O jogo de cartas sebentas e
marcadas já começou. De um lado, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin e o
senador Aécio Neves brigam pela candidatura do PSDB à Presidência da República.
De outro, Lula se consolida como a única opção do PT para voltar ao poder. O
PMDB, como sempre, trabalha para ser o vice, desta feita dos tucanos. Por fora,
correm o fascista, cujo nome me recuso a escrever, e Ciro Gomes, pelo PDT,
pretendendo ser a alternativa desenvolvimentista e nacionalista. Em suma, nada
de novo.
Os possíveis e prováveis
candidatos, com exceção do fascista, cuja proposta é autoexplicativa, não têm
grandes diferenças entre si. Representam, na essência, as pseudo opções
disponibilizadas pelo imperialismo de forma a manter seu poder e seus imensos
lucros.
Nenhum dos aspirantes ao
Planalto defende uma economia voltada para os interesses populares, uma
verdadeira mudança, uma mudança estrutural. Não criticam a pseudo dívida
pública, as privatizações, nem as ditas parcerias público-privadas, na qual o
Estado entra com os recursos e as empresas, e os capitalistas ficam com os
lucros. Nem mesmo quando são privatizações de lesa pátria, diretamente
prejudiciais à população, como as encaminhadas pelo governo ilegítimo nas áreas
de transporte, saneamento e energia.
Enquanto isso, as
contrarreformas da Previdência e Trabalhista estão em trâmite no congresso, com
grandes chances de ser aprovadas, talvez com algumas alterações pontuais devido
ao clamor popular, mas resguardando sua essência contrária aos interesses dos
trabalhadores.
Nos tornamos reféns dos
banqueiros internacionais que comandam o Planalto, o congresso, os governos
estaduais e municipais, além da mídia empresarial, de grande e negativa
influência junto à maioria da população.
No curto e médio prazo não há
perspectiva de superar os ditames dos “donos do mundo”, imbuídos em manter suas
altas taxas de lucros, apesar da crise que o capitalismo enfrenta há uma
década.
Não vivemos apenas uma crise
política, como muitos gostam de alardear. Vivemos uma crise estrutural, na qual
os sistemas político e econômico se encontram falidos, sem quaisquer
alternativas, daí a crescente repressão e fascistização. Não há saída dessa crise pela via eleitoral.
Em contrapartida a esse quadro
fúnebre, o sentimento da grande maioria da população é de insatisfação. Crescente insatisfação. A queda do poder
aquisitivo, a retirada de direitos, a avassaladora repressão, a falta de
empregos, os baixíssimos salários e as denúncias de corrupção, entre tantas
outras coisas, levam o povo à descrença.
Basta conversar com o
trabalhador rural, fabril, prestador de serviços para detectar total descrença
nos “políticos”, em suas promessas e propostas. Votam por votar, conduzidos
pela mídia empresarial, por campanhas publicitárias cada vez mais caras, e pelo
velho regime de pequenos coronéis, os “amigos” que indicam o nome de A ou B
visando seus interesses particulares.
Apesar dessa crescente
insatisfação, não há claramente uma alternativa. Afora os sem terra, os sem
teto, algumas categorias de trabalhadores e eventuais lutas comunitárias,
grande parte da população se encontra paralisada, com reações pontuais. O
peleguismo dominante nas direções sindicais é outro elemento a contribuir para
a continuidade de um regime falido e sem perspectivas de interesse popular.
Ainda assim, há exemplos
históricos de que os povos se levantam. A gloriosa Comuna de Paris, a comemorar
146 anos no próximo dia 18 de março, é o mais famoso. Lá, como aqui, faltou uma
direção centralizada, disciplinada e organizada para conduzir a grande experiência
socialista do mundo industrial no século XIX.
Apesar de não termos um
partido e/ou uma frente política capaz de conduzir as mudanças necessárias, é
preciso acabar com esse sistema falido que tanto prejudica o nosso povo. O País
necessita de radical transformação social, que tenha como protagonistas os
trabalhadores e as camadas populares.
O Brasil precisa de uma
revolta dos trabalhadores, do povo, não um golpe empresarial-militar como o de
64. De uma verdadeira revolução!
Afonso Costa
Jornalista
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