Durante três anos, o
banco HSBC investigou a vida particular de vários bancários do Brasil, afastados
do trabalho por motivo de saúde. Nos dossiês, produzidos entre 1999 e 2002,
havia fotos dos investigados e familiares, relatório completo da rotina dos
trabalhadores, documentação relativa a antecedentes criminais e demais
pendências judiciais, certidões comerciais e de bens, a quebra de sigilo
bancário dos investigados, além de 18 horas de gravação de imagens.
No ano
passado, o Sindicato dos Bancários de Curitiba recebeu, anonimamente, um arquivo
contendo dossiês e demais documentos de uma suposta investigação confidencial
contratada pelo banco inglês. Os materiais, produzidos pela SPI Agência de
Informações Confidenciais, continham informações de 164 bancários afastados por
motivo de saúde do Rio de Janeiro, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.
O sindicato formalizou a denúncia contra o HSBC
junto ao Ministério Público do Trabalho e encaminhou o material recebido
anonimamente para investigação e apuração dos fatos. “Sabemos que o HSBC e a
empresa contratada já foram ouvidos. E temos certeza que o Ministério Público
agirá em defesa dos trabalhadores, propondo uma ação civil pública que repare os
danos coletivos causados pelo banco”, explica o presidente da entidade sindical,
Otávio Dias. “O banco extrapolou todos os limites ao invadir a privacidade dos
seus empregados.
Nos documentos da investigação, chegam a constar fotos do lixo
dos bancários, especulando que tipo de comida, bebida ou medicamento eles faziam
uso”, detalha Otávio Dias. “É inaceitável que qualquer empregador exponha seus
trabalhadores a uma situação como esta, principalmente quando estes estão
fragilizados pelo adoecimento e pelo afastamento do trabalho”, enfatiza Otávio
Dias.
Junto com o material recebido, estavam ainda contratos e notas fiscais que
comprovam a contratação da empresa SPI Agência de Informações Confidenciais pelo
HSBC. O banco solicitou a investigação para verificar se os bancários afastados
legalmente possuíam outro vínculo empregatício ou fonte de renda e também para
se municiar de provas para descaracterizar o adoecimento por motivo de doença do
trabalho. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Secretaria Especial
de Direitos Humanos da Presidência da República estão sendo acionadas para
entrar no caso.
Fonte: Sindicato dos Bancários de Curitiba
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