos os temas ligados à questão da terra encontram na senadora uma ardorosa defensora dos privilégios alcançados no primeiro governo Dilma. Agora, eles querem ir ainda mais longe, afinal o Brasil é um dos celeiros do planeta.
 
Não satisfeita com tal submissão à elite, a presidente Dilma convidou Luiz Trabuco, presidente do Bradesco, para ser o novo ministro da Fazenda. Com a sua negativa a bola da vez passou a ser o superintendente do Bradesco Asset Management, Joaquim Levy, ex-secretário do ex-ministro Antonio Palocci, de triste memória. Como presidente do Banco Central deve continuar Alexandre Tomibini.
 
Cotado para o Ministério do Planejamento, Nelson Barbosa já ocupou vários cargos na área econômica do governo federal, tanto com FHC quanto com Lula, além de ser professor universitário. Também já foi do Bradesco.
 
Os três têm em comum a prioridade de manter alto o superávit primário, ou seja, o pagamento da dívida para os bancos, em detrimento do país e povo. Tanto que já anunciaram cortes de despesas, priorizando reduzir o seguro desemprego, o abono salarial e as pensões por morte. Isso só para começar, pois um dos seus alvos principais será a Previdência Social, apesar do fator previdenciário, das regras draconianas para se aposentar e dos baixíssimos valores pagos aos aposentados e pensionistas.
 
Muitos daqueles que votaram no mal menor ainda não estão arrependidos, pois o fascismo de parte dos apoiadores de Aécio os amedronta. Como se ele fosse necessário para entregar cada vez mais o país nas mãos das transnacionais.
 
Pobre da raposa.
 
Afonso Costa
Jornalista

domingo, 9 de novembro de 2014

TODO APOIO À GREVE DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DA EMBRAER!

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* por Camila Souza, militante da UJC em São José dos Campos

Dia 5 de novembro São José dos Campos amanheceu paralisada. Cerca de mil e trezentos trabalhadores do segundo turno mudaram o lugar de suas atividades: dessa vez, o trabalho seria de base e ali, na porta da fábrica. E não deu outra. Ontem, dia 6, dez mil operários da maior empresa de aeronáutica do país entraram em greve por tempo indeterminado!
 
 
Desde que a empresa foi privatizada, há 20 anos, essa é a greve com maior adesão dos trabalhadores e que está durando mais tempo. Os pontos de reivindicação são:
 
1) reajuste salarial de 10%

2) contra o reajuste do convênio médico, que dobra o desconto do convênio nos holerites dos funcionários, além das consultas médicas agora serem cobradas

3) redução na jornada de trabalho

4) negociação os valores do Programa de Participação de Lucros (PLR)
 
Vale lembrar que no primeiro semestre desse ano, o lucro da Embraer cresceu 955% em relação ao mesmo período de 2013. Além disso, o governo federal dá isenção de impostos e beneficia a empresa com financimento público. Então, não aceitamos essa posição da Embraer em não atender os pedidos dos companheiros.
 
A União da Juventude Comunista se solidariza com essa greve da Embraer. Estaremos juntos lutando contra a precarização, rotatividade e descartabilidade da juventude trabalhadora. Queremos a ampliação dos direitos trabalhistas e estaremos lado a lado nas lutas com os companheiros!

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

CARTA DOS FUNCIONÁRIOS DO BB/GECEX-RJ

 AO SIND. BANCÁRIOS RJ E CONTRAF.
 
Há apenas uma semana, nós, funcionários do Prefixo 1778-7 do Banco do Brasil (Gecex Rio), fomos informados da assinatura de uma ampla reestruturação das redes GECEX e CSA. Não somente aqui, mas em vários locais pelo país, os funcionários serão obrigados a procurar outros prefixos para trabalhar. Desde então, vivemos em clima de profunda insegurança e ansiedade, porque o que está colocado no horizonte para a grande maioria dos funcionários dessas redes é a perda da comissão (que representa uma redução significativa do salário), ou a mudança para outros estados.
 
 
O prazo exíguo com que as vagas e comissões serão cortadas, tornando incerto o futuro de todos os funcionários, mostra como estas medidas foram ocultadas ao limite do absurdo, visando evitar reações pré-eleitorais. 
 
 
Não podemos aceitar o discurso de vários administradores das nossas Unidades de que temos que ficar felizes porque no Banco, diferentemente do Setor Privado, não existem demissões. Isso demonstra total descaso com a especialização profissional dos funcionários destas Unidades, cobrada quando das concorrências para o preenchimento desses cargos, mas que agora são constantemente lembrados de que o registro em suas Carteiras Profissionais é de Escriturário.
 
 
Esse discurso é totalmente contrário ao que foi feito pela presidenta reeleita, que em sua Carta para a CONTRAF/CUT afirmou:
 
 
 “O primeiro e fundamental passo foi a valorização dos bancários, recuperando o valor dos salários com aumentos reais, aumentando o valor da PLR, preservando o emprego e aumentando o quadro de funcionários, restabelecendo direitos que foram retirados dos trabalhadores por governos anteriores e incorporando reivindicações do movimento sindical.”
 
 
O Sindicato deu destaque, neste último ano, à luta contra o PL 4330 e a ampliação da terceirização. No Banco do Brasil o aprofundamento da concentração da área meio em poucos prefixos beneficia o processo de terceirização, como tem ocorrido com a área de Crédito Imobiliário. Hoje a maioria absoluta da área de apoio do Banco está concentrada em Curitiba, Belo Horizonte, Brasília e São Paulo.  Isto representa um esvaziamento político e econômico do município do Rio de Janeiro, com a fuga de postos de emprego, de arrecadação de impostos, de contratação de empresas locais nos processos de licitação, etc.
 
 
No dia 30/10 realizamos uma reunião com todos os funcionários da Gecex Rio e definimos alguns encaminhamentos. Entendemos ser necessário fazer uma campanha de pressão sobre a direção do Banco, para que este processo seja SUSPENSO, até mesmo porque está anunciada a nomeação de um novo Presidente do Banco nos próximos meses (dias), consequentemente trazendo mudanças no quadro das Diretorias. Portanto, não cabe agora forçar uma reestruturação “a toque de caixa”, como esta que está sendo implementada. Enquanto não conseguirmos suspender essa reestruturação, é necessário que se garanta aos funcionários a permanência no seu prefixo atual, como quadro excedente, sem perderem suas comissões. 
 
 
Gostaríamos de chamar a atenção para o fato de que todas as vagas de área meio do Banco se encontram bloqueadas, já por conta das mudanças anunciadas para a cúpula do Banco a partir de janeiro de 2015, impedindo que os funcionários dos prefixos reestruturados busquem opções de recolocação fora da rede de agências e com salários mais próximos de sua realidade atual.
 
 
Por isso vimos agora chamar a Diretoria desse Sindicato, a exigir e promover medidas para que o Governo SUSPENDA os processos de reestruturações em andamento.  É fundamental que, nesse momento, a direção do Sindicato dos Bancários e a CONTRAF/CUT iniciem contatos com parlamentares e com o Governo, e que, inclusive, entrem com medidas judiciais que possam postergar o processo.
 
 
Solicitamos, também, que seja organizado um ATO na porta do prédio da Senador Dantas, ainda nesta primeira semana de Novembro, denunciando a reestruturação e chamando a solidariedade dos demais trabalhadores do prédio.
 
 
 
Funcionários da Gecex Rio em 30/10/14