PCB-RR

domingo, 24 de setembro de 2017

O Brasil entregue ao grande capital

imagemO verdadeiro motivo do golpe: Temer entrega o país às multinacionais

O PODER POPULAR Nº 25 (SETEMBRO/OUTUBRO DE 2017)

Juntou a fome com a vontade de comer. A versão dominante do golpe que levou Temer à Presidência seria estancar a sangria das investigações da Lava Jato. Em parte isso é verdade, mas o que de fato motivou a Fiesp, a Rede Globo e demais setores da burguesia foi garantir e acelerar a entrega do país às grandes corporações, de acordo com os ditames do imperialismo.

As recém anunciadas privatizações da Eletrobrás, da Transportadora Associada de Gás (TAG), pertencente a Petrobrás, de mais 56 empresas estatais e o fim da Renca – Reserva Nacional de Cobre e Associados, situada entre o Pará e o Amapá, além da entrega de outros cinco milhões de hectares para as mineradoras e a privatização dos aquíferos Alter do Chão e Guarani (em estudos) fazem parte da política do governo usurpador de privatizar todas as atividades econômicas no país, repassando-as ao grande capital.

Somam-se ainda as privatizações dos campos de petróleo do pré-sal, da BR Distribuidora, o esvaziamento dos Correios e dos bancos públicos, com fechamento de agências e postos de atendimento, o congelamento dos investimentos em educação e saúde, as contrarreformas trabalhista e da Previdência, as benesses ao sistema financeiro nacional e internacional.

É a fase superior do capitalismo se apropriando a preço de banana das riquezas naturais, produtivas e sociais brasileiras, prática que vem sendo implantada em diversos países há décadas.

Até mesmo o dono de uma pequena mercearia gostaria de um “negócio” com demanda garantida, consumidores certos, portanto, lucros obtidos sem riscos.

Energia e recursos naturais
A Eletrobrás é responsável por 32% da capacidade instalada de geração de energia e 47% das linhas de transmissão, segundo artigo da jornalista Rita Dias no ‘Brasil Debate’. Sua privatização representará a perda de controle sobre a energia elétrica no país.

A Eletrobrás é uma empresa altamente lucrativa, com lucro de R$ 1,7 bilhão no primeiro semestre deste ano e de R$ 3,4 bilhões em 2016. Teve um período difícil entre 2012 e 2015, mas seu histórico neste século é de lucro anual médio de R$ 2 bilhões. O valor real da empresa seria da ordem de R$ 400 bilhões, 20 vezes superior ao divulgado pelo governo, que se encontra em negociações com a China – daí a visita do usurpador àquele país – para vendê-la.

No caminho oposto, França, Canadá, EUA, Noruega, Suécia, Dinamarca, Espanha, China, Japão, entre outros, mantêm fortes empresas estatais nas áreas de geração e distribuição de energia.

Outra empresa a ser privatizada é a Transportadora Associada de Gás (TAG), subsidiária da Petrobras, que transporta 75 milhões de metros cúbicos de gás por dia e é superavitária. Incluindo neste rol de privatizações a Eletrobrás, a BR Distribuidora e a não obrigatoriedade da participação da Petrobrás na exploração dos campos do pré-sal, em breve o país se tornará refém das multinacionais na exploração, geração e distribuição de energia e combustíveis, setores estratégicos da economia.

Um crime de traição, de lesa-pátria.
Outro ataque do usurpador se manifestou no decreto de extinção da Renca, área de tamanho similar à da Dinamarca ou do Espírito Santo, em benefício das mineradoras, em grande maioria multinacionais, em particular canadenses, que tinham conhecimento da iniciativa há meses. Os danos ambientais e sociais serão de dimensões incomensuráveis. Além disso, tramitam no Congresso vários projetos de parlamentares da base do governo favoráveis a mineração em áreas de proteção ambiental.

A bola da vez, ao que tudo indica, são as reservas de água potável, já que o Brasil possui a maior reserva do mundo, cerca de 12% do total. Os aquíferos Alter do Chão e Guarani são a menina dos olhos das multinacionais, pois são os dois maiores reservatórios de água do planeta.

Fonte:https://pcb.org.br

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

PCdoB parabeniza aliança entre a CTB e a FIESP golpista

Após colocar Rodrigo Maia em assento de honra em seu congresso e votar a favor da reforma politica, agora o PCdoB comemora aliança com a FIESP.

 A grande aliança

 



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Em matéria no site do PCdoB, os deputados federais Orlando Silva (PCdoB/SP), Assis Melo (PCdoB/RS) e Daniel Almeida (PCdoB/Ba) comemoraram a CTB, entidade sindical ligada ao partido de ter um acordo junto a golpista Federação de Industrias do Estado de São Paulo (FIESP) "contra o desemprego". Leia o artigo aqui

Num discurso mentiroso de "dar uma alternativa a crise" que é adotado por Temer, Rodrigo Maia, Aécio e a elite que quer enfiar a precarização por goela abaixo dos brasileiros. Isso ficou bastante claro quando esse partido, que de comunista não tem nada, votou a favor da clausula de barreira da reforma política que censurará a luta dos trabalhadores e da esquerda.

A parlamentar Jô Moraes (PCdoB/MG) teve a coragem de afirmar: "a unidade construída em defesa do emprego, que reúne classe trabalhadora, empresários, comércio, agronegócio e o Estado, comprova o empenho destes setores em reverter o cenário de crise e que atinge em demasiado o povo". O discurso propagado por ela reflete o cinismo desse partido, querendo que os trabalhadores se unam com os capitalistas, os mesmos interessados na precarização da vida dos trabalhadores com sua absurda reforma trabalhista, PEC 55, reforma do ensino médio e todo o pacote de ataques de Temer, e que querem forçar para que o trabalhador trabalhe até morrer com a reforma da previdência.

