Vivemos
uma das maiores ofensivas do capital em toda a história, quiçá a maior, por
todo o planeta. Acuada por uma crise internacional sem precedentes, diante de
uma inédita crise sistêmica completa, como afirma o professor Edmilson Costa, a
burguesia agride os trabalhadores e os povos nos cinco continentes, sem
distinção.
O desespero da elite é tamanho que sua faceta mais hedionda, o fascismo, já se
manifesta claramente, tendo inclusive chegado ao poder sem qualquer disfarce na
Ucrânia. Sua outra faceta extremamente conversadora, a tradicional ditadura,
mantém o poder na Arábia Saudita, o principal comprador de armas em nível
internacional, aliado aberto dos EUA e Israel na desestabilização do Oriente
Médio.
Recentemente, os conservadores venceram as eleições em Portugal, o Siryza tirou
a máscara e adotou a política preconizada pelo Troika, sua faceta espanhola, o
Podemos, ilude aquele povo se apresentando como a principal “oposição” ao
capital, os países mais ricos, como França, Inglaterra e Alemanha, há muito
vivem sob o domínio da parcela mais avançada do capital financeiro
internacional. O banco Goldman Saches predomina na Europa.
A África segue sua sina histórica de maximização da exploração, com seus povos
pagando os lucros do capital com sangue, vidas e lágrimas. A cultura mais
antiga do planeta, o berço da Humanidade, sofre por suas riquezas naturais e
proximidade com a Europa e os EUA.
Até mesmo o povo dos Estados Unidos, núcleo central do capitalismo, é vítima da
violência, do desemprego e da miséria nunca dantes vivenciados, superiores a
crise de 1929.
Suas garras alcançaram a América do Sul, nos últimos 20 anos o principal pólo
de desenvolvimento das forças progressistas em nível mundial. Tomaram o
parlamento na Venezuela, impediram novo mandato de Evo Morales na Bolívia,
derrotaram o sucessor de Cristina Kirchner na Argentina, fecharam um acordo com
Cuba para tentar reduzir sua influência e esconder seus reais objetivos de
destruição do socialismo na heroica ilha.
O Brasil não foge da sina internacional. Aquele que um dia cantou “verás que um
filho teu não foge à luta” tem um governo submisso ao capital, ainda
ludibriando os trabalhadores e tentando chegar ao final do seu mandato, por
mais que seja aos trancos e barrancos. Seu objetivo é alcançar 2018, na
expectativa de seu líder messiânico reverter a crise e aplacar a ira popular.
Como se isso fosse possível com tamanha subserviência ao capital.
A falsa oposição cresce diante da inviabilidade de continuidade do projeto da
aristocracia operária, outrora menina dos olhos da burguesia. Face a
necessidade de crescimento sistemático dos seus lucros, a burguesia aposta suas
fichas no projeto que permite acelerar a entrega das riquezas nacionais e
aviltar, ainda mais, os direitos dos trabalhadores.
É nesse contexto que se dá a entrega do pré-sal para as multinacionais, o
enfraquecimento da Petrobras, a privatização da Educação e da Saúde pública, a
corrupção desenfreada, a reviravolta nas terras indígenas, a agressão ao meio
ambiente (vide usina de Belo Monte), os assassinatos dos jovens negros mais
carentes pelas polícias militares, a liberdade da Samarco e da Vale, a
inocência de FHC, Alckmin, Aécio etc. Nunca os bancos lucraram tanto em solo
pátrio.
Os aspectos sociais da crise sistêmica se fazem sentir de forma inaudita,
atingindo diretamente a população conforme demonstra o corpo daquele menino
imigrante na praia, um cadeirante palestino ser agredido pelo exército
israelense, o roubo da merenda escolar de crianças carentes, os indígenas
brasileiros bombardeados por agrotóxicos a mando dos ruralistas, os povos do
continente-mãe morrerem de fome e tantos outros crimes impunes se multiplicarem
pelo planeta.
Barbárie ou socialismo? Já estamos na barbárie. Em seu início, mas é a
barbárie. Daí vermos inúmeras reações dos trabalhadores, das comunidades, dos
indígenas etc. Apesar disso, é preciso radicalizar e ampliar as lutas,
resistir, garantir os direitos e alçar novas conquistas.
Está na hora de romper as amarras e aproveitar a oportunidade histórica que se
nos apresenta.
Afonso Costa
Jornalista.
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