PCB-RR

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Duas vertentes da barbárie

Rosa Luxemburgo antes de ser assassinada pelos nazistas prenunciou: socialismo ou barbárie. Estamos vivendo a barbárie. E não é de hoje.
 
O dia 12 de agosto, segunda-feira, foi marcado pelos 30 anos do assassinato de Margarida Maria Alves, morta na frente da sua casa com um tiro de escopeta no rosto, presenciado pelo seu filho pequeno.
 
Margarida foi a primeira presidente (com “E”) mulher do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Lutou pela carteira de trabalho assinada, férias, 13º salário, jornada de oito horas e outros direitos dos trabalhadores.
 
Poucos meses antes de ser assassinada denunciou as ameaças que sofria, sem qualquer providência das autoridades, e declarou com toda a sua força: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”. Infelizmente proféticas palavras, lembrando Emiliano Zapata, o líder da revolução camponesa mexicana, que também deixou claro sua disposição: “É melhor morrer de pé do que viver de joelhos”.
 
Os assassinos até hoje gozam da liberdade, sem que jamais qualquer envolvido tenha sido preso.
 
Cinelândia
Presenciamos ontem, dia 15 de agosto, novas cenas de barbárie promovidas pela Polícia Militar, apenas porque alguns brasileiros denunciavam e cobravam providências a favor da CPI dos Ônibus, tomada por vereadores ligados ao prefeito Eduardo Paes, que são contra a Comissão Parlamentar de Inquérito, mas que abocanharam sua presidência e a relatoria. Nova pizza à vista?
 
As perguntas que não querem calar são óbvias: porque o prefeito tem tanto medo da CPI dos Ônibus? O que há de tão nefasto ao povo carioca que não pode ser descoberto? Porque tanto empenho em não deixar funcionar aquela que deveria ser a casa do povo?
 
Se houvesse tanto empenho por parte da polícia submetida aos ditames do governador Sérgio Cabral, se houvesse 1/3 dos policiais exercendo seu papel e deixando a democracia ser exercida, teríamos índices de criminalidade bem inferiores no estado e na cidade do Rio de Janeiro. Muitas vidas poderiam ser salvas, inclusive a de Amarildo. Polícia não é para bater em manifestante, é para prender bandido, inclusive os de colarinho branco, com ou sem mandato.
 
Ao invés de aprender com o bravo exemplo de Margarida Maria Alves, as autoridades seguem os passos de seus algozes e promovem a barbárie em nossa terra, com claros objetivos: perpetuar lucros obscuros e pessoas desprovidas de cidadania no poder.
Até quando?
 
Afonso Costa
Jornalista

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