O PCdoB recentemente mostrou sua tendência a conciliação com os golpistas quando trouxe Rodrigo Maia para seu congresso e o colocou em assento de honra. nada diferente do que é a estratégia desse partido que se recusou a travar tipo de luta séria, boicotando abertamente a Greve Geral do dia 28 de abril e do dia 30 de junho, enquanto Temer implementa seus ataques estavam mais preocupados em fazer seu jogo sujo de conciliação de classes. Agora mais explicitamente fazem coro ao discurso de crescimento junto aos patrões, elogiando iniciativas conjuntas com os donos dos patos.

A aliança da CTB com a FIESP é demonstração de mais uma traição aberta dessa central, que já vem negociando com Rodrigo Maia os termos de sua contribuição sindical para continuar recebendo a sua fatia do bolo da exploração capitalista, cooptados para dentro da maquina estatal, travando a luta dos trabalhadores para sugar como sanguessugas todo o vigor transformador da classe e se auto-promover num escuso jogo de interesses.

A votação na anti-democrática clausula de barreira é outra demonstração de que esse partido só existe para trair os trabalhadores, pela clausula votada o partido que não alcançar 1,5%, com ao menos 1% em nove estados, será excluído de todo o tempo da TV, garantindo que somente a corja de corruptos se mantenha no poder ou partidos conciliadores tenham bastante espaço para se coligar a vontade com todo o tipo de cretino como Rodrigo Maia, Temer ou com a elite usurpadora da FIESP.

Fonte:www.esquerdadiario.com.br

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Um Banco Com o Nome de Brasil

                                                          J. Cavalcanti 

Há mais de 500 anos um Tratado decidia que o Brasil seria de Portugal, era uma época selvagem onde as nações não respeitavam leis e muito menos tratados, e nem todo ser humano era visto como humano, principalmente aqueles que não tinham nascido no continente europeu. Por este motivo nações como Holanda e França não levaram muito a sério o tal Tratado. Aliás, era um tempo tão atrasado que estas nações se achavam mais desenvolvidas e não tinham nenhum escrúpulo em invadir e fazer de outras suas colônias de exploração, fazendo de seus habitantes seus serviçais ou escravos, pois, como já dissemos, não eram lá muito humanos.
Estranhamente esse pessoal civilizado travava guerras entre si não muito civilizadas, e em 1808 a família real portuguesa veio fugida para o Brasil e fomos promovidos de Colônia a Reino Unido. Neste ano o Rei D. João VI fundou um banco e batizou-o com o nome da terra que tão docilmente vinha acolhendo os emissários da coroa portuguesa desde 1500. O Banco do Brasil.
CCBB RJ, prédio adquirido para ser a sede do BB em 1920.
Em 1821, devido a problemas de família, D. João VI volta a Portugal, não sem antes esvaziar os cofres do banco que fundou, deixando apenas o nome, que afinal pertencia aos brasileiros. Porém, naquele tempo (triste tempo!) os bancos não viviam só de nome e em 1833 ele foi liquidado. Só voltando a existir em 1851 e 1853, pelas mãos aristocráticas dos viscondes de Mauá e Itaboraí.
Passados mais de 500 anos de seu descobrimento e mais de 200 de sua fundação o Brasil e seu banco mudaram bastante, mas não necessariamente para melhor. Ou será que nada mudou, foi apenas tempo que passou?
Nos tempos da Casa Grande e Senzala, existiam os capatazes, feitores e capitães do mato que auxiliavam na administração das fazendas com ameaças, castigos e perseguições. Na administração moderna do BB, a reboque de sua reestruturação, os Superintendentes orientam aos gerentes gerais a utilizarem a GDP (gestão de desempenho e competência) como uma arma para o descomissionamento e demissão, ou seja, uma espécie de chicote invisível, mas igualmente doloroso e assustador.
Dizem os historiadores que os castigos impostos aos escravos deveriam servir de exemplo para seus companheiros de infortúnio, na reestruturação do BB, vários administradores que perderam sua comissão, ou seja, perderam cerca de 80% de seus proventos, ficam expostos no prédio da Rua Senador Dantas, só no Rio de Janeiro são quase 20, que lá estão para lembrar do que o banco é capaz.
Como podemos observar o banco e o país de mesmo nome continuam muito fiéis, pelo menos no tocante à administração de pessoas, às suas origens imperiais.

NÚMEROS IRRACIONAIS

Segundo os matemáticos, números irracionais são números decimais, infinitos e inconstantes, tal qual as metas impostas pelo banco aos seus funcionários. Que se tornam ainda mais irracionais em se tratando do Estado do Rio de Janeiro, estado mais do que quebrado financeiramente, algo que o próprio banco reconhece, uma vez que no decorrer dos anos vem efetuando um verdadeiro esvaziamento do Estado com setores inteiros sendo transferidos para outras capitais. 
Interessante perceber que quando se trata de explorar um pouco mais os funcionários, o banco não é tão fiel assim às suas origens na Casa Grande, pois os senhores de engenho não eram tão irracionais assim com sua produção, eles não decidiam aumentá-la 100% de um semestre para o outro, principalmente com um terreno improdutivo, e castigando seus escravos se não atingissem 110%.

