PCB-RR

domingo, 3 de maio de 2015

‘Os professores estão sendo massacrados’


A frase é do presidente do Sindicato dos Professores do Paraná, Hermes Leão, diante da barbárie cometida pela polícia militar a mando do governador Beto Richa (PSDB).

A violência contra os professores, infelizmente, não é novidade. O MM publicou, em 2013, artigo intitulado ‘Triste é o país que agride seus mestres’, no qual denunciávamos as agressões cometidas pela policia militar do Rio de Janeiro contra os professores em greve. Fomos testemunhas dos cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e de efeito (i)moral lançadas contra os manifestantes, em sua grande maioria mulheres. Policiais podem bater em mulher? São imunes à Lei Maria da Penha?

Nos últimos dias, situação análoga ocorreu em Goiânia, também contra os professores, já que o prefeito Paulo Garcia (PT) permanece intransigente diante de suas reivindicações. Em São Paulo, a situação ainda não chegou ao extremo porque ‘não há greve dos professores’, segundo o governador Alckmin, que insiste em se recusar a negociar com a categoria. Em Santa Catarina, os professores também se encontram mobilizados por reajustes salariais para ter equiparação com o piso nacional da categoria, enfrentando a repressão.

Por que tudo isso? Por que essa sanha em retirar direitos dos trabalhadores, em negar justas e necessárias correções salariais? Por que os governos em nosso país, federal, estaduais e municipais, são marionetes a manter os privilégios e a favorecer a elite.

Tanto isso é verdade que a presidente Dilma anunciou novas concessões do Pré-sal para a iniciativa privada, leia-se multinacionais. Ou seja, a pressão dos conservadores cada vez mais se mostra vitoriosa.

Mas não ficou por aí. Seu ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, disse que os aeroportos de Porto Alegre, Salvador e Florianópolis estão prontos para serem concedidos à iniciativa privada. Ainda teve o descaramento de afirmar que existem cinco ou seis que também podem ser privatizados.

Na mesma maré, estradas e portos também passarão para empresas privadas. A dimensão é tamanha, que o Itamaraty está propondo ao governo brasileiro promover essas concessões na visita da presidente aos EUA, no fim de junho. Se já tinha perdido a credibilidade com o corte de direitos previdenciários no fim do ano passado, em confirmando essa atitude a presidente perderá desta feita a dignidade. Não somente dela, mas do governo brasileiro.

Enquanto isso, o ministro da Fazenda Joaquim Levy volta à carga e reafirma que o ‘ajuste fiscal’ - senha para a transferência de dezenas de bilhões de reais dos cofres públicos para os rentistas - é necessário para manter o aval das agências internacionais que balizam os agiotas internacionais em seus investimentos, em sua especulação. Em suma, de que precisamos pagar centenas de bilhões para conseguir algumas dezenas de bilhões a juros altíssimos.

Na maré favorável à elite, o Bradesco lucrou R$ 4,2 bilhões no primeiro trimestre deste ano, com aumento de 23,3% de lucratividade. Em contrapartida, os salários dos trabalhadores caíram 3% em março, a maior queda desde 2003.

A situação é tão gritante, as benesses dirigidas para as multinacionais e grandes bancos são tamanhas, que até mesmo os empresários da indústria nacional estão reclamando. Segundo eles, a falta de demanda interna, isto é de compradores, é a principal responsável pela queda do setor em março, o que gerou demissões de trabalhadores. Apesar disso, esses empresários continuam bem, ainda mais favorecidos por uma taxa de juros de 13,25%, sonho de todos os especuladores.

Estamos vivendo um período de redução dos salários, demissões, entrega das nossas riquezas, subserviência total ao capital, apesar dos dados manipulados divulgados pelo governo. Quem se levanta contra isso, como os professores, é tratado com extrema violência. Quem vai para a rua pedir a volta dos militares e o impeachment, é tratado como amigo.

Os trabalhadores não podem  se calar, se intimidar. Ou vão para as ruas apesar de toda a repressão, ou serão subjugados por governos a soldo da elite, que há muito deixaram de representá-los.

Afonso Costa
Jornalista

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