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terça-feira, 19 de novembro de 2013

Greve de 2013: De protagonistas a figurantes!




Terminou mais uma campanha salarial dos bancários que, a exemplo das últimas, não foi mais do que a encenação de um triste espetáculo no qual os bancários participaram de forma muito tímida. Nós, que deveríamos ser os protagonistas desta peça, deixamos o papel principal e passamos a meros figurantes. Desde o inicio, com a pouca participação nos congressos para discussão da pauta e estratégia da campanha, na pequena presença nas assembleias de deflagração e de organização do movimento e, por fim, na baixa adesão ao movimento grevista. A greve, praticamente inexistente nos bancos privados, foi fraca inclusive nos bancos públicos, com uma grande quantidade de agências fechadas, mas com um contingente enorme de funcionários no seu interior, trabalhando.

Governo Dilma: totalmente alinhado com os banqueiros

O desenrolar da campanha mostrou também a sintonia fina entre o governo Dilma e os banqueiros. Sempre atenta aos humores dos senhores da banca, dona Dilma usou o peso dos bancos públicos na mesa única para ceder o mínimo durante as negociações e derrotar a greve. Quando se trata de atender aos interesses dos bancos esse governo PT/PMDB age com presteza, aumentando juros, liberando as tarifas e comprando bancos falidos. Com tudo isso, ainda existem dirigentes sindicais, especialmente os da CUT, defendendo e participando de governos como este.

Desorganização e Greve de Pijama

Dos bancários que aderiram ao movimento, a esmagadora maioria fez greve de "pijama", não se incorporando às atividades da greve, o que se refletiu nas melancólicas assembleias durante a paralisação, algumas, acreditem, com no máximo 20 pessoas, incluindo aí diretores do sindicato.

É bem verdade que as direções sindicais majoritárias dos bancários, capitaneadas pela CONTRAF-CUT, entre elas a direção do sindicato dos bancários do Rio, fizeram pouco ou quase nada para estimular a participação dos bancários. A direção do sindicato limitou-se a fazer o que sempre faz: empurrar a campanha com a "barriga" sem convocar em momento algum a categoria para discutir a organização da campanha salarial para, nos últimos momentos, quando vem a famosa proposta rebaixada dos bancos, decretam uma greve por tempo indeterminado sem a menor organização de base e, principalmente, sem que tenha sido feita uma discussão consistente nos locais de trabalho. De todos os mais de 120 diretores do sindicato pouquíssimos deram as caras nas agências.

Greve terceirizada: bancários ausentes e tranquilidade para os bancos

Este modelo de "mobilização" ou, melhor dizendo, de desmobilização, tem levado a categoria a acreditar que a sua luta pode ser terceirizada e que o sindicato é um prestador de serviços que, entre outras coisas, deve planejar, organizar e executar uma greve, praticamente a revelia da categoria. Nesse sentido, os bancários de forma generalizada encaram a campanha salarial como se não fosse a sua responsabilidade construí-la, desde a pauta até a greve, enxergam o movimento grevista como um processo de rotina pelo qual a categoria passa todos os anos, que segue um "script" determinado com início, meio e fim, cujo resultado, previsível, será atingido independente da sua participação na luta. Toda esta cadeia de eventos previsível na qual se transformaram as greves de bancários tem contribuído e muito para a deseducação de toda uma geração de bancários que acreditam que poderá haver alguma conquista sem um enfrentamento real com os bancos.

Uma campanha salarial, controlada pelas cúpulas sindicais, com piqueteiros terceirizados, escala de funcionários negociada com os gerentes gerais,  negócios sendo realizados a todo vapor na rede de agências e pelas diretorias, só interessa mesmo aos banqueiros, que dessa forma, passam tranquilamente por uma paralisação de muitos dias. Quem fica no prejuízo é a população mais pobre, expulsa das agências, que fechadas ao grande público se dedicam a bater as famosas metas.

Resultados Pífios

O resultado não poderia ter sido outro. Depois de mais de duas semanas de uma greve com baixíssima participação da base, sustentada com piqueteiros contratados pelo sindicato e com assembleias organizativas que, pela quantidade ínfima de bancários, sequer mereciam o nome de assembleias, tivemos que amargar mais um ano de reajuste salarial pífio (8%) que mal dá para repor as perdas do último ano e certamente não será suficiente para garantir o poder de compra até o ano que vem. Isto diante de um lucro de mais de 30 bilhões (1) dos bancos. Só o Banco do Brasil lucrou mais de 10 bilhões no último semestre.

Além disso, pouco  avançamos no piso salarial, que continua absurdamente rebaixado e nos torna reféns das comissões. Em nada evoluiu o nosso plano de carreira, que não garante a incorporação das funções ao longo dos anos, e diante deste quadro de ampliação das demissões, inclusive em bancos públicos, nada avançamos na conquista da garantia no emprego.

Trocando em miúdos, o pouco que conquistamos nesta campanha será pago com juros e correção monetária aos bancos, que continuarão demitindo em massa, trocando salários maiores por novos funcionários pior remunerados e promovendo o desmonte de setores internos, como no caso do Banco do Brasil, o que sobrecarregará ainda mais os bancários.

Lição importante: Aprender ou perecer

Esperamos que esta campanha tenha servido de lição para todos nós bancários, pois estamos diante de uma crise capitalista internacional cujas consequências são cada vez mais sentidas no Brasil e que significará um aprofundamento da exploração dos trabalhadores brasileiros com mais demissões, ataques aos direitos trabalhistas, e a única forma de resistirmos a estes ataques e tentarmos avançar é com uma coesa e determinada luta de todos os trabalhadores.

Não tenhamos ilusões, esta luta não será travada pelos sindicatos sozinhos. Ela não pode ser terceirizada. Apenas com a nossa participação efetiva teremos chance de resistir e virar este jogo.

A categoria está diante de um momento decisivo onde deve optar em permitir que os bancos continuem a lucrar bilhões e bilhões à custa da nossa saúde física e mental e até mesmo das nossas vidas, ou, se vai dar um basta, tomar partido da luta e trabalhar pelo fortalecimento da nossa organização.
 
Vamos à luta, bancários e bancárias!!
(1) http://www.feebpr.org.br/lucroban.htm

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