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terça-feira, 14 de março de 2017

O Brasil precisa de uma revolução

O jogo de cartas sebentas e marcadas já começou. De um lado, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves brigam pela candidatura do PSDB à Presidência da República. De outro, Lula se consolida como a única opção do PT para voltar ao poder. O PMDB, como sempre, trabalha para ser o vice, desta feita dos tucanos. Por fora, correm o fascista, cujo nome me recuso a escrever, e Ciro Gomes, pelo PDT, pretendendo ser a alternativa desenvolvimentista e nacionalista. Em suma, nada de novo.

Os possíveis e prováveis candidatos, com exceção do fascista, cuja proposta é autoexplicativa, não têm grandes diferenças entre si. Representam, na essência, as pseudo opções disponibilizadas pelo imperialismo de forma a manter seu poder e seus imensos lucros.

Nenhum dos aspirantes ao Planalto defende uma economia voltada para os interesses populares, uma verdadeira mudança, uma mudança estrutural. Não criticam a pseudo dívida pública, as privatizações, nem as ditas parcerias público-privadas, na qual o Estado entra com os recursos e as empresas, e os capitalistas ficam com os lucros. Nem mesmo quando são privatizações de lesa pátria, diretamente prejudiciais à população, como as encaminhadas pelo governo ilegítimo nas áreas de transporte, saneamento e energia.

Enquanto isso, as contrarreformas da Previdência e Trabalhista estão em trâmite no congresso, com grandes chances de ser aprovadas, talvez com algumas alterações pontuais devido ao clamor popular, mas resguardando sua essência contrária aos interesses dos trabalhadores.

Nos tornamos reféns dos banqueiros internacionais que comandam o Planalto, o congresso, os governos estaduais e municipais, além da mídia empresarial, de grande e negativa influência junto à maioria da população.

No curto e médio prazo não há perspectiva de superar os ditames dos “donos do mundo”, imbuídos em manter suas altas taxas de lucros, apesar da crise que o capitalismo enfrenta há uma década.

Não vivemos apenas uma crise política, como muitos gostam de alardear. Vivemos uma crise estrutural, na qual os sistemas político e econômico se encontram falidos, sem quaisquer alternativas, daí a crescente repressão e fascistização.  Não há saída dessa crise pela via eleitoral.

Em contrapartida a esse quadro fúnebre, o sentimento da grande maioria da população é de insatisfação.  Crescente insatisfação. A queda do poder aquisitivo, a retirada de direitos, a avassaladora repressão, a falta de empregos, os baixíssimos salários e as denúncias de corrupção, entre tantas outras coisas, levam o povo à descrença.

Basta conversar com o trabalhador rural, fabril, prestador de serviços para detectar total descrença nos “políticos”, em suas promessas e propostas. Votam por votar, conduzidos pela mídia empresarial, por campanhas publicitárias cada vez mais caras, e pelo velho regime de pequenos coronéis, os “amigos” que indicam o nome de A ou B visando seus interesses particulares.

Apesar dessa crescente insatisfação, não há claramente uma alternativa. Afora os sem terra, os sem teto, algumas categorias de trabalhadores e eventuais lutas comunitárias, grande parte da população se encontra paralisada, com reações pontuais. O peleguismo dominante nas direções sindicais é outro elemento a contribuir para a continuidade de um regime falido e sem perspectivas de interesse popular.

Ainda assim, há exemplos históricos de que os povos se levantam. A gloriosa Comuna de Paris, a comemorar 146 anos no próximo dia 18 de março, é o mais famoso. Lá, como aqui, faltou uma direção centralizada, disciplinada e organizada para conduzir a grande experiência socialista do mundo industrial no século XIX.

Apesar de não termos um partido e/ou uma frente política capaz de conduzir as mudanças necessárias, é preciso acabar com esse sistema falido que tanto prejudica o nosso povo. O País necessita de radical transformação social, que tenha como protagonistas os trabalhadores e as camadas populares.

O Brasil precisa de uma revolta dos trabalhadores, do povo, não um golpe empresarial-militar como o de 64. De uma verdadeira revolução!

Afonso Costa
Jornalista

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