PCB-RR

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

CAMPANHA SALARIAL 2012: CRÔNICA DE UM FIASCO ANUNCIADO


Diretoria do Sindicato tenta tapar o sol com peneira rasgada
 

O primeiro jornal do Sindicato após o fim da greve estampa a manchete: “Estratégia da campanha salarial foi eficaz e garantiu avanços importantes” (sic). O comentário generalizado que se ouviu na categoria bancária após esta manchete foi: em que planeta esses caras vivem?

Não houve “avanço importante” algum! O índice obtido mal cobre as perdas salariais com a inflação dos últimos doze meses e nem arranha a absurda relação entre o lucro do banqueiro e o salário do bancário. O piso nos bancos públicos e privados continua muito abaixo do salário mínimo calculado pelo DIEESE. No Banco do Brasil a proposta para a jornada de seis horas é um engodo completo. Na Caixa, muitas das “concessões” oferecidas na Mesa Específica já estavam propostas antes da greve, como o Custeio Saúde Caixa, a contratação de mais empregados, a formação ampliada, e outras. Nos bancos privados os banqueiros vão continuar com carta branca para demitir em massa, saímos como entramos, sem nenhuma garantia no emprego!

A farsa da negociação

Mas o malfadado índice de 7,5% merece uma análise à parte, porque a forma como foi negociado e obtido este ano, desmascara uma prática que já estava acontecendo anteriormente, agora ficou absurdamente escancarada: a Diretoria do Sindicato junto com a CONTRAF/CUT estabelecem um índice baixo, os patrões oferecem só a inflação, decretase uma greve sem preparação e sem organização e aí os banqueiros oficializam a proposta verdadeira que já estava acertada antes por baixo dos panos.

É triste e trágico reconhecer, mas é a verdade: o peleguismo e governismo do setor majoritário da Diretoria do Sindicato e da CONTRAF/CUT transformou a greve dos bancários de instrumento de luta dos trabalhadores para arrancar avanços em simulacro de luta para justificar a apresentação oficial da proposta costurada nos bastidores.

A ausência de preparação
A falta de preparação da greve este ano também foi escandalosa. Só aconteceram três assembléias na Campanha Salarial: uma para aprovar o índice,outra para aprovar a greve e a terceira para deflagrá-la, todas extremamente esvaziadas.

Não houve nenhuma discussão e organização nos locais de trabalho, nenhuma atividade para congregar e aglutinar os piqueteiros e ativistas. Só pra dar um exemplo, os delegados sindicais da Caixa tomaram posse três dias antes da deflagração da greve!

Isso não é gratuito: é a conseqüência da visão sindical predominante hoje no Sindicato e na CONTRAF/CUT de que “o mais importante é a negociação” e “quem faz o movimento é o Sindicato”. Essa visão em especial de que “o Sindicato é que faz” leva a direção da Entidade a não organizar a categoria para nada: até os piqueteiros o Sindicato “providencia”, nem que seja pagando ajuda de custo a desempregados para fazer aquilo que os ativistas bancários é que deveriam estar fazendo.

O fiasco da greve

O resultado desta orientação é que este ano tivemos a greve com o menor índice de adesão de bancários dos últimos anos, quem sabe da história de lutas da categoria bancária. No Banco do Brasil – conforme reconheceu em assembléia o próprio vice-presidente da CONTRAF/CUT – menos de 40% dos bancários aderiram à greve. Na Caixa, foi imensa a quantidade de colegas do Prédio que deslocou-se para trabalhar nas famigeradas “contingências” (ficamos sabendo que houve “contingência” na área de informática que chegou a instalar 100 computadores!) e na maioria das agências os gerentes e seus apoios entraram para trabalhar e fazer “atendimento seletivo”. Nos bancos privados apenas agencias no centro da cidade, com piquete “terceirizado”, foram fechadas, mas seus funcionários eram deslocados para trabalhar nas unidades espalhadas pela cidade.

Os jornais do Sindicato e os comunicados da CONTRAF/CUT durante a greve, tentaram mascarar a baixíssima adesão e mobilização, estampando: “Já são mais de 9 mil agências e centros administrativos fechados em todo o país.” (sic). O que os pelegos da Diretoria do Sindicato e da CONTRAF/CUT não informavam é que boa parte destas unidades “fechadas” estavam funcionando com porta fechada, mas com boa parte dos bancários furando a greve lá dentro.

Para fechar o teatro dessa greve acordada com os banqueiros e o governo, a CONTRAF/CUT no mesmo dia que divulgou a nova proposta da FENABAN, tratou de convocar assembléias separadas, quando o lógico seria avaliar no mesmo fórum que rejeitou a primeira proposta, ou seja, uma assembléia unificada de bancos públicos e privados. Essa divisão foi mais um ataque à democracia do movimento sindical e à unidade da categoria bancária.

Refundar o Movimento Sindical Bancário

Reafirmamos o que dissemos durante essa campanha salarial: nenhuma mudança no que vem acontecendo nos últimos oito anos no movimento sindical bancário será possível enquanto a categoria não retomar em suas mãos o destino das suas lutas e dos seus sindicatos. A classe trabalhadora é insubstituível, sua organização e sua unidade são armas poderosas para conquistar vitórias!


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