PCB-RR

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

CAMPANHA SALARIAL 2011 - Um balanço, muitas lições.

Em agosto o boletim “Avante Bancário”  fez um alerta  através da matéria “O Circo está Montado”, abordando os problemas enfrentados na organização da nossa campanha salarial 2011 e as alternativas colocadas: “Diante disso, temos que resolver se vamos assistir a famigerada CONTRAF-CUT negociar mais um acordo insuficiente, ou se vamos participar enquanto classe consciente e organizada, definindo uma estratégia de campanha para garantir nossos direitos e conquistar reivindicações prioritárias.” Infelizmente, para nós bancários, se confirmou a primeira hipótese, ou seja, o “circo montado” funcionou a contento, para alegria dos banqueiros e do governo Dilma.

A assembléia convocada para deflagrar a greve aqui no Rio de Janeiro foi o exato reflexo da campanha salarial que se construiu, conduzida de forma apressada pela diretoria do sindicato, manobra facilitada pelo baixo comparecimento dos bancários, acabou não servindo para fortalecer o movimento. O resultado foi uma greve com muitos problemas desde o seu início. Enquanto a Contraf-CUT e o sindicato do Rio avaliavam a greve em número de prédios fechados, concluindo se tratar do movimento mais forte dos últimos anos, a verdade é que dentro da maioria desses prédios “fechados”, se encontravam milhares de bancários trabalhando, ou seja, furando a greve. De fora mesmo, só a população mais pobre e idosa, maioria entre o público atendido pelos caixas das agências.
Os bancos, disparado o setor mais lucrativo da economia brasileira (lucraram cerca de 37 bilhões até setembro de 2011, aumento de 17% em relação ao mesmo período do ano passado), sem a menor dúvida teriam condições para atender em boa parte as modestas reivindicações apresentadas pelos bancários neste ano. Mas a manutenção do arrocho faz parte da estratégia deles para aumentar ainda mais a sua rentabilidade. Sem falar que para alcançar este objetivo contam com dois aliados de peso: o governo Dilma e o Judiciário. O primeiro, através dos bancos públicos que controla, fez questão de endurecer na mesa de negociação e ameaçar os grevistas com o corte dos dias parados. O segundo, agiu como força auxiliar da burguesia, decretou a ilegalidade da greve e desconto nos salários contra os trabalhadores dos Correios, sinalizando que fariam o mesmo conosco.
Diante desse quadro, a greve nesses 21 dias mostrou-se insuficiente para dobrar a intransigência patronal. Para mudar a situação seria necessário intensificar o movimento, para tanto, a categoria bancária precisaria ter a greve sobre o seu controle. A realidade porém era bem diferente. As assembléias convocadas durante a paralisação tinham caráter apenas “organizativo” reunindo  em torno de sessenta bancários, quando só de diretores o sindicato conta com mais de 130. Como intensificar a greve nessas condições, como fortalecer os piquetes, amplia-los, fazer manifestações?
O que se viu foi uma greve terceirizada, em bancos públicos e privados. A parcela dos bancários que estavam em greve, em sua esmagadora maioria optaram por fazê-la em casa. Deixando o campo livre para o imobilismo da direção do sindicato, enquanto banqueiros e governo minavam nossa greve.
O desfecho, portanto, não poderia ter sido muito diferente. A contraproposta apresentada pela Fenaban foi proporcional a campanha salarial que realizamos, ou seja, muito abaixo da necessidade da categoria bancária. Para assegurar sua aprovação sem sustos, a corrente sindical majoritária no sindicato do Rio, Articulação (PT), impôs como em anos anteriores três assembléias distintas: Privados, BB e Caixa, para discutir a proposta única da Fenaban comum a todos os bancários. Quando o lógico seria avaliar a proposta numa assembléia unificada,  já que foi nesse fórum que rejeitamos a proposta da Fenaban e decidimos pela greve, realizando posteriormente assembléias separadas para discutir as questões específicas. Outra manobra já tradicional no Rio de Janeiro é chamar a  assembléia para as 19 horas, facilitando a presença daqueles que estão furando o movimento.

Tudo isso deve nos servir de lição. Enquanto parcela significativa dos trabalhadores bancários apostar no individualismo e no comodismo, a tarefa daqueles que estão em nossos sindicatos para servir aos interesses dos banqueiros e do governo vai ser bastante facilitada. Quem faz o movimento é a categoria, portanto, até mesmo contra a vontade dos encastelados numa diretoria sindical é possível fazer uma greve forte e consistente, que incomode de verdade os patrões, arrancando verdadeiras vitórias.

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