Bancários devem assumir o controle da campanha salarial
Finalmente,
depois de empurrarem com a barriga a nossa campanha salarial até quando
puderam, a despeito dos ataques incessantes dos Bancos, a nossa direção
bancária nacional, CONTRAF, representada no SEEB-Rio pela maioria da
sua direção, marcou a data da primeira assembleia na qual a categoria
terá a oportunidade de discutir os rumos da sua campanha salarial. É com
este tipo de organização, uma assembleia depois de meses de
“teatrinho”, que querem levar a categoria ao enfrentamento com os
bancos, setor patronal mais poderoso da burguesia nacional? Nós da Unidade Classista queremos discutir com os bancários algumas questões que devem ser ponderadas antes de partirmos para esta greve.
Situação é Grave
A
situação da categoria vai de mal a pior: Salários que não cobrem as
despesas mensais e obrigam a massa dos bancários a recorrer aos seus
próprios algozes se endividando cada vez mais, não é raro um colega
estar tão necessitado de dinheiro que os limites oferecidos pelos seus
bancos não são suficientes e ele tem de se endividar, inclusive, junto
aos “CREFISAS” da vida; Condições de trabalho asfixiantes, com metas,
assédio moral e a guilhotina das demissões e dos descomissionamentos
sobre as nossas cabeças, que tem causado o adoecimento e até a morte de
muitos colegas.
Os
bancários estão enfrentando um grau de exploração e terror Jamais
visto. Esta situação se reflete nos números astronômicos dos lucros dos
principais bancos (1), que a cada 4 anos dobram o seu patrimônio.
Somente os quatro maiores bancos lucraram 20,5 bi, em 2013. Resultado
maior do que o PIB de 83 países. Este resultado tem se repetido, ano
após ano, com redução do quadro de bancários. Ou seja, o aumento da
produtividade da categoria tem sido descomunal.
Diante
destes lucros exorbitantes recorrentes, os bancos e o governo têm
oferecido pífios reajustes que mal repõe a inflação oficial. A questão
da garantia no emprego foi esquecida. As demissões ocorrem antes depois
das campanhas salariais sem que a maioria das direções sindicais sequer
se manifeste sobre esta questão nas assembleias. Nada avançamos em
relação a um plano de carreira que garanta a incorporação das comissões e
que livre os bancários da ameaça dos descomissionamentos.
A
categoria que tem sofrido tanto para aumentar a felicidade dos bancos é
mais uma vez “esculachada” com esta proposta de reajuste ridícula, de
7%, vinda do setor patronal que lucrou só no 1º semestre de 2013, a
bagatela de 37,2 bilhões.
Nova campanha, velho “script”
O
formato de organização e condução das campanhas salariais que tem sido
adotado pela atual direção nacional dos bancários e seguido pela direção
do SEEB-RIO, tem se caracterizado pela formulação de uma pauta
respaldada por encontros nacionais burocratizados, nos quais, desde as
esvaziadas etapas estaduais, a discussão dos problemas da categoria é
substituída por palestras estéreis de alguns figurões da burocracia
sindical e política. O resultado é que a pauta, as resoluções dos
encontros, o calendário e os negociadores dos bancários, não refletem,
nem de longe, as aspirações da categoria. Exemplo desta distância entre a
categoria e o que é decidido nos encontros foi a aprovação do apoio à
reeleição de Dilma, neste último encontro nacional, proposto pelas
correntes que dirigem a CONTRAF, majoritariamente composta pelo PT e PC
do B. Eles tiveram a “cara-de-pau” de aprovarem o apoio à reeleição de
um governo que tem sido um “maná” para os banqueiros daqui e do
exterior, com esta política de juros que transferirá, só neste ano, mais
de 700 bilhões dos recursos do tesouro para os bolsos da banqueirada, e
que como patrão no BB e CEF tem promovido a terceirização, o assédio
moral, as metas e as “reestruturações” que tem atormentado os
funcionários destes bancos. Cremos que se a categoria fosse protagonista
destes encontros este apoio à candidatura Dilma jamais seria aprovado.
A
campanha salarial segue “script” que começa com uma pauta “enxuta”,
focada num índice que supostamente representa aumento real e deixa de
lado temas fundamentais como a garantia no emprego, por exemplo. Depois
de vários meses de imobilismo a campanha começa a “esquentar” no mês de
setembro, com pequenas peças teatrais que acontecem concatenadas com as
primeiras mesas de negociação. Depois vem a primeira assembleia. Na
convocação a CONTRAF já sinaliza greve por tempo indeterminado, como se
toda a categoria já estivesse suficientemente preparada e mobilizada
para encarar, nada menos, que o setor mais poderoso da burguesia
nacional e mundial, que tem obtido sucessivos lucros bilionários e ainda
conta com a benevolência do governo.
Em
assembleias nas quais nem se abre a palavra aos bancários que desejarem
se pronunciar e onde não se discutem as dificuldades de organização e
de mobilização é aprovada a greve. A categoria, então, é jogada num
movimento totalmente controlado pelas burocracias ligadas à CONTRAF,
através de assembleias “organizativas” realizadas no decorrer da greve,
às quais comparecem uns poucos gatos pingados que nada podem fazer para
influenciar nos rumos da paralisação.
Na
sequência a greve se arrasta por algumas semanas perdendo força, sem a
participação da base e sem perspectivas de avançar. Quando o movimento
já dá todos os sinais de esgotamento vem a famosa “cereja no bolo”, com
os 0,5% ou 0,8% que faltavam na proposta dos bancos. Aí vem o “gran
finale” com as melancólicas assembleias cheias de fura-greves que votam
pela aceitação de mais um pífio reajuste e mais alguns penduricalhos e
promessas que em nada melhorarão a vida dos bancários.
Para mudar o rumo
Nós
da Unidade Classista acreditamos que é necessário mudar imediatamente a
forma como as campanhas salariais estão sendo conduzidas do contrário
amargaremos mais um ano de penúria. Precisamos combater ferozmente as
tentativas de controle exercidas pela atual direção dos bancários.
Acreditamos que um dos caminhos e retomar a democracia nas assembleias.
Propomos a seguinte pauta para levarmos às assembleias que deverão ocorrer nos próximos dias:
- Democracia nas assembleias já! Pela abertura das falações a todos os bancários na assembleia;
- Pela eleição dos representantes dos bancários na mesa de negociação nas assembleias;
- Chega de greve terceirizada! Greve sem bancários nos piquetes é encenação;
- Garantia no emprego já!
Para
que possamos aprovar esta pauta e tentar dar novo rumo à campanha, a
categoria bancária tem de tomar as rédeas desta campanha salarial.
Precisamos nos articular com nossos colegas de outras agências, nos
organizar, comparecer em massa nas assembleias.
A
história provou que quando os trabalhadores se organizaram,
participaram em massa e tomaram para si o controle e a responsabilidade
das suas lutas, grandes vitórias foram conquistadas e grandes lições
foram aprendidas. Estas lições não podem ser esquecidas. Entre elas, a
mais importante é a de que a verdadeira democracia é aquela exercida
diretamente pelos trabalhadores, sem intermediários, através das suas
assembleias, dos seus organismos de classe. Esta democracia é a
democracia que ensina os trabalhadores a governarem os seus próprios
destinos. Esta é a democracia que muda a vida. Nós podemos começar a
mudar nossas vidas a partir desta campanha salarial e aliviar o nosso
sofrimento impondo uma derrota aos banqueiros e ao governo.
Vamos mudar este “script” construindo a verdadeira democracia e escrevendo uma história de vitória para esta greve!
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