PCB-RR

quarta-feira, 13 de julho de 2011

27º CONECEF (congresso nacional)

CONECEF aprova fim dos correspondentes bancários e reafirma luta por isonomia

Estrutura do evento não permitiu o debate de todos os temas

Os empregados da Caixa Econômica Federal, reunidos no 27º CONECEF (congresso nacional), que aconteceu nos dias 9 e 10 de julho, em São Paulo, aprovaram como reivindicações a serem negociadas na mesa específica da Campanha Salarial 2011 o fim dos correspondentes bancários e medidas que garantam a isonomia de tratamento entre funcionários antigos e os contratados após 1998, entre outras. Como forma de mobilização em defesa da isonomia, foi aprovada a realização de um encontro nacional, em Brasília, em data a ser definida posteriormente.

Os trabalhadores aprovaram também uma resolução pelo fim dos correspondentes bancários, repudiando as resoluções do Banco Central (Bacen) aprovadas no início deste ano, que consolidam um modelo de bancarização sem bancários. “A inclusão bancária não pode ser feita à custa da precarização e desvalorização do trabalho bancário e da insegurança para clientes e trabalhadores. Defendemos a abertura de agências onde não existem bancos e a ampliação da rede de agências em substituição aos correspondentes”, afirmou Rita Lima, diretora do Sindicato dos Bancários/ES e integrante da Intersindical.

O deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), autor do projeto de decreto legislativo (PDL 214/2011) que suspende as resoluções do Banco Central, esteve no CONECEF e pediu apoio à iniciativa, o que não chegou a ser deliberado na plenária do evento. “Concordamos que o Bacen não deve legislar sobre a matéria, mas não queremos apenas a limitação e a regulamentação dos correspondentes”, afirmou Rita Lima.

Eixos

Os eixos de consenso defendidos nas apresentações de teses para a campanha específica, além da isonomia e do fim dos correspondentes bancários, foram: melhorias no Saúde Caixa, pagamento do tíquete e da cesta-alimentação para todos os aposentados e pensionistas, fim da discriminação aos empregados do REG/Replan não saldado e a valorização dos empregados da CEF, com o fim da discriminação e das metas abusivas. Também será realizada uma campanha pela marcação correta do ponto, atacando os problemas enfrentados pelos trabalhadores com o Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon). A campanha unificada da categoria, com negociações específicas concomitantes, foi aprovada por ampla maioria, inclusive com a defesa da delegação capixaba.

Propostas sem consenso

1) Perdas salariais

Sobre as perdas salariais, as correntes de esquerda do movimento dos empregados (Intersindical, CSD, Conlutas e CTB) defenderam a reposição desde 1994. Porém, mais uma vez, foi aprovada apenas a recomposição do poder de compra dos salários – tese defendida pela corrente majoritária Articulação Sindical –, sem explicitar de que maneira isso deve ser feito.

2) Comissão Executiva

O CONECEF aprovou, por maioria, a proposta da Articulação Sindical de manutenção da atual composição da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), formada por um representante da Contraf-CUT, um representante de cada federação e um aposentado indicado pela Fenacef. As correntes de esquerda (Intersindical, CSD, Conlutas e CTB) defenderam que a CEE fosse eleita no congresso e ampliada para garantir a composição plural do movimento dos empregados. Também defenderam o aumento da representação dos aposentados de um para três, mas a proposta não foi aceita pela direção majoritária.

3) CONECEF

Os delegados definiram, por maioria, pela realização do Congresso preferencialmente até o dia 30 de abril. A proposta não foi consenso, pois as correntes de esquerda defenderam que o CONECEF acontecesse próximo à Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, que define a pauta das campanhas salariais, garantindo, antes do evento geral da categoria, o debate sobre questões específicas.

A formatação do CONECEF também não foi consenso. Enquanto as correntes de esquerda defenderam a ampliação da participação dos empregados de base, a direção majoritária (Articulação Sindical) conseguiu aprovar a manutenção do modelo de um delegado por cada trezentos empregados. “A corrente majoritária defende um CONECEF basicamente composto por dirigentes sindicais, não com ampla participação da base”, critica Rita Lima.

Debates foram prejudicados pela estrutura do evento

Os debates dos assuntos do cotidiano dos bancários da Caixa ficaram prejudicados no 27º CONECEF. A manhã do primeiro dia do evento foi dedicada a saudações das entidades convidadas para a abertura. No período da tarde, houve a apresentação das teses inscritas no evento. Em seguida, foram formados os grupos de discussão, que tiveram apenas cerca de quatro horas para fazer o debate.

“Com o tempo reduzido, os grupos não deram conta de discutir o temário. A pauta do Saúde Caixa, por exemplo, maior demanda atualmente, foi somente iniciada e o item condições de trabalho não foi sequer debatido no grupo. Sem terminar a discussão, os microfones foram desligados e tivemos que deixar o local. Os temas foram remetidos para a plenária final, no dia seguinte, que também não deu conta de fazer todo o debate. Apenas a organização do movimento e a recomposição de perdas foram debatidas na plenária final que, pela primeira vez, foi programada para acabar ao meio-dia”, conta Bernadeth Martins, diretora do Sindicato e integrante da Intersindical.

Com a falta de tempo para o debate, os temas foram remetidos para a CEE/Caixa, que fará a seleção do que não é conflitante. O que não for consenso será votado pela CEE para constar no relatório do Congresso. “É lamentável que a desorganização do Congresso tenha prejudicado, por exemplo, o debate da pauta dos aposentados, que nem foi apreciada no grupo, por falta de tempo, e nem na plenária. A estrutura do CONECEF impossibilitou que novas demandas fossem aprovadas em plenária para serem incluídas na pauta”, afirma Rita Lima.

Desvalorização e esvaziamento

Na sua avaliação, “o que aconteceu no evento é resultado de uma política de desvalorização e esvaziamento do papel do CONECEF que está sendo empreendida pela direção majoritária”. Ela lembra que o debate intenso nos grupos, embora prejudicado pelo tempo, mostrou que “apesar da desorganização do CONECEF, a disposição de luta dos empregados da Caixa para arrancar e ampliar nossas conquistas não foi afetada”.

Este artigo encontra-se em - http://www.bancarios-es.org.br

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