Rosa
Luxemburgo antes de ser assassinada pelos nazistas prenunciou:
socialismo ou barbárie. Estamos vivendo a barbárie. E não é de hoje.
O
dia 12 de agosto, segunda-feira, foi marcado pelos 30 anos do
assassinato de Margarida Maria Alves, morta na frente da sua casa com um
tiro de escopeta no rosto, presenciado pelo seu filho pequeno.
Margarida
foi a primeira presidente (com “E”) mulher do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Lutou pela carteira
de trabalho assinada, férias, 13º salário, jornada de oito horas e
outros direitos dos trabalhadores.
Poucos
meses antes de ser assassinada denunciou as ameaças que sofria, sem
qualquer providência das autoridades, e declarou com toda a sua força:
“É melhor morrer na luta do que morrer de fome”. Infelizmente proféticas
palavras, lembrando Emiliano Zapata, o líder da revolução camponesa
mexicana, que também deixou claro sua disposição: “É melhor morrer de pé
do que viver de joelhos”.
Os assassinos até hoje gozam da liberdade, sem que jamais qualquer envolvido tenha sido preso.
Cinelândia
Presenciamos
ontem, dia 15 de agosto, novas cenas de barbárie promovidas pela
Polícia Militar, apenas porque alguns brasileiros denunciavam e cobravam
providências a favor da CPI dos Ônibus, tomada por vereadores ligados
ao prefeito Eduardo Paes, que são contra a Comissão Parlamentar de
Inquérito, mas que abocanharam sua presidência e a relatoria. Nova pizza
à vista?
As
perguntas que não querem calar são óbvias: porque o prefeito tem tanto
medo da CPI dos Ônibus? O que há de tão nefasto ao povo carioca que não
pode ser descoberto? Porque tanto empenho em não deixar funcionar aquela
que deveria ser a casa do povo?
Se
houvesse tanto empenho por parte da polícia submetida aos ditames do
governador Sérgio Cabral, se houvesse 1/3 dos policiais exercendo seu
papel e deixando a democracia ser exercida, teríamos índices de
criminalidade bem inferiores no estado e na cidade do Rio de Janeiro.
Muitas vidas poderiam ser salvas, inclusive a de Amarildo. Polícia não é
para bater em manifestante, é para prender bandido, inclusive os de
colarinho branco, com ou sem mandato.
Ao
invés de aprender com o bravo exemplo de Margarida Maria Alves, as
autoridades seguem os passos de seus algozes e promovem a barbárie em
nossa terra, com claros objetivos: perpetuar lucros obscuros e pessoas
desprovidas de cidadania no poder.
Até quando?
Afonso Costa
Jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário