Essa política de frente única dava sinais de firmeza em 1973 e se
consolidou em 1974. A ditadura, percebendo o avanço dessas formulações na
atuação da oposição e dos movimentos de resistência, organizou a “operação
radar” para liquidar o PCB. O aparelho de repressão partiu para cima do Partido
em todo o Brasil. De 1973 a 1976, dirigiu o grosso dos seus esforços para o
inimigo número 1 da ditadura naquele momento: foram milhares de prisões,
centenas de militantes torturados, dezenas de exilados e 39 militantes e
dirigentes assassinados sob tortura. A desarticulação do PCB era a condição da
ditadura para transitar o seu projeto de “abertura lenta e
gradual”.
Dentro da política de enfrentamento ao regime fascista, o PCB
deliberou por uma ação que movimentasse a classe operária para um papel
protagonista diante da conjuntura de desgaste da ditadura. As formas de luta
eram as reivindicações salariais, a luta por melhores condições de trabalho, a
denúncia dos crimes da ditadura e a organização do Partido entre os
trabalhadores.
Para cumprir esse último papel, a direção do PCB em São Paulo
designou um operário comunista experiente, temperado nas lutas da nossa classe e
convicto do nosso papel: Manoel Fiel Filho, nascido em 7 de janeiro de 1927, em
Alagoas. Esse camarada ficou responsável pela distribuição do jornal A Voz
Operária nas fábricas da Mooca e pelo trabalho de organização do Partido entre
os operários daquela região fabril.
No dia 16 de janeiro de 1976, agentes do DOI-CODI prenderam Manoel
Fiel Filho na fábrica onde trabalhava, a Metal Arte, na Mooca. Dois agentes da
repressão levaram o líder operário por volta de meio-dia. No dia seguinte, 17 de
janeiro, a repressão armava um teatro para dizer que o operário comunista havia
se matado, por enforcamento, nas dependências do II Exército. Trata-se de mais
uma armação, Manoel Fiel Filho tinha marcas de tortura na cabeça, pescoço e
punhos. Tinha sido barbaramente torturado e não resistiu, morrendo nas
dependências do Exército, o que criou uma crise política no governo
autoritário.
O
camarada Manoel foi Fiel até o seu último momento à luta pela emancipação dos
trabalhadores. Lutou com seu Partido, ao lado da nossa classe, para derrotar a
ditadura.
Por determinação da repressão seu corpo foi enterrado rapidamente
no dia 18, no cemitério da IV Parada, em São Paulo. Era o medo da ditadura
diante da sombra de liberdade que começava a cobrir vastos segmentos populares
na luta pela democracia.
A
repressão continuaria perseguindo os familiares do operário comunista para que
eles nada fizessem. As roupas com as quais havia sido preso foram jogadas na
porta da sua casa, pelos agentes da repressão, quando do aviso de sua
morte.
O
movimento operário avançou, mostrou-se forte nas lutas de classe do final da
década de setenta, do século passado. A ditadura foi derrotada e novas batalhas
se colocam para os trabalhadores. A classe operária marcha para fazer a luta
política diante da crise do capital, os comunistas estão construindo a sua
organização para avançar no enfrentamento à burguesia. O camarada Manoel Fiel
Filho é um símbolo dessa luta. Tombou em defesa da nossa classe e do nosso
Partido. Aqui reunidos reafirmamos a sua presença entre nós. Seu exemplo e a sua
lição de luta marcarão os passos da Unidade Classista, vanguarda dos
trabalhadores na luta pela sociedade socialista.
Mas, neste momento de reorganizar a nossa luta, queremos afirmar:
por nossos mortos nem um minuto de silêncio, toda uma vida de luta e
combates.
Camarada Manoel Fiel Filho, Presente!
Viva o Partido Comunista Brasileiro!
Viva a Unidade Classista!
I
Congresso da Unidade Classista
(17 e 18 de novembro de 2012 – Rio de Janeiro)
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