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domingo, 6 de maio de 2012

A Economia Política versus a ignorância mercadológica

A Economia Política é uma ciência e como tal deve ser tratada, entendida e respeitada. É lamentável que uma certa jornalista pretendente a opinar sobre Economia desconheça conceitos e dados fundamentais para o público saber o que realmente ocorre.

Por mais que Adam Smith tenha escrito o primeiro livro especificamente sobre tal ciência, é David Ricardo o verdadeiro mentor intelectual da ciência Economia Política.

Qualquer um que tenha um mínimo entendimento dessa ciência sabe que negócios são apenas parte de um todo muito maior, cujos agentes determinantes são os entes econômicos, entendidos enquanto Estado, iniciativa privada e trabalhadores, sendo a relação entre os dois últimos o divisor de águas.

O BNDES já há algum tempo não é mais um banco de desenvolvimento econômico, mas sim um financiador de grandes projetos privados, na sua grande maioria em detrimento da população. Os juros obtidos pela iniciativa privada junto ao BNDES, em comparação com a taxa de juros oficial, garantem margens de lucros altíssimas para a iniciativa privada, independente das verdadeiras inversões realizadas nos negócios contratados junto ao banco.

Apesar dos recursos do BNDES serem oriundos dos trabalhadores, de impostos, portanto imposições, não há qualquer garantia para os mesmos nos contratos firmados com a EBX da vida. Os legítimos defensores dos direitos dos trabalhadores, não os associados ao capital, defendem que para assegurar empréstimos e/ou investimentos públicos é necessário que o público seja beneficiado, tanto a população em geral quanto os trabalhadores em particular, os principais financiadores desses recursos.

Criticar a ‘onda estatizante’ ocorrida na América Latina é desconhecer esse preceito básico existente entre investidor e beneficiado. Mais ainda, é não enxergar o crescimento econômico ocorrido nos últimos anos, superior a de qualquer outra região do planeta. Particularmente os países que são mais atacados pela grande mídia, são justamente aqueles que conseguiram melhor desempenho econômico e mais benefícios à população e aos trabalhadores. As taxas de desemprego também são infinitamente menores que as da Europa e dos EUA, regiões a conviver com uma crise que se estende desde 2008 e que a curto prazo não apresenta nenhuma perspectiva de solução.

Argentina, Equador, Bolívia e Venezuela hoje são o carro-chefe da economia da América do Sul, apesar do Brasil obviamente ser a economia mais forte da região. A Bolívia e a Venezuela, em particular, conseguiram o que poucos países no mundo alcançaram: erradicar o analfabetismo.

Cabe destacar que os ataques aos países que fortalecem o Estado em detrimento da iniciativa privada são contraditórios quanto em comparação com os países em crise. Na Europa e nos EUA o famigerado ‘mercado’ levou-os à bancarrota, mas quem paga a conta são os estados nacionais, a população e o trabalhadores em particular.

O falso argumento de que as nacionalizações e estatizações afastam os investidores não se sustenta, na medida em que o crescimento econômico responde por inversões superiores às do tal ‘mercado’, que normalmente aplica em setores estratégicos, portanto com demanda garantida, ou apenas na especulação por conta das políticas recessivas e extremistas do Banco Mundial e do FMI.

Negar o papel do Estado na economia é fazer coro com o Goldman Sachs e outros congêneres, hoje dominantes em uma Europa que eles mesmos afundaram.

Até quando se pretende esconder a verdade?

Afonso Costa
Jornalista

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