MARAJÁS

Nos anos 1990 o país e o banco entraram definitivamente na onda liberalizante, seus funcionários são chamados de marajás e em 1995 o BB lança um PDV onde 20 mil foram demitidos voluntariamente, muitos até hoje estão com demandas judiciais para que o banco repare as injustiças cometidas neste período de terror.
A diferença entre 1995 e 2017, é que naquele ano a justificativa era que o banco estava dando prejuízo e os funcionários tinham salários muito elevados, os famosos marajás já descritos, e agora os salários estão rebaixados e o banco vem dando lucro, a única semelhança entre os dois resultados são as grandiosas somas provisionadas para créditos com liquidação duvidosa, em outras palavras, a história se repetindo como farsa. 
Centenas de agências foram desativadas este ano.
  Tal qual o país, o banco também é privado no lucro e público no prejuízo, outra inspiração dos tempos de Império, se a Casa Grande ia bem em nada mudava a vida na Senzala. Os tempos de lucros indecentes em nada influenciaram a vida dos funcionários, os salários não foram reajustados proporcionalmente a eles e o plano de saúde, CASSI, continuou com os mesmos problemas financeiros. Quando se trata de saúde, o nome pesa muito mais.
Infelizmente não conseguimos achar elementos que nos provem que as mudanças ocorridas no decorrer desses anos foram para melhor, a história do Brasil e do seu banco é uma história de injustiças para com seu povo/funcionários, mas se este povo gritou nas ruas do Rio de Janeiro “olho vivo, pé ligeiro, vamos a bordo pegar nosso dinheiro”, quando o banco sofreu seu primeiro assalto em 1821, gritemos hoje a plenos pulmões “olho vivo, pé ligeiro, vamos agora pegar nosso direito”.
 

terça-feira, 18 de julho de 2017

As Reformas Enterram o Pacto Social


                                                                                                                                            Ney Nunes*

    A reforma trabalhista do governo Temer, aprovada na Câmara e no Senado, assim como a pretendida reforma da previdência não são fatos isolados no mundo capitalista contemporâneo. Projetos similares vêm sendo propostos e aplicados em diversos outros países. Em que pese o movimento de resistência dos trabalhadores, através de greves e grandes manifestações, contra as medidas que reduzem ou retiram direitos duramente conquistados ao longo do século XX, essas medidas foram ratificadas por diversos governos e parlamentos.



      O pano de fundo dessas reformas é a profunda crise estrutural do capitalismo em sua fase atual, ultraimperialista, em que observamos uma concentração de riquezas e centralização do capital jamais vista na história mundial, ao mesmo tempo em que o Estado opera como um mero gerente subordinado diretamente aos interesses financeiros das megacorporações globais, independente do regime político burguês que está em vigor em cada país.

     O significado fundamental dessas reformas, inseridas na crise estrutural capitalista, é não ser mais possível ao capital retomar um efetivo crescimento da taxa de lucro exclusivamente através dos seus mecanismos tradicionais, como por exemplo: inflação, desemprego, rotatividade da mão de obra, transferência de empresas para regiões ou países com custos menores e etc. Para retomar a acumulação de capital se fez necessário romper o pacto social, o qual, mesmo com grandes diferenciações, foi estabelecido em praticamente todo o mundo capitalista. Pacto este, que de forma geral, garantia direitos sociais mínimos à classe trabalhadora.

     Os partidos e sindicatos que, ao longo da vigência desse pacto social, capturavam a representação dos trabalhadores, estão aturdidos com a virulência dos ataques. Todo o seu discurso e programa no sentido de pequenos ajustes no sistema para manter funcionando o pacto, ou seja, manter a massa trabalhadora subalterna, sendo explorada em troca de garantias mínimas, perdeu a credibilidade. O pacto, defendido e muitas vezes gerenciado por esses neorreformistas, agora foi rasgado pela burguesia em nome da retomada dos seus lucros.

     Esse quadro indica uma virada histórica, ou seja, que a época favorável para as forças políticas fundamentadas na conciliação de classes está terminando. A burguesia, essa “ingrata”, se inclina a dispensar o serviço desses velhos conciliadores, seus lacaios, especialistas em manter o proletariado com esperanças na obtenção de progresso, justiça e paz na vigência do capitalismo. A alternativa burguesa diante da crise estrutural é impor as medidas que entendem como necessárias, de forma rápida e profunda, mesmo que para isso sejam obrigados a se despir da capa democrática e assumir a sua verdadeira face: uma ditadura dos ricos e exploradores contra o povo trabalhador.

*Bancário aposentado, dirigente do PCB.

domingo, 16 de julho de 2017

Fetraf-RJ/ES realizou conferência interestadual neste sábado

Acompanhe intervenção da unidade classista na conferência.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Foram-se os direitos

Como era esperado, o Senado brasileiro, essa casa inútil, votou favoravelmente a reforma das leis do trabalho. Ninguém, em sã consciência, poderia esperar outro resultado. A absoluta maioria dos senadores e senadoras representa a classe dominante, são servos fiéis do sistema que os paga regiamente para defender seus interesses. Apenas o povo organizado e uma luta radical poderiam mudar o rumo das coisas. Não houve nada disso. O que vimos foi uma sequência de marchas promovidas pelos lutadores de sempre, mas sem a radicalidade necessária para impor medo aos serviçais do capital.

Para os que têm bastante clareza do que significa essa “reforma”, ficou a perplexidade. Mas, essa também não é uma atitude que ajude muito a compreender a realidade. É preciso que a gente se debruce sobre as causas da apatia dos trabalhadores diante desse ataque avassalador e procure caminhos para superar a tremenda derrota sofrida ontem.

A primeira coisa que temos de ter em mente é que no Brasil a porcentagem da população economicamente ativa é muito baixa: 46,7%, segundo dados de 2010. Pouco mais de 80 milhões de pessoas (dados de 2016), numa população de 190 milhões, estão ocupadas. Ou seja, bem menos da metade está no setor produtivo. E, desses que estão ativos, perto de 30 milhões têm a carteira assinada. Os demais estão no mercado informal, portanto, a eles, nem interessa esse debate sobre leis. Não sabem o que isso significa. Estão na luta para se manter vivos, muitas vezes no limite.

Os dados mostram que pelo menos 50 milhões de pessoas que trabalham hoje no Brasil estão completamente fora de qualquer amparo. A eles não comove, para nada, o discurso da classe média no facebook, e muito menos o dos sindicalistas. Esse povo nem sabe o que é um sindicato. Não está no seu foco de existência. Sua batalha é carregar tralhas pra lá e para cá, fugir da polícia, ou manter algum tipo de trabalho avulso tipo pedreiro, eletricista, etc... Tudo o que sabem sobre a reforma é que “vai gerar mais emprego”, pois é o que dizem os jornalistas famosos das redes de televisão.

