PCB-RR

domingo, 23 de novembro de 2014

Demitiram a raposa

Maior representante do agronegócio, a senadora Kátia Abreu (PMDB-GO) é dada como indicada pela presidente Dilma para ser a próxima ministra da Agricultura. Parece contraditório, mas não é.
 
Kátia Abreu é defensora da concentração de terras nas mãos de poucos produtores rurais. Luta incansavelmente contra a reforma agrária. Defende a utilização de agrotóxicos e de sementes de laboratório, apoiadora de primeira hora da multinacional Monsanto.
 
É a favor do desmatamento desenfreado, da especulação via terras improdutivas, do arrocho e más condições de trabalho para os trabalhadores rurais, enfim representa o que há de mais atrasado no campo.
 
Maior expressão da bancada ruralista, sua indicação garante – em troca de mais concessões -  apoio ao governo no congresso nacional de parlamentares de vários partidos, pois é assim que os ruralistas atuam, não se organizam em um único partido, pois temem vir a público defender suas idéias e práticas antipopulares.
 
O código florestal, a PEC do trabalho escravo, os financiamentos públicos para os grandes produtores rurais e todos os temas ligados à questão da terra encontram na senadora uma ardorosa defensora dos privilégios alcançados no primeiro governo Dilma. Agora, eles querem ir ainda mais longe, afinal o Brasil é um dos celeiros do planeta.
 
Não satisfeita com tal submissão à elite, a presidente Dilma convidou Luiz Trabuco, presidente do Bradesco, para ser o novo ministro da Fazenda. Com a sua negativa a bola da vez passou a ser o superintendente do Bradesco Asset Management, Joaquim Levy, ex-secretário do ex-ministro Antonio Palocci, de triste memória. Como presidente do Banco Central deve continuar Alexandre Tomibini.
 
Cotado para o Ministério do Planejamento, Nelson Barbosa já ocupou vários cargos na área econômica do governo federal, tanto com FHC quanto com Lula, além de ser professor universitário. Também já foi do Bradesco.
 
Os três têm em comum a prioridade de manter alto o superávit primário, ou seja, o pagamento da dívida para os bancos, em detrimento do país e povo. Tanto que já anunciaram cortes de despesas, priorizando reduzir o seguro desemprego, o abono salarial e as pensões por morte. Isso só para começar, pois um dos seus alvos principais será a Previdência Social, apesar do fator previdenciário, das regras draconianas para se aposentar e dos baixíssimos valores pagos aos aposentados e pensionistas.
 
Muitos daqueles que votaram no mal menor ainda não estão arrependidos, pois o fascismo de parte dos apoiadores de Aécio os amedronta. Como se ele fosse necessário para entregar cada vez mais o país nas mãos das transnacionais.
 
Pobre da raposa.
 
Afonso Costa
Jornalista

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