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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O CIRCO ESTÁ MONTADO

O CIRCO ESTÁ MONTADO 
        Se dependesse da quantidade de “encontros” e “conferências”, a campanha salarial dos bancários poderia ser caracterizada como das mais bem organizadas e potentes. O problema é que esses eventos têm duas marcas destacadas: a primeira é a pouquíssima participação da base nos encontros e assembléias para eleger as delegações. A segunda é sua estrutura antidemocrática, já que a maior parte do tempo é dedicada a cerimônias e palestrantes, ficando  os delegados eleitos sem condições de debater efetivamente as questões de interesse da categoria. Um exemplo da fraca participação foi o encontro estadual do BB aqui no RJ,  que reuniu apenas 90 bancários numa base com mais de sete mil.
       Mas essa configuração tem uma razão de ser, afinal, o movimento sindical bancário faz alguns anos é dominado majoritariamente pela CUT. Esta central sindical por trás de um discurso pretensamente combativo, tem uma prática de colaboração com os banqueiros e o governo. O resultado dessa prática nós bancários conhecemos bem: enquanto nos últimos dez anos os lucros dos bancos (privados e estatais) dispararam, nossos salários e benefícios foram reduzidos, a jornada legal de seis horas não é respeitada, as demissões continuam, a pressão e o assédio fazem parte da nossa rotina. Isso explica, em parte, a baixa participação da base nos eventos preparatórios da campanha salarial, afinal, existe uma boa dose de descrédito com relação a esse tipo de direção sindical. Por outro lado, a ausência dos bancários também reflete uma perda da confiança em sua própria força enquanto trabalhadores organizados, muitos acabam buscando apenas saídas individuais para problemas que são coletivos. Mas este retrocesso na consciência de classe  deve ser superado, principalmente pela necessidade de enfrentarmos situações que só organização e mobilização da classe pode enfrentar com sucesso.
       Esse é o caso da nossa atual campanha salarial,  a 13ª Conferência Nacional do Bancários, seguindo as propostas da CONTRAF/CUT, aprovou uma pauta de reivindicações abaixo da expectativa da categoria em vários pontos, principalmente quanto a questão da garantia de emprego para os bancos privados e a reposição de perdas salariais dos bancos públicos, sem falar no escândalo da terceirização e da luta pela jornada legal de seis horas que foi jogada mais uma vez para segundo plano. Inversamente, a PLR é mais uma vez elevada a condição de reivindicação principal, apesar de ser um ganho variável que não se incorpora aos salários e benefícios, prejudicando os trabalhadores também nos casos de afastamento por doença e na hora da aposentadoria. Diante disso, temos que resolver se vamos assistir a famigerada CONTRAF/CUT  negociar mais um acordo insuficiente, ou se vamos participar enquanto classe consciente e organizada, definindo uma estratégia de campanha para garantir nossos direitos e conquistar as reivindicações prioritárias.
       Para nós, bancários da Unidade Classista-Intersindical, a conjuntura é favorável para recusarmos o papel de palhaços e desmontarmos de vez este circo. Em todo o mundo capitalista a crise aberta em 2008 vem  desmistificando várias ilusões, são milhões de trabalhadores que estão saindo à luta contra o aumento da exploração e do desemprego, reagem contra a velha política burguesa de jogar o prejuízo sobre as suas costas. Nos parece inevitável que os seus efeitos cheguem aqui no Brasil, pois nossa economia esta totalmente integrada de forma subalterna ao capitalismo internacional. Basta dizer que o maior peso em nossa pauta de exportações,  continua sendo o das   matérias primas, como nos tempos da colonização. Portanto, entendemos que é necessário e possível mudar os rumos dessa campanha salarial através da participação intensiva da categoria em todas as reuniões e assembléias, exigindo um plano de organização e mobilização que enfrente a intransigência dos banqueiros e do governo.  Para isso temos que começar elegendo nas assembléias comandos de mobilização e negociação democráticos e representativos, que garantam a implementação de todas as decisões ali aprovadas.

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