Dos 30 milhões que têm carteira assinada e são, portanto, potenciais perdedores dos direitos, pelo menos a metade sequer sabe que têm direitos. São aqueles que trabalham certinho, cumprem as regras, acreditam que o patrão é uma espécie de pai e agradecem a deus por terem um emprego. Não se metem em sindicato, não gostam de confusão e procuram ficar longe dos sindicalistas e das "badernas" nas ruas. Também se sentam diante da TV e acreditam no discurso que ouvem, que é a reprodução das ideias dominantes.

Temos também que contabilizar uma massa de 14 milhões de pessoas que estão desempregadas. Tudo o que querem é encontrar um trabalho que lhes garanta sustentar a si mesmos e às suas famílias. Logo, no momento, possivelmente a maioria dessas pessoas não está interessada em lutas para defender os direitos de quem tem emprego. Estão mais focadas na busca do seu.

Sobram aí uns 15 milhões de trabalhadores que sabem o que vai acontecer com o fim das leis trabalhistas e boa parte deles está nas lutas. São os que vão para os protestos, para as marchas, junto com os jovens e estudantes, potenciais trabalhadores. Mas, como a maioria dos sindicatos esteve adormecida durante a era petista, no geral, não há propostas radicais de luta. Qualquer grupo que assome quebrando vidros de bancos ou de lojas já é logo colocado de lado como “inoportuno”. A palavra de ordem é ordem. “Vamos manter a ordem”. Assim, sem provocar medo na classe dominante, os protestos são ritualísticos apenas, sem correspondência no mundo onde se decidem as coisas. Nem quando mais de dois milhões de pessoas foram às ruas contra as reformas, o eco chegou aos deputados e senadores. Tudo seguiu seu rumo.

Não bastasse isso as lideranças políticas que ainda tem alguma ascendência sobre as gentes tampouco incentivaram as lutas mais renhidas. Tirando algumas em setores isolados, importante, mas isolados, ninguém mais convocou as massas. Os combativos deputados e senadores no Congresso Nacional fizeram discursos, armaram algumas inconveniências, mas também sem maiores arroubos. E não convocaram as massas. Coube às mulheres senadoras, um ato de desespero, ontem, quando tentaram impedir a votação, ocupando a mesa de trabalho. Foi bonito, teve seu impacto emocional, mas uma boa analisada nas falas que se seguiram durante o período de resistência, por parte delas mesmas, o que se ouviu foi a tentativa de colocar remendos na lei, como se as coisas pudessem se ajeitar ali mesmo, na casa legislativa. Não houve uma convocação revolucionária para que o povo ocupasse o Congresso e, aí sim, impedisse a votação. Acabou como mais um espetáculo, apenas no plano da sensação.

Também não se viu os prováveis candidatos presidenciais da eleição de 2018 levantarem a voz para convocar o povo. Nada. Silêncio de Ciro Gomes, silêncio de Lula, silêncio em toda parte.

Assim, nas ruas do país, que deveriam estar em rebelião, o que se viu foram algumas vigílias de trabalhadores, que até poderiam provocar ternura, se não fosse tão trágica a situação.

Agora, está feito. E vem aí ainda a reforma da Previdência. Mais um golpe na cabeça, para arrebentar de vez.

Para os trabalhadores se apresenta uma dura tarefa. Começar de novo, tudo outra vez. Foram mais de 60 anos de luta para garantir alguns parcos direitos que agora se esvaem. Há que recomeçar as batalhas, uma a uma. Há que reconstruir todo um cenário de luta e de rebeldia, com uma geração anestesiada por décadas de domesticação social-democrata e pelas hipnóticas redes sociais.

No futuro, logo ali, se apresentam algumas figuras, querendo tomar a rédea do país. E os que assomam como mais progressistas, ou pelo menos os que aparecem nas mídias, são um sinhozinho de engenho (Ciro) e um liberal, quase neo (Lula). Trágico cenário.

Ainda assim, há esperanças. E elas vivem no meio das gentes, nos grupos radicais, nos sindicalistas que nunca se renderam, na juventude rebelde, nos sem-nada que nada tm a perder. A vida pulsa. Mas, há que trabalhar. Organizar, estudar, se emaranhar na vida real. O caminho é longo, mas aí está. E lá vamos nós. Porque não dá para paralisar na tristeza, nem na desesperança.

A luta de classes é o motor da história e a classe trabalhadora brasileira haverá de se levantar. Quando não, agora!

12 de Julho de 2017

Elaine Tavares 

Fonte:http://www.alainet.org

domingo, 30 de abril de 2017

A saída esta nas ruas

 O dia 28 de abril de 2017 entrou para a história do Brasil. Desde a luta pelas “Diretas Já” e pelo impeachment de Collor a classe trabalhadora e a juventude não se uniam e iam às ruas com tamanha dimensão, com marcante presença em todo território nacional. Em todas as capitais dos estados e no Distrito Federal, assim como nas grandes cidades, ocorreram greves, manifestações, atos públicos. As ruas foram nossas.

É amplamente majoritária na sociedade a repulsa às reformas trabalhista e da Previdência encaminhadas às pressas por um governo ilegítimo, alçado ao poder para implantar um programa fracassado em todos os países onde predomina, como Espanha, Portugal, Grécia, Argentina etc.

Ao contrário das manifestações de 2013 e as que levaram ao golpe contra a democracia, não estavam presentes as camisas amarelas da CBF, parlamentares corruptos, integrantes da elite e suspeitas organizações semiclandestinas. Foram os sindicatos, suas centrais, suas organizações, movimentos, os partidos de oposição e as entidades estudantis e da juventude que convocaram e mobilizaram esse dia histórico.

