Remuneração
média dos trabalhadores subiu 3,6% desde 2004 face a 230,43% na lucratividade
das instituições financeiras
A
mobilização nacional e unificada dos bancários garantiu 13,93% de aumento real
nos salários nos últimos oito anos. A média salarial da categoria, no entanto,
não reflete essa realidade: cresceu apenas 3,6% nesse período, principalmente em
função da rotatividade no sistema financeiro, utilizada pelas empresas para
reduzir a folha de pagamentos. Os bancos trocam profissionais com salários mais
altos por novos empregados com remuneração mais baixa.
Em
2004, o bancário recebia, em média, R$ 4.279. O valor subiu para R$ 4.435 em
2011 – crescimento de 3,6%. No mesmo período, a lucratividade dos maiores bancos
saltou de R$ 23,32 bilhões para R$ 53,42 bilhões – aumento de
230,43%.
A
demonstração do aprisionamento do ganho dos bancários face à exorbitância do
faturamento dos banqueiros foi feita pela economista do Dieese Catia Uehara, na
tarde desta sexta-feira, em painel de debates da 14ª Conferência Nacional dos
Bancários, evento que prossegue até domingo 22, em Curitiba
(PR).
Conforme
ressaltou Catia Uehara, a remuneração certamente será o “fio condutor” das
campanhas salariais de diversas categorias no segundo semestre deste ano,
especialmente na campanha nacional dos bancários.
A
economista destacou o fato de a renda média dos bancários não conseguir
acompanhar sequer o crescimento da massa salarial e da geração de empregos no
setor. O número de postos de trabalho saltou de 393.140 mil em 2001, para
506.699 em 2011, o que representa aumento de 28% de novos postos. No entanto, a
questão da rotatividade é o grande vilão para a categoria. “A diferença do
salário pago entre o admitido e o desligado é, em média, 38% inferior. Esse tem
sido o mecanismo usado pelos banqueiros para atenuar o impacto das negociações
coletivas”, ressaltou Catia.
Catia
destacou os avanços na regra da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) com
dados demonstrativos do crescimento do peso da remuneração variável na renda do
bancário. A representatividade da remuneração variável na remuneração total do
bancário subiu de 5,4% em 1995, para 14,5% em 2011. No mesmo período, a
remuneração de renda fixa passou de 67,7% para 62% da renda total. Quanto à
renda fixa indireta os percentuais passaram de 26,9% para
23%.
Afonso
Costa é Jornalista e membro do CE/RJ PCB
8353-3713
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