PCB-RR

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Um governo de classe.


Algumas notícias chamaram a atenção nos últimos dias, pois sucintamente explicam a real Economia brasileira.

A hilária fica por conta de um ex-roqueiro, comandando uma pífia manifestação na Avenida Paulista pelo impeachment do governo Dilma. Patético.

A outra curiosidade foi manchete de vários jornais, afirmando que o país saiu da recessão técnica porque o PIB cresceu 0,1% entre julho e setembro. O conceito de técnico é de quem o criou e o repete, já que uma simples caminhada nas ruas do Rio de Janeiro demonstra claramente que a economia vai de mal a pior, ainda mais no pós-copa, quando foram liberados os mendigos e os meninos de rua, desaparecidos aos olhos dos turistas que vieram se divertir nos 7 x 1.

A manutenção do imenso grau de informalidade no trabalho, segundo a OIT, é a mais preocupante, pois já passa dos 50% do emprego, ou seja, os trabalhadores continuam desassistidos, largados à própria sorte. Isso, apesar do conceito da Organização Internacional do Trabalho que considera o microempreendedor como um trabalhador assistido, em que pese a maioria não contribuir para a Previdência, não ter direitos trabalhistas e nenhuma garantia quanto ao dia de amanhã. Consubstancia-se assim a informalidade como algo produtivo no país do falso PIB e do falso índice de desemprego.

A contrapartida da precária situação são os bilionários em solo tupiniquim, que já respondem por 40,8% do patrimônio líquido da América Latina, de acordo com estudo da Bloomberg. O maior deles, Jorge Paulo Lehmann, com uma fortuna de US$ 24,8 bilhões, subiu cinco posições no ranking, sendo o 28 mais rico do planeta.

Tempero das notícias vem do site de um dos maiores jornais do Rio de Janeiro, que ostenta a notícia sobre o crescimento dos custos da Previdência no Orçamento Geral da União. Ao invés de destacar o principal aspecto, isto é, a obrigatoriedade do governo assistir a quem o sustenta, a matéria descreve o fato com certo ar sorumbático. Como sub, ou no meio do texto do destaque, vem a informação principal, de que o pagamento aos agiotas continua sendo o maior gasto da União. É de dar indigestão.

Como o melhor do banquete é sempre o último prato, as capas das maiores revistas semanais foram unânimes em aplaudir a escolha de Levy para o Ministério da Fazenda. A voz uníssona é que agora Brasil irá sair da crise porque equilibrará as contas públicas, garantindo o superávit primário, a mesada dos agiotas nacionais e internacionais. A mais reacionária das publicações, obviamente, destoa um pouco ao questionar se a presidente Dilma dará autonomia para o ministro radicalizar sua política neoliberal, falida em todo o planeta.

As redes sociais não deixaram de graça e questionam se o governo petista finalmente tucanou. Ora, isso o PT fez em março de 2002, no seu congresso semiclandestino, quando abriu mão de suas bandeiras históricas em prol da governabilidade. Os oito anos de Lula e os quatro de Dilma estão aí para comprovar o fato.

Entre Dilma e Aécio, assim como entre o PT e o PSDB, não existem diferenças ideológicas, quiçá políticas, apenas de saber quem será o garçom que vai carregar a bandeja da entrega das nossas riquezas para as transnacionais.

Haja epistemologia.

Afonso Costa
Jornalista

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