PCB-RR

domingo, 21 de junho de 2015

O fundo do poço é à direita



A presidente Dilma sancionou a lei que restringe o acesso ao seguro-desemprego. Não satisfeita, vetou as mudanças na Previdência aprovadas pelo congresso: embora não sejam grandes avanços, são melhores que as atuais regras, particularmente quanto ao fator previdenciário, criado por FHC e lapidado por Lula.

Em seu veto, a presidente aponta algo que afirmamos neste MM ano passado: a mudança da idade da aposentadoria, passando de 60 para 65 anos e de 65 para 70 anos, para mulheres e homens, respectivamente. A desculpa é o aumento da expectativa de vida. Mais uma para o IBGE.

Ao mesmo tempo, comissão da Câmara dos Deputados aprovou a redução da maioridade penal para os ‘crimes hediondos’. Os rapazes, particularmente os negros, agora serão alvo ainda maiores da sanha das polícias militares Brasil afora, apesar daqueles um pouco mais velhos já lotarem as penitenciárias e os cemitérios. E a presidente Dilma, antenada com as ‘mudanças’, admitiu alterar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) nessa direção. Vade retro!

Também insatisfeitos, os senadores aprovaram anistiar em R$ 2 bilhões os planos de saúde privados. Quando se fala em beneficiar o capital não é necessária austeridade, ajuste fiscal. Ela só é utilizada para aquilo que poderia beneficiar o país e a população.

Tanto isso é verdade que serão destinados R$ 188 bilhões para o agronegócio, em mais uma vitória da ministra Kátia Abreu, que age nas sombras em benefício dos latifúndios.

Neste tempo de desgoverno completo, a educação é quem mais sente o golpe. As greves nas universidades e no ensino em geral são a demonstração clara disso. Apesar da galhardia de professores, alunos e funcionários, lamentavelmente tem prevalecido a lógica do capital.

Como desgraça pouca é bobagem, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, tratou o reconhecido torturador general Leônidas Pires Gonçalves, em seu falecimento, com honras de Estado. Continuou, 30 anos depois de finda a ditadura militar-empresarial, a torturar os cidadãos brasileiros.

A falsa proibição ao voo do Aécio para a Venezuela, a sanha contra a travesti que denunciou a violência que sofrem os homossexuais e a agressão a uma menina negra candomblecista, temperam um período marcado pelo V congresso do PT.

O PT, aquele partido que prometeu mundos e fundos, aliou-se ao capital, às forças conservadoras, e agora, refém dessa política, pretende retomar o protagonismo com uma pseudo guinada à esquerda. Seriam muito bem vindos os ex-companheiros, mas lamentavelmente não há indícios de que isso possa correr, pois a conjuntura é desfavorável, tanto pela ofensiva do capital, quanto pela política praticada por eles nesses últimos 13 anos.

Construíram essa guinada à direita apenas pelo poder. Nada mais que poder. Agora, aguentem o ônus.

Nós, vamos continuar nas trincheiras.

Afonso Costa
Jornalista

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