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segunda-feira, 11 de abril de 2011

METAS, PRA QUE TE QUERO!!???

Os bancários de todo o Brasil, sem exceções, vem sofrendo um bombardeio de metas que ano apósano se mostram cada vez mais “desafiadoras” ou, melhor dizendo, inatingíveis. Prova disso é o resultado atingido pela maioria das agências nos programa de metas de alguns bancos está abaixoda meta estabelecida. Em alguns bancos, bem maisque a metade das agências não atingiu o patamaresperado de desempenho. Trazendo este desempenho para o nível individual veremos que grande parte dos bancários também não atingiu todas as metas. Os poucos que tiveram sorte ficaram um pouco acima da média. Não é difícil estimar que bem mais que a metade dos bancários não atingiram as metas determinadas.
O extraordinário disso tudo é o fato de que mesmo com este resultado a maior parte dos grandes bancos obteve lucro recorde em 2010.¹ Isto nos faz refletir sobre a verdadeira natureza das metas. Será que importa realmente se guardam ounão relação com a realidade? Será que na visão dosbanqueiros o lucro extraordinário atingido às custasdo imenso ganho de produtividade dos bancários estaria abaixo do esperado?
Aqui vão algumas pistas para responder a esta perguntas.

Bateu sua meta? Parabéns!!! Tome mais metas!!
Embora seja óbvio que nas direções dos bancos a definição das metas se dá em função do que cada Banco pretende em termos retorno sobre o patrimônio, concretamente, as metas guardam pouca, ou nenhuma, relação com o potencial do mercado de atuação dos principais bancos deste País.
A principal evidência deste descasamentoentre as metas e a realidade do mercado é o fato de que ano após ano as metas se mostram maiores erefletem, antes de tudo, séries históricas de desempenho das agências. A lógica é a do quem fezmais no ano ou está fazendo mais no semestre ganha mais metas no ano ou semestre seguinte.
Algumas agências “ganham de presente”incrementos de metas pouco depois de receberemas metas do semestre, pois atingiram muito rápido oque foi orçado inicialmente.
Esta distribuição de metas não leva em conta nenhuma análise de mercado na região das agências, pois não é embasada em análises do potencial econômico de cada região. Ao não considerar características populacionais e econômicas na área de atuação de cada agência não pode se fundamentar em outra coisa senão na série histórica do seu desempenho. Nesse modelo, se uma agência foi muito bem no ano é quase certoque vai penar no ano seguinte pois as metas vãosubir e muito provavelmente o mercado em potencial não vai crescer na mesma proporção.
Na realidade o bancário é tratado como aquele jogador de futebol que termina o campeonato como artilheiro isolado mas quando começa o novo campeonato e ele passa duas rodadas sem marcar a diretoria já pede a sua cabeça.
Quem trabalha na rede de agências, ou seja, a maioria dos bancários, sabe muito bem do queestamos falando.

Bati a meta mas fiquei doente.
Os números são alarmantes, a categoriabancária é a que mais sofre com afastamentos pormotivo de doenças, tais como a LER (lesão poresforço repetitivo), a síndrome do pânico, problemascardíacos e psíquicos em geral. Embora a quantidade de bancários afastados seja assustadora, não chega a ser surpresa para os colegas que trabalham na rede de agências e sentem na carne a pressão por metas, o assédiomoral, a falta de condições adequadas de trabalho, o acúmulo de funções, o desvio de funções e, principalmente, as ameaças de descomissionamento constantes. Recentemente dois colegas do BB faleceram em razão do trabalho nestas condições.
O que está acontecendo é que os bancários estão literalmente se matando para atingir as metas.

A verdadeira natureza das metas
Já demonstramos que os bancos atingiram o retorno esperado mesmo com a maioria das agências e dos bancários não atingindo as suas próprias metas. O que é prova irrefutável de que, na verdade, as metas não são estabelecidas paraserem atingidas, pelo menos não na sua totalidade. A sua principal função é a de manter os bancárioscom a autoestima baixa.
Imaginem como se sente um bancário queao final do ano ou semestre não conseguiu atingirgrande parte das metas que lhe foram demandadas.
Com certeza é uma sensação frustrante. O peso donão atingimento das metas se torna ainda mais terrível quando se trata de um funcionário comissionado que sabe que a qualquer momento oseu salário pode cair drasticamente, ou pior ainda, que pode perder o seu emprego em função do seudesempenho que ele pensa estar abaixo do esperado pelo banco.
O bancário que não atinge todas as metas é tratado como uma exceção quando na verdade onão atingimento de grande parte das metas é a regra. Ou seja, as metas são um poderoso aliado dos banqueiros na hora das campanhas salariais, pois um bancário com baixa autoestima não se sente à vontade para reivindicar melhores condiçõesde salário e trabalho.
Uma outra função das metas é incentivar a competição entre os bancários. Esta competiçãotem sido levada a extremos. Algumas vezes a buscapelo atingimento dos números orçados incentiva aprática de atitudes antiéticas entre colegas da mesma agência ou de outras agências como fim para atingir as metas.

Resistir a pressão: questão de vida ou morte
É preciso que a nossa categoria resista a todos estes ataques, pois estamos morrendo parabater metas. Enquanto isso os banqueiros estão cada vez mais bilionários às custas do nosso adoecimento. Temos que resistir nos organizando nos locais de trabalho, estreitando os laços de companheirismo entre os colegas, buscando apoiodos companheiros de trabalho e do sindicato quando sofrermos assédio por conta das metas. Nãopodemos aceitar esta situação sob pena de nos tornarmos mais um número nas estatística de mortos ou doentes por causa do trabalho.
Divididos como estamos por conta desta lógica predatória e individualista incentivada pelosbanqueiros, somos presas fáceis do assédio moral evítimas certas do adoecimento. É hora de nos incorporarmos nas lutas pelaestabilidade no emprego, por um plano de cargos que garanta que o banco não possa dispor das comissões ao seu bel prazer, pela jornada de seishoras etc.
UNIDOS SOMOS FORTES!!
VAMOS A LUTA, BANCÁRIOS!!

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