PCB-RR

sábado, 25 de maio de 2019

"Uma mentira contada mil vezes se torna verdade."

Não se sabe ao certo, mas atribuem a Goebels, ministro da propaganda nazista, a seguinte frase: "Uma mentira contada mil vezes se torna verdade."
 
É bem provável que tenha sido mesmo Goebels a soltar estas infames palavras, pois o nazismo foi cria de duas mentiras fundamentais: A causa de todos os problemas do povo alemão era uma conspiração judaico-comunista.

 E a maioria do povo alemão fazia parte de uma raça pura superior. A raça Ariana.
 
Os comunistas alemães, como se sabe, jamais governaram a Alemanha e os comunistas da URSS foram os que mais ajudaram na reconstrução da Alemanha no pós-primeira GM, através do acordo de Rapalo, firmado entre os dois países uma década antes da ascensão do nazismo.
O antissemitismo na Alemanha, não era novo, mas foi multiplicado pelas campanhas difamatórias e progressivamente violentas dos nazistas, que inspirados pelas mentiras de Hitler e Goebels, vincularam antissemitismo e anticomunismo.
 
E se a questão era eleger uma raça inferior, haveria que se eleger uma raça superior representativa da maior parte do "público" que o seu discurso pretendia atingir. No caso da Alemanha, pessoas brancas, de preferência loiras e de olhos claros.
 
O resultado desta enxurrada de mentiras somada à miséria, desemprego e destruição aos quais o povo alemão foi submetido em função da guerra e do humilhante tratado de Versalhes, ambos produtos da crise capitalista, geraram um manancial de ódio cujo resultado é bem conhecido: 

 Cerca de 60 milhões de mortos, entre os quais 6 milhões de judeus e 20 milhões de soviéticos.
 
Hoje, a máquina de mentiras, que nunca parou de funcionar dentro do regime capitalista, está a pleno vapor.
 
Estas mentiras são a forma atual da ideologia burguesa e são a adaptação a uma nova composição do proletariado mundial, que se tornou muito mais numeroso e heterogêneo em relação ao que era na época do "advento" do fascismo, tal como se apresentou ao mundo, na década de 20.
 
Na década de 20 mais de 80% da população mundial vivia no campo e a rápida industrialização em todo o mundo após a 2 GM, alterou esta proporção dramática e definitivamente.
 
Hoje, mais de 80% da população vive em gigantescas áreas urbanas que concentram milhões de homens e mulheres, de diversas religiões, etnias, raças, gêneros, profissões e nacionalidades.
 
Esta concentração de populações diversas nos grandes conglomerados urbanos acompanha a concentração do capital e é, antes de tudo, uma necessidade e imposição deste último.
 
Se não houvesse o mínimo de tolerância às diferenças, de várias naturezas, o convívio entre estes grupos seria impossível e os conflitos explodiram diariamente, tornando impossível o convívio social e, com ele, a reprodução do capital.
 
Com o aprofundamento da crise capitalista, as "vantagens" da tolerância às diferenças começam a ser anuladas pela falta de oportunidades e exclusão social que se aprofunda, pois os vários grupos identitários passam a se engalfinhar pelas migalhas que caem da mesa de banquete do grande capital.
 
O discurso da tolerância, ainda se mantém por muito tempo como o "oficial" da burguesia, mas assim como as disputas se acirram entre as varias facções burguesas durante a crise, o monólito ideológico também se cinde, criando novas correntes e aumentando o alcance de outras.
 
Diante da fragilidade ou ausência de organismos da classe proletária identificados com a luta de classes e com a superação do capital, as correntes ideológicas burguesas tendem a encontrar abrigo no seio do povo.
 
Algumas se adaptam às crenças religiosas, outras se adequam às demandas de grupos étnicos, de gênero e por aí vão sob a forma do discurso do empreendedorismo, do empoderamento, das pautas identitarias mil, da negação da luta de classes, do anticomunismo e da dissimulação da crise do capital como corrupção, má gestão etc.
 
Todo este "rosário" de discursos focados pautas identitários tem uma coisa em comum: Nenhum deles questiona a dominação do capital.
 
E assim, de ilusões em ilusões, o sistema capitalista vai seguindo e arrastando todos os povos para a barbárie em sua lenta agonia.
 
O Capital mantém o seu controle sobre o proletariado, preferencialmente pela dominação ideológica, que lhe dá o "consentimento" dos explorados, e, se a ideologia falhar, pela força.
 
Infelizmente, para os oprimidos, os aliados do capital, armados com as belas palavras de liberdade que tomaram emprestado dos seus mestres capitalistas quando estes eram revolucionários, se multiplicam entre os proletários.
 
O método continua sendo a mentira, só que ao contrário da máxima de Goebels, não é mais uma "mentira contada mil vezes" que se transforma em verdade, mas a mesma mentira contada de mil formas diferentes.
 
André Lavinas
 
Andre Lavinas é membro da UC e militante do PCB.

Nenhum comentário:

Postar um comentário