PCB-RR

quarta-feira, 31 de março de 2021

Abaixo a ditadura de Afonso Costa

O descaso do Governo Federal para com a vida e a saúde dos brasileiros levou o capitão reformado ao maior desgaste desde o início da sua gestão. O inconformismo advém das mais de 300 mil mortes, dos mais de 12 milhões de infectados, da dor e sofrimento de suas famílias e amigos.

Mas vem também da pior gestão econômica no país desde os tempos da ditadura empresarial-militar. O Brasil está em recessão, o desemprego e o subemprego bateram recordes, a fome e a miséria assolam grande parte da população, o comércio sobrevive a duras penas, a indústria, no geral, também paga o pato, e até mesmo o agronegócio, há muito a ponta de lança da economia, sente as consequências de uma política externa descabida, da falta de diplomacia, do reflexo de toda a realidade nacional.

Até os bancos perdem, e isto pode explicar a carta pública dos banqueiros e economistas, e a aproximação deles com os presidentes do Senado e da Câmara: na última sexta (26 de março), foi anunciado que Bradesco, Santander e Itaú tiveram quedas de 2,6%, 10,3% e 11,7% em valor de mercado neste ano, respectivamente.

O teto de gastos, a remuneração da sobra de caixa dos bancos, os estapafúrdios juros e amortizações da dívida pública, as benesses para o grande capital, a privatização e desmonte das estatais coroam essa política econômica, filha dileta da crise do capital em nível nacional e internacional.

Outro fator determinante para o aguçamento da crise é a reentrada do Lula no cenário político. Enquanto o ex-presidente defende a vida e acordos com capital, o atual presidente faz campanha pela morte e é subserviente aos interesses mais predatórios da extrema-direita, da qual faz parte.

O capitão reformado contava com a confirmação da condenação do Lula, conforme deixou claro em entrevista. Foi surpreendido com a decisão favorável ao ex-presidente e mais ainda com seu discurso, no qual fica evidenciada a diferença entre ambos: o primeiro é um estadista, por mais que haja divergências frente a ele; o segundo não serve nem para capitão de time de jogos eletrônicos.

Obviamente, esse quadro traz consequências, daí a iniciativa de tentar se fortalecer, ceder ainda mais para o centrão e a reforma ministerial em curso, com a troca de posições-chaves no governo por pessoas de sua absoluta confiança, que pode sinalizar a tentativa de golpe, já cogitado outras vezes, desta feita apelando para o estado de sítio, justamente contra medidas adotadas por alguns governadores e prefeitos para salvar vidas. Tudo o que esse governo não faz! A falta de vacinas é imperdoável, assim como estimular aglomerações e a não utilização da máscara de proteção. O negacionismo não prevalece sobre os fatos, sobre a ciência.

Cabe ressaltar que o capitão reformado não propugna a morte à toa, é um projeto antigo do capital: reduzir a população do Terceiro Mundo a fim de garantir recursos naturais para os países centrais do capitalismo e seus aliados. Nada em seu teatral comportamento é à toa, utiliza suas parvoíces para tirar o foco de fatos importantes, desfavoráveis a sua conduta a frente do governo.

A tentativa de golpe, tudo indica, não encontra eco em parte das Forças Armadas, da mídia empresarial, de setores conservadores e até mesmo do capital; daí a dificuldade de eventual êxito, ainda que, no Brasil de hoje, tudo seja possível.

Há 36 anos acabou a ditadura empresarial-militar. Assassinatos, tortura, corrupção, subserviência ao capital, principalmente o estrangeiro, corroborados por drástica redução dos direitos dos trabalhadores e do povo em geral são algumas das cicatrizes que ficaram em nossa história. Que não se repita nunca mais. Abaixo a ditadura!

 Afonso Costa é jornalista.

Fonte: https://monitormercantil.com.br