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segunda-feira, 30 de maio de 2016

'Sem eliminar o machismo, não iremos eliminar as outras discriminações'

A advogada, professora e intelectual feminista Alda Facio, da Costa Rica, relatora sobre discriminação contra a mulher do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, esteve em Porto Alegre participando de evento organizado pela ONG Themis. No seminário “Os Gêneros e as Cores da Justiça”, ela falou sobre as barreiras que as mulheres encontram, em todo o mundo, para ter acesso à Justiça, assim como sobre os avanços e desafios sob essa perspectiva.
Atualmente professora da Universidade de Toronto, Alda dedicou os últimos 30 anos de sua vida à militância feminista, sendo uma das fundadoras da organização “Women’s Caucus for Gender Justice” na Corte Criminal Internacional, assim como da Fundação Justiça e Gênero e do Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher, além de conselheira de diversas outras organizações internacionais. Ela ainda foi uma das líderes da campanha “Nossos Direitos Não São Opcionais”, que pressionou pela ratificação e aplicação da Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher.
Em sua fala na capital gaúcha, Alda frisou que as mulheres são metade da população, e não um setor minoritário. “São quase 4 bilhões de mulheres que vivem discriminadas, algumas mais do que outras devido à intersecção das diferentes formas de discriminação, mas todas discriminadas por serem mulheres. E isso custa muito para entrar na cabeça das pessoas. Sempre temos que provar que o que fazemos é importante. Seguiremos falando até que a discriminação termine, só pararemos quando ela não existir mais”, falou ela, sobre sua militância e atuação.
A especialista apontou que a discriminação sempre é considerada um problema menor nas sociedades, sobre a qual não há estudos nem entendimento suficiente. “Não se percebe que há esse desprezo pela vida das pessoas devido à sua raça, classe ou gênero e que é a partir disso que acontece tortura, violência”, apontou, mencionando que os direitos das mulheres só foram classificados como direitos humanos em 1993. Para a Justiça e para a sociedade, o modelo de cidadão segue sendo o homem branco, heterossexual e seguidor da religião vigente do país, disse Alda. “É nisso que pensam os tribunais e todo o sistema judiciário. Estão pensado para um sujeito que existe, mas que não é o único. Todas as pessoas que não seguem esse modelo vão, quanto mais afastadas disso estiverem, encontrar mais barreiras, como falta de representação e abuso de autoridade”, afirmou ela.
Fonte: Rede Brasil Atual

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