PCB-RR

quinta-feira, 5 de abril de 2012

ELEIÇÕES REFLETEM A DESCONFIANÇA E APATIA DOS BANCÁRIOS EM RELAÇÃO AO MOVIMENTO SINDICAL

As eleições no Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, que acontecem de 10 a 13 de abril, vão renovar o mandato da diretoria até 2015. Independente do resultado desse pleito, podemos dizer que seguramente são as eleições mais apáticas dos últimos tempos em nosso Sindicato. Isto se deve a uma série de fatores, a maioria deles resultantes da desconfiança e do afastamento da categoria bancária do movimento sindical.

As últimas campanhas salariais foram conduzidas pela atual diretoria de forma a manter os bancários bem longe dos debates e da construção da luta, começando pelos encontros preparatórios, onde o que temos visto é uma cada vez menor participação dos bancários. Depois de aprovada a pauta nacional, nenhuma política de organização e preparação é compartilhada com a base, não se organizam reuniões setoriais ou por região, nem mesmo os delegados sindicais são ouvidos. Tudo se resume a uma assembléia de aprovação da pauta e depois uma segunda assembléia para decidir pela aceitação ou rejeição do acordo.

O resultado dessa política é que, enquanto os bancos lucraram como nunca, os últimos acordos ficaram bem abaixo das nossas necessidades. Pontos essenciais como a garantia no emprego e a jornada de trabalho ficaram de fora, nos deixando fragilizados diante da sede de lucros dos banqueiros. As milhares de demissões ocorridas no Itaú, HSBC e Santander logo após a assinatura do último acordo coletivo, assim como, o desrespeito à jornada legal de seis horas, são exemplos claros de que nossas últimas greves não foram fortes o suficiente para pressionar os patrões e o governo.

A virada desse jogo a favor do nosso time, só poderá acontecer se a categoria bancária resolver entrar em campo, ou seja, tomar em suas próprias mãos os destinos das suas lutas e do nosso sindicato. Não arrancaremos vitórias terceirizando as campanhas, não é possível reverter demissões com “caravanas de diretores nas agências”, não conseguiremos um acordo salarial digno com “greves de faz de conta”, sustentadas por piqueteiros contratados. Essa é a dura realidade, que muitos, da atual diretoria e também da chapa de oposição, querem mascarar.

Nós, bancários da Unidade Classista, estamos convencidos de que os próximos anos vão exigir dos trabalhadores muito mais em termos de organização, unidade e luta. Para manter nossos direitos e conquistar vitórias não há outro caminho. O governo Dilma e o PT são parceiros diletos dos banqueiros e dos grandes empresários, portanto, em tempos de crise capitalista mundial vão fazer como nos EUA e na Europa, espremer ainda mais os trabalhadores para manter os lucros da burguesia em alta.

Não temos qualquer ilusão diante dessas eleições bancárias. Sem a participação efetiva dos bancários, sem o fortalecimento das lutas da categoria, sem a retomada do sindicato das mãos do sindicalismo atrelado ao governo e aos patrões, patrocinado pela CUT, não haverá mudanças. As duas chapas formadas para a disputa eleitoral não indicam qualquer alteração nesse quadro. Setores descontentes no interior da atual diretoria não se dispuseram a romper com a maioria controlada pela CUT, por apego aos seus cargos ficaram na “chapa 1”, um triste repeteco do sindicalismo chapa branca, que faz de tudo para afastar os bancários da luta e da vida sindical. Já a chapa da oposição, “chapa 2”, apesar de contar com alguns ativistas de valor, não teve uma política para construir a unidade das forças descontentes com os rumos do Sindicato, terminando por apresentar uma chapa exclusiva da CONLUTAS, com o intuito de apenas marcar posição.

Nestas eleições vamos, portanto, nos abster de apoiar ou votar em qualquer dessas duas chapas. Nossa decisão é continuar atuando de forma organizada em todos os fóruns e lutas dos bancários, buscando despertar o conjunto da categoria para a necessidade da sua participação efetiva. Defendemos a mais ampla unidade dos bancários e demais trabalhadores em defesa dos nossos direitos e das nossas justas reivindicações.

Rio de Janeiro, 05/04/2012.
Unidade Classista-Bancários-RJ/Construindo a Intersindical


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