PCB-RR

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Crimes contra a humanidade

*Afonso Costa
Este ano de 2011 tem sido pródigo em ensinamentos e verdades até então disfarçados e ocultos.
A reação popular ao acirramento da crise econômica que se prolonga desde 2008 demonstra que, apesar da cumplicidade da maioria dos meios de comunicação em nível mundial, parte da população, uma parte a cada dia maior, despertou para a verdade tão bem decantada pelos manifestantes de Wall Street: 1% da população fica com 99% da renda dos EUA, enquanto 99% da população ficam com 1% da renda do mesmo país. Nesse mesmo “princípio” se baseia a imensa maioria dos países no planeta.
De dentro da pátria mãe do imperialismo vem a denúncia para o mundo da barbárie que significam as sistemáticas benesses ofertadas aos bancos, aos grandes conglomerados, às chamadas transnacionais.
Na Inglaterra, na Irlanda, na Itália, na França, na Espanha e em Portugal milhões de pessoas já entenderam o mal que o imperialismo representa para a humanidade. A luta do povo grego contra o pacote propugnado pelo Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, com o beneplácito dos governos reacionários dos países acima citados e outros mais como Áustria e Alemanha, demonstra haver condições de resistir, de enfrentar o monstro que ameaça considerável parte da humanidade em sua sanha para ‘sobreenriquecer’.
A contradição inerente ao capitalismo nunca esteve tão clara, nunca demonstrou-se tão frágil, tão desumana. A crescente acumulação de capital pressupõe a mais valia, a apropriação de parte dos salários dos trabalhadores, bem como o desemprego, a manutenção do exército de mão de obra de reserva, para manter os salários baixos. Essa condição sine qua non se contradiz com a necessidade de vender os produtos e serviços que as empresas dos capitalistas produzem. Ora, se os consumidores não possuem recursos pois seus salários são baixos e/ou estão desempregados, como conseguirão consumir? Obviamente que não o bastante para manter as altas taxas de lucros que o capitalismo necessita para se reproduzir. Aí se dá a contradição. Daí vem as guerras, o ataque aos estados nacionais, o neoliberalismo e os incontáveis males que afetam a humanidade.
Contraponto
A bem da verdade uma minoria em escala mundial lucra trilhões de dólares às custas de mais um bilhão de pessoas na miséria, ou seja, ganhando menos de um dólar por dia. Quantos seres humanos passam fome para que os trilhardários continuem a lucrar, a desfilar em seus aviões e seus iates? Quantos seres humanos não tem acesso a atendimento médico pelo mesmo motivo? Quantos se suicidam por falta por falta de perspectivas? Quantos se desesperam? Quantos vivem sem a menor dignidade?
Os responsáveis por esses males continuam encastelados, enquanto a mídia vendida faz a propaganda abjeta do capitalismo, atualmente do neoliberalismo, do corte de gastos públicos, da salvação do sistema financeiro mundial. Não se vê, se ouve ou se lê essa mesma mídia vendida defender a maioria da população que sobrevive em condições desumanas.
Aqui na terrinha perguntamos onde estão os outrora companheiros que lutaram pela Anistia, pelas Diretas Já, pelo fim da ditadura militar, pelo impeachment de Collor, contra o governo do príncipe das trevas? Neste momento estão fazendo exatamente aquilo que tanto combateram, venderam-se por cargos públicos, benesses, corrupção desenfreada, pela mosca azul do poder. Querem governabilidade pra quê? Apenas para fazer parte da elite que massacra o povo brasileiro. E ainda tem a coragem de usar a expressão companheiros. É deplorável!
O atual governo vem aos jornais afirmar que pretende combater a pobreza. Como, se destina R$ 125 bilhões anuais para pagar agiotas nacionais e internacionais, e combate a pequena elevação de recursos destinados à saúde? Como acabar com a miséria com apenas R$ 300,00 mensais, como os destinados às famílias pobres do campo? No total levantado pelos institutos de pesquisa são um total de 75 mil famílias, portanto o gasto mensal é de R$ 22,5 milhões. O custo anual será de R$ 270 milhões. Muito menos é pago mensalmente aos agiotas.
Como por fim à violência se o desemprego atinge mais de 10% da população economicamente ativa? Como enxergar futuro se os jovens tem professores mal pagos, lotam as penitenciárias, são a maioria dos assassinados e muitos sequer sabem ler e escrever? Como sobreviver com um salário mínimo menor que o pago mensalmente apenas para a gasolina dos parlamentares?
Basta! É preciso que a verdade venha à tona, que os seres humanos de bem se unam para acabar com a hipocrisia que beneficia poucos em detrimento da felicidade, da própria sobrevivência, da dignidade da maioria da população.
O Brasil infelizmente faz parte dos países que deixou seus cidadãos órfãos, que abandonou os seres humanos e abraçou a mentira, a corrupção, os políticos sem caráter (com raras exceções), os ricos, enfim todo um sistema criminoso que penaliza a quem trabalha ou precisa trabalhar. Não é apenas a crise econômica que permeia o mundo, mas sim a crise de falta de caráter, da ausência de valores, de sentimentos humanitários. Estes sim são os ensinamentos e as verdades que a duras penas a população mundial enxerga com ausentes em seus governantes e nos mandatários da morte e do lucro.
*Afonso Costa é Jornalista



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