O governo sentiu o golpe. O presidente ilegítimo tentou desdenhar e minimizar a força das manifestações, mas à noite apareceu em entrevista num canal de televisão. Uma tentativa de reação pré-programada. A mídia empresarial, como sempre, evitou falar na greve e sua motivação o quanto pode, até ser empurrada pela força das manifestações. O prefeito da maior cidade do País chegou a taxar os trabalhadores e estudantes de “vagabundos”, enquanto o ministro da Justiça apelava para “o direito de ir e vir”. Tentaram de tudo para esvaziar e desacreditar a luta dos trabalhadores, inclusive soltando a Polícia Militar como verdadeiros cães de guerra contra os manifestantes.

Além da repulsa às propostas do governo, a unidade dos trabalhadores foi decisiva para o êxito das manifestações. É a principal lição que fica dessa data, pois é o único caminho a seguir.  Outra greve virá, provavelmente mais forte, mas sem ilusões: a burguesia tentará cooptar lideranças sindicais, atuará mais contundente na mídia empresarial, buscará desacreditar de todas as formas a legitimidade dos trabalhadores, ao mesmo tempo em que deverá acelerar no congresso a votação das suas contrarreformas.

Diante desse quadro, é urgente uma verdadeira reorganização da classe trabalhadora brasileira. Uma discussão ampla e unitária sobre os próximos passos, mas também para formular um projeto de poder alternativo ao da burguesia, que só poderá ser construído através da luta dos trabalhadores.  É impensável ter ilusões com as eleições de 2018, não será através das urnas que o Brasil alçará as modificações que necessita. A saída está nas ruas.

Afonso Costa
Jornalista

quinta-feira, 27 de abril de 2017

O Sorriso dos Canalhas

 Um velho dito popular afirma: “Quem ri por último, ri melhor”. Esses crápulas estão rindo na cara do povo trabalhador. O projeto de reforma trabalhista, enviado por Temer para favorecer os grandes empresários, foi aprovado na Câmara dos Deputados. Mas a última palavra poderá não ser desse covil dominado por políticos de aluguel, em sua maioria investigados, indiciados e processados por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e etc.
 
As ilusões com as instituições apodrecidas dessa democracia burguesa vão aos poucos se desfazendo, cresce a indignação e a consciência de que é necessário e urgente construir uma alternativa ao poder dos exploradores do povo. A Greve Geral e as manifestações convocadas para esse 28 de abril são um passo importante nesse sentido.     
 
O sucesso da greve poderá arrancar esses sorrisos canalhas do nosso caminho. 

OPERAÇÃO DESMONTE NO BANCO DO BRASIL

 
POPULAÇÃO MAIS POBRE E FUNCIONÁRIOS SÃO OS MAIS PREJUDICADOS

O grande Capital ordena e os seus governos cumprem.
 Para cumprir a tarefa que os Bancos e o grande capital lhe incumbiram, o impopular governo do "Draculesco" Michel Temer acelerou o movimento de desmonte do BB iniciado no governo Dilma. Centenas de agências foram fechadas, outras mais o serão, milhares de funcionários perderam as suas comissões, com perdas enormes nos seus vencimentos e outros tantos (cerca de 9 mil) saíram graças a um incentivo à aposentadoria.
 
Objetivo está cada vez mais claro: PRIVATIZAÇÃO!         
À medida que se definem as agências remanescentes nos bairros, fica evidente a mentira de que a implantação das agências digitais e agências PJ e PF não se trata, pura e simplesmente, de um desmonte. Em alguns bairros sobrou apenas uma agência do BB enquanto que os outros três grandes privados contam com três ou mais agências, são bairros de grande movimento de pessoas e com grande concentração de empresas.
 
Este exemplo deixa bastante claro que a intenção é a destruição deliberada do Banco do Brasil. Aliás, esta estratégia tem sido aplicada de forma recorrente quando se pretende privatizar estatais: Primeiro destrói-se por dentro para depois poder justificar a privatização!
 
Gestão temerária destrói o Banco, beneficia grande capital e culpa o funcionalismo.
Não é de hoje que o BB vem sendo usado para garantir o lucro de grandes grupos econômicos.  O BB comprou 49% do Banco Votorantim, aportando mais de 4,9 bilhões, numa operação que capitalizou a família do empresário Antônio Ermírio de Moraes e causou um prejuízo ao longo de quatro anos passou dos três bilhões. Mais recentemente, explodiu a inadimplência do grupo OGX que gerou quase 548 milhões de prejuízo em operações do “insuspeito” Eike Batista afiançadas pelo Banco Votorantim/BB (2). 
A sete Brasil “explodiu” a PCLD do Banco em 2015 com outro calote bilionário (3).
A irresponsabilidade da alta cúpula do BB  gerou prejuízos enormes e suas diretrizes jogaram nas costas do funcionalismo a responsabilidade pela recuperação do enorme impacto na PCLD, gerando mais assédio e cobrança. O resultado da estratégia "genial" dos dirigentes do BB foi uma queda nos lucros em relação a 2015 da ordem de 60%.
Filas enormes, funcionários superexplorados.
 
O plano de agências digitais, agências de negócios PJ e PF, gerou milhares de descomissionamentos, centenas de agências fechadas, aumento da carga de trabalho, piora  nas condições de trabalho e uma penalização ainda maior dos clientes, sobretudo os mais pobres, que são os que mais precisam das agências. O caos total que se instalou nas agências remanescentes já se faz sentir. Em meio a tudo isso, o banco ainda está cobrando a melhoria do atendimento com a diminuição das reclamações dos clientes na ouvidoria e no BACEN. Como se fosse possível melhorar o atendimento obrigando funcionários que já eram sobrecarregados a se desdobrarem para suprir a falta dos colegas transferidos, aposentados ou descomissionados.  
    
