PCB-RR

sábado, 24 de agosto de 2013

Chame o ladrão para afugentar a barata


Uma das funções precípuas do Poder Legislativo é fiscalizar os atos do Executivo. No estado e na cidade do Rio de Janeiro isso não ocorre. O governador e o prefeito rasgam a Constituição ao utilizar suas maiorias na Alerj e na Câmara Municipal, respectivamente, para impedir qualquer ação democrática que represente um olhar crítico sobre seus desgovernos.
O caso da CPI dos Ônibus em tramitação na Câmara Municipal é emblemático. A duras penas a oposição conseguiu as assinaturas para realizar a CPI. O que fizeram os partidários do prefeito que foram contra a Comissão Parlamentar de Inquérito? Ocuparam a Presidência, a relatoria e a maioria da mesma. Em cinco vereadores o prefeito tem quatro. É um exemplo de como ele vê a democracia.
Mais grave é o prefeito não se manifestar sobre sua ordem de desordem no Legislativo municipal. Ou alguém tem dúvidas de que a ação dos vereadores é orquestrada pelo próprio prefeito e sua equipe?
Não é de hoje que Eduardo Paes entrou em guerra com a cidade Maravilhosa. Logo ao assumir impôs o tal choque de ordem, que significou apenas repressão contra os camelôs, as barraquinhas da praia e os guardadores de automóveis. É bom lembrar que hoje todos com uniformes e acessórios obrigatórios, comprados pelos próprios trabalhadores em condições e fornecedores mais do que suspeitos.
As duas principais ações que se esperam de um governante foram deixadas de lado pela prefeitura. Os hospitais continuam totalmente abandonados, as condições são péssimas, o atendimento é precário, os médicos recebem salários aviltantes, os demais profissionais de saúde idem. Faltam investimentos, vontade política, sensibilidade e humanidade para priorizar a saúde pública, fundamental para a grande maioria da população.
A Educação, o outro pilar básico das necessidades da imensa maioria dos cariocas, também está a ver navios. Os salários dos professores são indignos. As turmas em geral possuem 40 alunos, os professores são obrigados a trabalhar em uma carga horária extenuante para poder sobreviver. Falta material nas escolas. A aprovação automática, extinta formalmente em relação ao governo anterior, está se dando na prática.
As ruas estão esburacadas e às escuras. A fiação elétrica assusta qualquer leigo. Os cães e gatos urinam a solto nas calçadas, mas os seres humanos não podem, apesar de não existirem banheiros públicos. Filho dileto da ditadura, o prefeito agora impõe a lei do lixo. Educar, nada. Vale o tacão, as multas, a repressão, as ameaças. Esta é a sua visão de governar, obviamente muito de acordo com os pombos, os ratos e os insetos que infestam a cidade, em particular as baratas.
Em conluio com o (des)governador Sérgio Cabral usa a Polícia Militar para reprimir e agredir manifestantes, particularmente os jovens, sua única maneira de conviver com o contraditório.
Como cantava Chico Buarque: “Acorda amor / Eu tive um pesadelo agora / Sonhei que tinha gente lá fora / Batendo no portão, que aflição / Era a dura, numa muito escura viatura / Minha nossa santa criatura / Chame, chame, chame lá / Chame, chame o ladrão, chame o ladrão”.
Os cariocas não precisam de ordem nem de Mauricinho, mas de sim de PAZ!
Afonso Costa
Jornalista

Nenhum comentário:

Postar um comentário