PCB-RR

domingo, 6 de setembro de 2015

TODO APOIO À GREVE DOS SERVIDORES FEDERAIS

Nota da Unidade Classista

Completam-se quase 60 dias de greve no SINASEFE. Mas em muitos lugares esse período é muito maior. Estamos com 247 unidades da rede em greve, espalhados por 50 seções e 25 estados. Isso demonstra uma clara postura de luta da nossa base em defesa de uma pauta que é notoriamente ignorada pelo governo. Por vezes, ainda somos obrigados a enfrentar a direção local da nossa seção e a própria direção nacional do SINASEFE.

Apesar de termos chegado ao mês de setembro, ainda há disposição da categoria em manter o movimento paredista nos estados. A falta de negociação por parte do governo tem sido um dos motivos para essa mobilização. Fomos recebidos nos dias 20, 22 e 23 de julho para ouvirmos “mais do mesmo”, condicionando a negociação da pauta completa à aceitação do reajuste salarial. Em 19 de agosto tivemos novo encontro onde continuamos sem perspectiva de avanços nas negociações.

Diante dessa postura intransigente do governo, que na última quinzena de agosto postergou várias vezes reunião com o Fonasef, a saída do conjunto dos servidores foi radicalizar, o que ocorreu nos dias 27 e 28 de agosto durante a Marcha dos SPF’s em Brasília. Naquela oportunidade, dobrou-se a convicção do governo em não negociar mais após a confirmação de que na LDO/2016 constaria os míseros 21,3% - divididos nos próximos quatro anos (2016-2019). Em razão do ato o Fonasef se reuniu nos dias 28 e 31 de agosto com o MPOG.

Por intermédio de Sérgio Mendonça, secretário de Relações de Trabalho do MPOG, o governo deixou claro mais uma vez que condiciona os pífios aumentos nas verbas indenizatórias (auxílio-alimentação, auxílio-creche, saúde) e possíveis acordos específicos à assinatura do reajuste geral (21,3%). Ou seja, teríamos que atestar a abdicação das perdas inflacionárias dos últimos cinco anos, em benefício de acréscimos irrisórios nas verbas indenizatórias (que, por sinal, não abarcam a todos os servidores) e de possíveis acordos específicos incertos.

Se não bastasse tudo isso, Sérgio Mendonça escancarou que a disposição do governo é cortar o ponto dos servidores, o que já tem ocorrido com os companheiros diretamente vinculados à Presidência da República. Esta prática antissindical, aliada à nada fortuita falha no desconto consignado de diversos sindicatos em greve, expressa que para o governo vale tudo na busca por implementar o arrocho fiscal a fim de atingir um superávit primário exigido pelo capital financeiro e os grandes monopólios industrial e agrícola.
Por falar em superávit primário, em apresentação pública da LDO/2016 o Ministro do Planejamento Nelson Barbosa expôs que uma das fontes de receitas previstas para o ano que vem (cerca de R$ 300 mi) resulta da terceirização da folha de pagamento dos SPF’s. Trocando em miúdos, as instituições financeiras administrarão mais R$ 100 bi destinado ao pagamento dos servidores, montante que pode ser utilizado em jogadas financeiras arriscadas, prejudicando não só os servidores, mas a saúde financeira do país como um todo. Obviamente os prejuízos resultantes dessa irresponsabilidade serão socializados com o conjunto dos trabalhadores, enquanto os lucros com o uso do dinheiro público serão privados.

Para além das dificuldades enfrentadas no diálogo com o governo, nossa categoria ainda tem de enfrentar uma Direção Nacional burocratizada, que tende a priorizar as disputas internas a de fato dirigir as lutas da base. Pelo contrário, muitos membros dessa DN têm se organizado e mobilizado para deflagrar constantes ataques ao Comando Nacional de Greve e, por consequência, à greve nacional. É preciso denunciar essas práticas puramente burocráticas que tentam desestabilizar alguns membros do CNG e são motivadas pelo receio de perder espaço que ocupam, em alguns casos, há décadas.
Em razão disso, a Unidade Classista exorta a militância grevista a compor conosco o Fórum Classista, espaço que congrega a esquerda anticapitalista, partidária ou não, na busca por depurar nosso sindicato da burocracia que dele se apossou, condição para mantê-lo na luta coerente contra as políticas neoliberais implementadas pelo governo e apoiadas pela oposição de direita.
Somente a categoria organizada e consciente tem a capacidade de levar esse movimento adiante e arrancar alguma conquista concreta para além da pauta salarial. Os atos em conjunto deram um claro sinal de unidade entre as categorias dos SPF’s e só a intensificação dessa unidade pode nos levar às conquistas que tanto almejamos. Temos que fortalecer nossa greve neste início de setembro para pressionar o Congresso Nacional e o próprio governo. O prazo limite para greve quem decide são os trabalhadores em luta, não a legislação estatal.

Dessa forma, a conquista das justas reivindicações salariais são necessárias, mas não encerram em si os desafios postos em um horizonte de muitas lutas. Os cortes de orçamento, o avanço do capital financeiro e especulativo, a precarização dos serviços públicos, os ataques aos direitos trabalhistas, entre outros, são medidas a serem enfrentadas, e só quem terá condição de fazer esse enfrentamento é a classe trabalhadora organizada. Nesse sentido a construção de uma Greve Geral se apresenta como forma de dizer ao capital e seus fantoches no governo que nossa classe está na luta e disposta a resistir aos constantes ataques que vem sofrendo.

Abaixo o arrocho fiscal!

Pela suspensão do pagamento da dívida pública!

Intensificar a mobilização, fortalecer a nossa greve!


Rumo à Greve Geral!

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