A Unidade Classista desde a sua fundação se posicionou contra as
posições equivocadas das direções majoritárias dos bancários, representadas no Sindicato dos Bancários do Rio pela Contraf/CUT. Estivemos
na oposição a estas direções até a eleição da sua atual diretoria, um ano
atrás. Na ocasião entendemos que a recém-aprovada reforma trabalhista
(na prática o fim da CLT) e a ameaça de imposição de um projeto de Deforma
da Previdência (que impõe idade mínima de homens e mulheres e cria um
sistema de capitalização que já fracassou na maioria dos países onde foi
implementado) só poderiam ser enfrentadas através de uma ampla frente
única de todas as organizações de trabalhadores que se posicionassem
contra estes ataques.
Com este objetivo, nós e outros companheiros - que também eram da
oposição à direção majoritária dos bancários - decidimos apresentar uma
proposta de Chapa Unitária para as eleições do Sindicato do Rio,
fundamentada em princípios pelos quais todos os participantes da gestão
deveriam se pautar. Entres os principais itens estão o "não aparelhamento"
do Sindicato por nenhuma força política (o SEEB Rio é de todos os bancários
e bancárias e não pode servir exclusivamente a uma organização) e a defesa
da mais ampla democracia e transparência em todos os fóruns da categoria,
pois só assim os bancários se incorporam à luta e só a participação da
categoria nos leva a vitórias.
Infelizmente, a maioria da direção do nosso sindicato não demonstrou
compromisso com esses princípios: não chamam assembleias para que a
categoria discuta formas de se organizar para resistir às demissões e
descomissionamentos, negaram a setores minoritários da direção o acesso
ao mínimo de estrutura para que se possa trabalhar (algumas secretarias
sequer tem uma mesa ou computador) e nenhum dos membros do grupo da
oposição bancária que estão hoje na direção possui liberação sindical.
A categoria tem sido mantida afastada da entidade sindical. Quando há
assembleias elas são mal convocadas, de forma que a presença majoritária
seja de diretores do sindicato, o que tem garantido a aprovação das propostas
apresentadas pelo setor majoritário da direção. Nas assembleias onde a
participação dos bancários é maior, sequer é aberto microfone para que os
presentes possam se manifestar a respeito do movimento, suas impressões,
dificuldades, sugestões etc. Só pra lembrar um exemplo: na campanha
salarial de 2018, na primeira grande assembleia que houve primeiro se votou
a decisão pra depois abrir discussão!
Conciliação com ataques inaceitáveis aos bancários
Neste nosso jornal, você pode ver três exemplos de como a maioria
da Direção do SEEB Rio está jogando pra trás a luta de resistência da
categoria: no BB a Contraf/CUT está orientando a aceitação de uma proposta
indecente do banco em relação à Cassi (a caixa de assistência à saúde dos
funcionários do BB); no Itaú a Contraf "suplica" ao banco que "reduza o
turnover" ao invés de organizar uma luta nacional contra as demissões e
pela estabilidade no emprego; e na Caixa a Contraf/CUT menospreza a
inteligência dos funcionários ao apresentar como "tendo avanços" uma
reunião com o Presidente da Caixa na qual ele só trouxe más notícias.
A condução burocrática e sem participação da categoria busca impedir
que os bancários reajam contra essa passividade da maioria da direção
sindical frente aos patrões.
Finanças do SEEB: queremos transparência e democracia - Auditoria feita
pelo movimento Já!
As finanças do Sindicato estão num estágio muito preocupante. O balanço
do SEEB apresenta um deficit de mais de 300 mil/ano, o que, segundo o
setor majoritário, seria um rombo causado pelo fim do imposto sindical. O
que eles não explicam é que, mesmo antes do fim do imposto sindical,
balanços anteriores do SEEB Rio saíram de um Superavit de mais de ummilhão para um deficit de quase o mesmo valor, o que não se deu por falta de
arrecadação.
A Unidade Classista, desde o primeiro momento que assumiu cargos na
direção do SEEB Rio, propôs a realização de uma auditoria nas contas do
Sindicato, feita por uma Comissão de Notáveis composta por integrantes de
todas as forças políticas presentes na sua direção. Tal comissão teria acesso
a todos os documentos disponíveis do sindicato para que pudesse ser feita
uma minuciosa apuração dos números do SEEB Rio a partir das duas últimas
gestões até a atual.
A maioria de direção não aceitou esta proposta e passou meses insistindo
que a situação financeira do sindicato era insustentável, que não havia
dinheiro para manter o Sindicato funcionado e chegando, inclusive, a acenar
com a ameaça de intervenção no sindicato por motivo de insolvência, se
medidas como a demissão em massa de funcionários não fossem
implementadas.
Ataque aos funcionários do Sindicato: "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço!"
Diante da questão do "rombo" nas contas do SEEB Rio, a primeira
solução proposta pelo setor majoritário da direção tinha como carro chefe
a demissão de todos os funcionários aposentados, além de conter
aberrações como a "PJotização" de alguns cargos e a terceirização de
algumas funções do sindicato.
Foi bastante desagradável para nós termos que tentar convencer pessoas
com muitos anos de atuação na categoria de que um Sindicato de
Trabalhadores não pode adotar postura de patrão. Não podemos estar nas
agências bancárias lutando contra as terceirizações, contra a PJotização,
contra as demissões e o assédio moral, e dentro da "Nossa Casa" estarmos
praticando contra os funcionários do sindicato todas as covardias que
combatemos na categoria.
Governos Burgueses fazendo escola: austeridade para uns e
torneira aberta para outros
Depois de tanto baterem na tecla das dificuldades financeiras, a maioria
da direção apresentou uma proposta de orçamento para 2019 que elevava
significativamente as despesas com repasses para federações e centrais,
propunha elevação substancial nos gastos com eventos esportivos e
recreativos, apresentava uma proposta de elevação dos gastos
administrativos, além de outros disparates.
A farsa do "rombo" foi desmascarada por eles mesmos, pois ficou claro
que havia recursos disponíveis para o pagamento do funcionalismo. O que a
maioria da direção do Sindicato pretendia com a demissão de funcionários
era apenas utilizar os recursos gerados com o enxugamento da folha para
outras "nobres" causas, como o aumento de repasses para federações que
não se sabe até hoje porque ainda existem, e para dar mais dinheiro para
centrais sindicais cujo controle sobre o destino dos gastos não está ao
alcance dos bancários (assim como de nenhuma base de trabalhadores).
Derrotar o Burocratismo Sindical é possível
No rumo atual, as posições e encaminhamentos tomados pela maioria
da Direção do SEEB Rio vêm manchando uma história magnífica de lutas e
conquistas, não só para os bancários e bancárias, mas para todos o povo
trabalhador do Rio de Janeiro.
Diante de tantos absurdos cometidos pela maioria da direção do SEEB
Rio, chamamos as companheiras e companheiros que, como nós, tem se
posicionado criticamente e apresentado alternativas a este desastre
anunciado para o qual está sendo levado o nosso Sindicato, a construírem
conosco uma resistência aos desmandos do setor majoritário desta direção.
Esta mudança de rumos é imprescindível e inadiável!
Democracia e Transparência na gestão do SEEB Rio já!
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