PCB-RR

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A DEMOCRACIA QUE MUDA A VIDA



Bancários devem assumir o controle da campanha salarial
Finalmente, depois de empurrarem com a barriga a nossa campanha salarial até quando puderam, a despeito dos ataques incessantes dos Bancos, a nossa direção bancária nacional, CONTRAF, representada no SEEB-Rio pela maioria da sua direção, marcou a data da primeira assembleia na qual a categoria terá a oportunidade de discutir os rumos da sua campanha salarial. É com este tipo de organização, uma assembleia depois de meses de “teatrinho”, que querem levar a categoria ao enfrentamento com os bancos, setor patronal mais poderoso da burguesia nacional? Nós da Unidade Classista queremos discutir com os bancários algumas questões que devem ser ponderadas antes de partirmos para esta greve.
Situação é Grave
A situação da categoria vai de mal a pior: Salários que não cobrem as despesas mensais e obrigam a massa dos bancários a recorrer aos seus próprios algozes se endividando cada vez mais, não é raro um colega estar tão necessitado de dinheiro que os limites oferecidos pelos seus bancos não são suficientes e ele tem de se endividar, inclusive, junto aos “CREFISAS” da vida; Condições de trabalho asfixiantes, com metas, assédio moral e a guilhotina das demissões e dos descomissionamentos sobre as nossas cabeças, que tem causado o adoecimento e até a morte de muitos colegas.
Os bancários estão enfrentando um grau de exploração e terror Jamais visto. Esta situação se reflete nos números astronômicos dos lucros dos principais bancos (1), que a cada 4 anos dobram o seu patrimônio. Somente os quatro maiores bancos lucraram 20,5 bi, em 2013. Resultado maior do que o PIB de 83 países. Este resultado tem se repetido, ano após ano, com redução do quadro de bancários. Ou seja, o aumento da produtividade da categoria tem sido descomunal.
Diante destes lucros exorbitantes recorrentes, os bancos e o governo têm oferecido pífios reajustes que mal repõe a inflação oficial. A questão da garantia no emprego foi esquecida. As demissões ocorrem antes depois das campanhas salariais sem que a maioria das direções sindicais sequer se manifeste sobre esta questão nas assembleias. Nada avançamos em relação a um plano de carreira que garanta a incorporação das comissões e que livre os bancários da ameaça dos descomissionamentos.
A categoria que tem sofrido tanto para aumentar a felicidade dos bancos é mais uma vez “esculachada” com esta proposta de reajuste ridícula, de 7%, vinda do setor patronal que lucrou só no 1º semestre de 2013, a bagatela de 37,2 bilhões.
Nova campanha, velho “script”
O formato de organização e condução das campanhas salariais que tem sido adotado pela atual direção nacional dos bancários e seguido pela direção do SEEB-RIO, tem se caracterizado pela formulação de uma pauta respaldada por encontros nacionais burocratizados, nos quais, desde as esvaziadas etapas estaduais, a discussão dos problemas da categoria é substituída por palestras estéreis de alguns figurões da burocracia sindical e política. O resultado é que a pauta, as resoluções dos encontros, o calendário e os negociadores dos bancários, não refletem, nem de longe, as aspirações da categoria. Exemplo desta distância entre a categoria e o que é decidido nos encontros foi a aprovação do apoio à reeleição de Dilma, neste último encontro nacional, proposto pelas correntes que dirigem a CONTRAF, majoritariamente composta pelo PT e PC do B. Eles tiveram a “cara-de-pau” de aprovarem o apoio à reeleição de um governo que tem sido um “maná” para os banqueiros daqui e do exterior, com esta política de juros que transferirá, só neste ano, mais de 700 bilhões dos recursos do tesouro para os bolsos da banqueirada, e que como patrão no BB e CEF tem promovido a terceirização, o assédio moral, as metas e as “reestruturações” que tem atormentado os funcionários destes bancos. Cremos que se a categoria fosse protagonista destes encontros este apoio à candidatura Dilma jamais seria aprovado.
A campanha salarial segue “script” que começa com uma pauta “enxuta”, focada num índice que supostamente representa aumento real e deixa de lado temas fundamentais como a garantia no emprego, por exemplo. Depois de vários meses de imobilismo a campanha começa a “esquentar” no mês de setembro, com pequenas peças teatrais que acontecem concatenadas com as primeiras mesas de negociação. Depois vem a primeira assembleia. Na convocação a CONTRAF já sinaliza greve por tempo indeterminado, como se toda a categoria já estivesse suficientemente preparada e mobilizada para encarar, nada menos, que o setor mais poderoso da burguesia nacional e mundial, que tem obtido sucessivos lucros bilionários e ainda conta com a benevolência do governo.
Em assembleias nas quais nem se abre a palavra aos bancários que desejarem se pronunciar e onde não se discutem as dificuldades de organização e de mobilização é aprovada a greve. A categoria, então, é jogada num movimento totalmente controlado pelas burocracias ligadas à CONTRAF, através de assembleias “organizativas” realizadas no decorrer da greve, às quais comparecem uns poucos gatos pingados que nada podem fazer para influenciar nos rumos da paralisação.
Na sequência a greve se arrasta por algumas semanas perdendo força, sem a participação da base e sem perspectivas de avançar. Quando o movimento já dá todos os sinais de esgotamento vem a famosa “cereja no bolo”, com os 0,5% ou 0,8% que faltavam na proposta dos bancos. Aí vem o “gran finale” com as melancólicas assembleias cheias de fura-greves que votam pela aceitação de mais um pífio reajuste e mais alguns penduricalhos e promessas que em nada melhorarão a vida dos bancários.
Para mudar o rumo
Nós da Unidade Classista acreditamos que é necessário mudar imediatamente a forma como as campanhas salariais estão sendo conduzidas do contrário amargaremos mais um ano de penúria. Precisamos combater ferozmente as tentativas de controle exercidas pela atual direção dos bancários. Acreditamos que um dos caminhos e retomar a democracia nas assembleias.
Propomos a seguinte pauta para levarmos às assembleias que deverão ocorrer nos próximos dias:
-   Democracia nas assembleias já! Pela abertura das falações a todos os bancários na assembleia;
-   Pela eleição dos representantes dos bancários na mesa de negociação nas assembleias;
-   Chega de greve terceirizada! Greve sem bancários nos piquetes é encenação;
-   Garantia no emprego já!
Para que possamos aprovar esta pauta e tentar dar novo rumo à campanha, a categoria bancária tem de tomar as rédeas desta campanha salarial. Precisamos nos articular com nossos colegas de outras agências, nos organizar, comparecer em massa nas assembleias.
A história provou que quando os trabalhadores se organizaram, participaram em massa e tomaram para si o controle e a responsabilidade das suas lutas, grandes vitórias foram conquistadas e grandes lições foram aprendidas. Estas lições não podem ser esquecidas. Entre elas, a mais importante é a de que a verdadeira democracia é aquela exercida diretamente pelos trabalhadores, sem intermediários, através das suas assembleias, dos seus organismos de classe. Esta democracia é a democracia que ensina os trabalhadores a governarem os seus próprios destinos. Esta é a democracia que muda a vida. Nós podemos começar a mudar nossas vidas a partir desta campanha salarial e aliviar o nosso sofrimento impondo uma derrota aos banqueiros e ao governo.
Vamos mudar este “script” construindo a verdadeira democracia e escrevendo uma história de vitória para esta greve!

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