O Banco ataca e o Sindicato se esconde.
            Diante do que se configura no maior ataque ao funcionalismo do BB que se tem notícia, o Sindicato dos Bancários do Rio, seguindo orientação da CONTRAF, sequer convocou uma assembleia específica. Os funcionários foram deixados a mercê das (des)informações do Banco e sem a possibilidade de discutirem, em assembleia, alternativas para organizar a resistência.
Resistir é preciso. O caminho é a organização coletiva.
            Os funcionários que contribuíram para os resultados espetaculares do BB nos anos recentes, hoje estão sendo humilhados, forçados a bater de porta em porta para manterem as comissões, sem sucesso. É hora nos conscientizarmos de que não existe salvação individual diante desses ataques.
            Nós da UNIDADE CLASSISTA fazemos um chamado a todas e todos os colegas do BB à unidade de ação contra essas medidas covardes do banco. E para começarmos a preparar a nossa contraofensiva é preciso que o sindicato convoque urgentemente uma assembleia específica do BB para iniciarmos um forte movimento de resistência.
Assembleia específica do BB Já!
Restituição das comissões!
Reabertura das agências fechadas!
Concurso público para reposição de vagas!

NA CAIXA, MENOS EMPREGADOS E MAIS SUFOCO!

 
O que 2017 tem trazido até agora para os empregados da Caixa? De bom, NADA.           

Começamos o ano com um PDVE que reduziu ainda mais a quantidade de funcionários da Empresa – e a direção da Caixa já deixou claro que não haverá reposição dessas vagas. Mas por outro lado o volume de trabalho só aumentou, especialmente após a liberação dos saques das contas inativas do FGTS. Em português claro, o governo ilegítimo do Usurpador “Fora Temer” quer “fazer um agradinho” aos trabalhadores com a liberação do FGTS e os empregados da Caixa pagam a conta, trabalhando aos sábados e se esfalfando pra atender uma quantidade enorme de gente a semana inteira!
 
E qual o “reconhecimento” com que a Caixa retribui a dedicação de seus empregados? Só mais descaso e ataques: uma “2ª parcela da PLR” que mais parece ajuda de custo ou Bolsa Família (“resultado” de um fechamento de balanço ultra mal explicado) e a cruel e desastrada tentativa de aumentar a mensalidade do Saúde Caixa!
 
Pra piorar ainda mais o que já estava ruim, a FUNCEF não atualiza o valor do saldo das contas do Novo Plano desde janeiro de 2017, porque seu investimento na Eldorado está na mira da Polícia Federal (na chamada Operação Greenfield, que investiga investimentos suspeitos e danosos dos fundos de pensão). Resultado: os colegas que saíram no PDVE e querem resgatar o saldo do Novo Plano não conseguem fazer o resgate, pois os resgates estão SUSPENSOS SEM PREVISÃO!
 
Nada disso é à toa ou “fato isolado”. Claramente, a administração Gilberto Occhi está fazendo o mesmo que as diretorias do BB e da Petrobrás: enfraquecendo as estatais por dentro para permitir sua privatização!
 
Numa situação dessas, não podemos ter um “Sindiquieto” como estamos vendo aqui no Rio. Não basta chamar “plenárias” sem poder de deliberação: precisamos deflagrar uma campanha massiva de defesa da Caixa e dos direitos dos empregados, contra os ataques e a ameaça de privatização.
 
Nós da UNIDADE CLASSISTA fazemos um chamado a todas e todos os colegas da Caixa à luta contra a exploração dos empregados e o desmonte da Caixa. Para isso, é preciso que o Sindicato convoque urgentemente uma assembleia específica da Caixa onde possamos decidir os rumos da luta de resistência.

Assembleia específica da Caixa Já!
Convocação imediata dos concursados!
                                                                              Não à privatização!           
 

domingo, 9 de abril de 2017

Fórum das Centrais convoca paralisação nacional para 28 de abril


Reunidos na cidade de São Paulo na última segunda-feira (27), representantes das Centrais Sindicais discutiram a construção de uma agenda comum de resistência às contrarreformas em curso no Congresso Nacional. Membros da Coordenação Nacional da Unidade Classista estiveram presentes para acompanhar a reunião.

Apesar das profundas divergências políticas em relação ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a natureza do governo Temer e o próprio papel do movimento sindical no atual momento, os dirigentes das Centrais chegaram a alguns consensos.
Todos avaliaram de forma positiva as atividades realizadas em 15 de março, dia nacional de paralisações. Assim, identificou-se a importância de dar continuidade a um calendário de ações conjuntas contra as reformas da previdência, trabalhista e as terceirizações.

Definiu-se, por unanimidade, que dia “28 DE ABRIL, VAMOS PARAR O BRASIL”. Nesse sentido, a maioria das entidades presentes também incorporou o dia 31 de março em suas agendas, por entender que a data, inicialmente proposta pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, extrapolou este campo e adquiriu um caráter unitário de preparação do “Abril de Lutas”, rumo à greve geral.

Gravidade dos ataques aos direitos dos trabalhadores impõe unidade tática
Somente a gravidade dos atuais ataques aos direitos dos trabalhadores pode explicar o fenômeno da unificação tática de Centrais e correntes sindicais marcadas por concepções políticas e ideológicas tão diferentes.

As entidades que estão voltadas para as eleições de 2018 aproveitam-se dos processos de mobilização operária e popular para galvanizar suas lideranças políticas e favorecer seu retorno ao governo federal, tendo em vista um novo ciclo de conciliação de classes.

Mesmo os setores mais próximos de Temer são obrigados a compor as articulações sindicais e acenar com alguns gestos de “protesto” para parecer combativos. Por mais que estejam dispostos a negociar direitos, estes setores precisam simular que estão na luta para evitar a desmoralização perante suas bases, desmascarando sua política de colaboração com o empresariado.

Todavia, o dia 15/3 mostrou mais uma vez que, em movimento, os trabalhadores podem avançar na consciência de classe e romper os limites do atual período histórico. Portanto, a tarefa do campo classista é compreender as contradições em jogo e atacar em duas frentes simultâneas: construir a luta de massas para derrotar as contrarreformas do governo Temer e disputar o saldo das mobilizações, contribuindo na politização dos trabalhadores e na formação de um bloco social para superar os ataques do capital e a conciliação de classes, na perspectiva da alternativa anticapitalista e anti-imperialista para o Brasil.

UC Nacional

quinta-feira, 23 de março de 2017

Abaixo o golpe da terceirização: pela anulação imediata do PL 4302!

Ontem, 22/03/17, o Parlamento brasileiro deu mais uma clara demonstração do seu compromisso com o grande capital e sua indiferença em relação aos direitos históricos e necessidades da maioria da população, a classe trabalhadora. Sob o comando de Rodrigo Maia (DEM), 231 deputados, quase todos denunciados por corrupção, votaram pela aprovação do PL 4302. O projeto estava na gaveta desde o final dos anos 1990, porém uma manobra suja do presidente da Câmara o colocou na pauta da noite para o dia, estabelecendo um atalho regimental para agradar o empresariado.


Trocando em miúdos, Maia “passou o rodo” para permitir a terceirização de atividades-fim (essenciais), ampliar o prazo dos contratos temporários de três para nove meses e outras medidas que, em suma, só contribuem para aprofundar a precarização do trabalho. Receoso quanto à possibilidade de aprovar a contrarreforma da previdência, cada vez mais questionada nas ruas como demonstrou o último 15/03, o bloco dominante busca apressar seus golpes em outro flanco: a contrarreforma trabalhista.


O ilegítimo governo Temer alega que se trata de modernizar as leis trabalhistas e facilitar a geração de empregos. Na verdade, porém, tais alterações na legislação promovem um retrocesso de direitos ao período pré CLT (Consolidação das Leis do Trabalho, de 1943) e intensificam o processo de exploração. É público e notório que os trabalhadores terceirizados, mais de 10 milhões de pessoas, possuem médias salariais menores apesar das jornadas maiores. Portanto, o que ocorreu no Congresso Nacional faz parte de uma dura ofensiva patronal, a serviço da burguesia e seus representantes no Estado.


Está mais do que na hora dos trabalhadores darem o troco, exigindo nas ruas a imediata anulação da votação realizada ontem na Câmara dos Deputados, bem como o arquivamento de quaisquer projetos de terceirização, contrarreforma trabalhista, sindical e da previdência. A burguesia declarou guerra, portanto cabe ao proletariado e ao povo brasileiro em geral lançar mão de todas as armas ao seu alcance para barrar os ataques do capital e impedir que a CLT e a Constituição sejam rasgadas: realizar protestos nas casas dos políticos favoráveis aos retrocessos, parar a produção e esvaziar os locais de trabalho para lotar as ruas! Direitos não se negociam, se defendem! Nossa resposta deve ser a radicalização da luta!

Pela imediata revogação do PL 4302!
Contra as reformas trabalhista e da previdência!
É HORA DA GREVE GERAL!

UC Nacional

terça-feira, 14 de março de 2017

O Brasil precisa de uma revolução

O jogo de cartas sebentas e marcadas já começou. De um lado, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves brigam pela candidatura do PSDB à Presidência da República. De outro, Lula se consolida como a única opção do PT para voltar ao poder. O PMDB, como sempre, trabalha para ser o vice, desta feita dos tucanos. Por fora, correm o fascista, cujo nome me recuso a escrever, e Ciro Gomes, pelo PDT, pretendendo ser a alternativa desenvolvimentista e nacionalista. Em suma, nada de novo.

Os possíveis e prováveis candidatos, com exceção do fascista, cuja proposta é autoexplicativa, não têm grandes diferenças entre si. Representam, na essência, as pseudo opções disponibilizadas pelo imperialismo de forma a manter seu poder e seus imensos lucros.

Nenhum dos aspirantes ao Planalto defende uma economia voltada para os interesses populares, uma verdadeira mudança, uma mudança estrutural. Não criticam a pseudo dívida pública, as privatizações, nem as ditas parcerias público-privadas, na qual o Estado entra com os recursos e as empresas, e os capitalistas ficam com os lucros. Nem mesmo quando são privatizações de lesa pátria, diretamente prejudiciais à população, como as encaminhadas pelo governo ilegítimo nas áreas de transporte, saneamento e energia.

Enquanto isso, as contrarreformas da Previdência e Trabalhista estão em trâmite no congresso, com grandes chances de ser aprovadas, talvez com algumas alterações pontuais devido ao clamor popular, mas resguardando sua essência contrária aos interesses dos trabalhadores.

Nos tornamos reféns dos banqueiros internacionais que comandam o Planalto, o congresso, os governos estaduais e municipais, além da mídia empresarial, de grande e negativa influência junto à maioria da população.

No curto e médio prazo não há perspectiva de superar os ditames dos “donos do mundo”, imbuídos em manter suas altas taxas de lucros, apesar da crise que o capitalismo enfrenta há uma década.

Não vivemos apenas uma crise política, como muitos gostam de alardear. Vivemos uma crise estrutural, na qual os sistemas político e econômico se encontram falidos, sem quaisquer alternativas, daí a crescente repressão e fascistização.  Não há saída dessa crise pela via eleitoral.

Em contrapartida a esse quadro fúnebre, o sentimento da grande maioria da população é de insatisfação.  Crescente insatisfação. A queda do poder aquisitivo, a retirada de direitos, a avassaladora repressão, a falta de empregos, os baixíssimos salários e as denúncias de corrupção, entre tantas outras coisas, levam o povo à descrença.

Basta conversar com o trabalhador rural, fabril, prestador de serviços para detectar total descrença nos “políticos”, em suas promessas e propostas. Votam por votar, conduzidos pela mídia empresarial, por campanhas publicitárias cada vez mais caras, e pelo velho regime de pequenos coronéis, os “amigos” que indicam o nome de A ou B visando seus interesses particulares.

Apesar dessa crescente insatisfação, não há claramente uma alternativa. Afora os sem terra, os sem teto, algumas categorias de trabalhadores e eventuais lutas comunitárias, grande parte da população se encontra paralisada, com reações pontuais. O peleguismo dominante nas direções sindicais é outro elemento a contribuir para a continuidade de um regime falido e sem perspectivas de interesse popular.

Ainda assim, há exemplos históricos de que os povos se levantam. A gloriosa Comuna de Paris, a comemorar 146 anos no próximo dia 18 de março, é o mais famoso. Lá, como aqui, faltou uma direção centralizada, disciplinada e organizada para conduzir a grande experiência socialista do mundo industrial no século XIX.

Apesar de não termos um partido e/ou uma frente política capaz de conduzir as mudanças necessárias, é preciso acabar com esse sistema falido que tanto prejudica o nosso povo. O País necessita de radical transformação social, que tenha como protagonistas os trabalhadores e as camadas populares.

O Brasil precisa de uma revolta dos trabalhadores, do povo, não um golpe empresarial-militar como o de 64. De uma verdadeira revolução!

Afonso Costa
Jornalista

segunda-feira, 6 de março de 2017

O enfrentamento decisivo ao assalto da Previdência: construir a luta pelas bases e organizar o campo sindical classista

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Como têm demonstrado exaustivamente os dados da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (ANFIP), da Auditoria Cidadã da Dívida, além de outras instituições e pesquisadores reconhecidos, o famigerado “rombo da Previdência” não passa de uma grotesca e repugnante farsa. Mesmo em tempos de crise, o sistema brasileiro de Seguridade Social continua arrecadando mais do que gastando. Em 2015, por exemplo, sobraram mais de 11 bilhões de reais. Portanto, mesmo deixando de lado o viés social da questão para encará-la de um ponto de vista puramente contábil, a cantilena contrarreformista não tem sustentação alguma na realidade.

Os cálculos “criativos” através dos quais as elites e seus fiéis servos nos três poderes procuram justificar o calote nos direitos adquiridos da classe trabalhadora isolam a Previdência do conjunto da Seguridade Social, o que contraria a Constituição. Logo, se o Governo Federal e a esmagadora maioria do Congresso Nacional não fossem meros fantoches do empresariado que patrocina suas campanhas, poderiam estar discutindo como utilizar o superávit da Seguridade Social para melhor assegurar a garantia dos direitos da população.

Como não passam de capachos da burguesia brasileira e internacional, Temer e seus aliados no Parlamento aprovaram a elevação da Desvinculação das Receitas da União (DRU) para 30%, ampliando o desvio oficial de verbas das políticas sociais para o pagamento da dívida pública, a qual, além de nunca ter sido auditada como prevê a lei, está atrelada à mais alta taxa de juros do mundo. Não satisfeitos, determinaram o congelamento dos investimentos públicos pelos próximos vinte anos. No mesmo período, porém, o pagamento de juros da dívida pode crescer à vontade, pois para este gasto – a verdadeira causa do rombo nas contas do Governo -, não foi estabelecido teto.

Agora, querem criar regras tão absurdas para a aposentadoria que, caso aprovadas, a tornarão praticamente impossível à imensa maioria dos brasileiros. Fica cada vez mais claro o que está por trás da virulenta campanha contra mais essa conquista histórica dos trabalhadores: destruir a Previdência pública, baseada em princípios de solidariedade e justiça social, para favorecer o mercado de planos privados. Apesar dos discursos preocupados com as gerações futuras, a real motivação dos inimigos da Previdência passa longe da generosidade. O que de fato os interessa é transferir para o setor privado o controle sobre centenas de bilhões de reais movimentados apenas no regime geral, sem contar os regimes próprios. Assim, os capitalistas poderão realizar aplicações financeiras com os recursos e, caso percam suas apostas no cassino da especulação, basta anunciar falência e deixar o ônus com quem trabalhou e pagou por toda a vida.

Trocando em miúdos, está sendo preparado um grande assalto à Previdência Social. Mais um capítulo da ofensiva contra as barreiras legais erguidas com muita luta pelo proletariado para impor limites à exploração e à ganância dos patrões. A brutalidade do ajuste fiscal operado pelo PMDB é tão grande que até as polícias militares começam a sair do controle, e as Forças Armadas já vêm sendo chamadas para assegurar a repressão a protestos e a gestão militar das cidades.

Enquanto isso, as direções pelegas das grandes centrais sindicais mais uma vez encenam unidade em reuniões de cúpula para discutir uma greve geral que, se depender delas, nunca vai sair do papel. O campo classista e combativo, por sua vez, apesar de ser o único capaz de dirigir a resistência dos trabalhadores em sintonia com seus reais interesses, sem conciliação de classes, segue fragmentado e refém do sectarismo. Há cada vez menos tempo disponível para reverter essa situação. Muito mais que os interesses das organizações anticapitalistas que atuam no movimento sindical brasileiro, estão em jogo os interesses da classe trabalhadora. Esse sempre foi e continuará sendo o referencial para as ações da Unidade Classista.

Nesse sentido, o atual momento exige muito mais que a unidade artificial entre cúpulas sindicais ou o protagonismo isolado de uma ou outra central combativa. A tarefa central dos militantes classistas é construir a luta nas bases e contribuir para a organização unitária do campo combativo, na perspectiva de formação de um bloco. Na avaliação da Unidade Classista, os dois processos caminharão juntos.

O mês de março será crucial. É fundamental fortalecer o dia 08 de março como Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras contra as políticas reacionárias em curso no mundo.

Devemos mobilizar as diversas categorias de trabalhadores para fazer com que o dia 15 de março seja uma data de efetiva paralisação da produção contra a PEC 287 (Reforma da Previdência) e não mais uma mera intenção anunciada pela CUT, CTB, NCST, CSB, UGT e Força Sindical.

Ocupar Brasília no primeiro turno de votação da Contrarreforma da Previdência no Congresso, previsto para 28/03.

FORA TEMER!

Pela Greve Geral contra a PEC 287!!

Por um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora.

Fonte:Coordenação Nacional da Unidade Classista