INTRODUÇÃO
Conjuntura Internacional
A crise capitalista, iniciada em 2008 com a explosão da bolha
financeira nos EUA, ganhou novos capítulos desesperadores em 2012. Nos
EUA, os dados econômicos continuam desanimadores. Apesar do crescimento
em 2012 ter sido de 2,2%, no último trimestre foi de apenas 0,1%, o que
para alguns analistas é um sinal claro de desaquecimento, pois a
expectativa para o 4º trimestre era de 0,5%. Há ainda a previsão de
cortes de 500 bilhões de dólares do orçamento em 2013, para que a dívida
pública dos EUA, hoje perto do teto máximo de 16,4 trilhões de dólares,
não seja considerada impagável. Em dez anos, os cortes deverão atingir
1,2 trilhões de dólares. Desta forma, o crescimento que ainda não foi
suficiente para diminuir o desemprego, deverá ser ainda menor em 2013 e
nos próximos anos.
A China que vinha crescendo a taxas superiores a 10% ao ano,
já sente os efeitos da desaceleração e agora sua economia se expande na
média dos 7%. Na Europa, o aprofundamento da crise arrasta para o
abismo, uma após a outra, economias inteiras. A bola da vez é o Chipre,
onde milhares de trabalhadores viram o sistema financeiro ruir e o seu
futuro ameaçado com a utilização das reservas dos fundos de pensão para
socorrer os bancos quebrados. A taxa de desemprego média na zona do euro
aumentou de 10,9% para 12%, em países como Portugal, Espanha e Grécia,
com índices de desemprego de 17,15%, 26,3% e 26,4%, respectivamente, a
situação é bem mais crítica.
Diante deste quadro, a resposta dos governos para a crise é um
coquetel de ataques às conquistas históricas dos trabalhadores
europeus, denominadas como “política de austeridade”. Essa política
reduz direitos previdênciários, corta gastos com saúde e educação
públicas, retira direitos trabalhistas e achata os salários, além de
novos impostos nas costas dos trabalhadores e menos impostos para as
empresas.
Mas os trabalhadores europeus não estão passivos e têm se
levantado, manifestações e greves ocorrem na Grécia, Portugal, Espanha,
no Chipre e por vários países europeus contra as medidas de austeridade.
Também nos EUA, onde ano passado milhares de pessoas protagonizaram o
"Occupy Wall Street", acontecem várias greves de funcionários públicos
contra os cortes nos salários e pensões. Um aspecto perigoso desta
crise econômica para os povos do mundo é que no bojo da falência da
social democracia, cresce um movimento xenófobo e fascista que ameaça
novamente a Europa com o espectro do nazi-fascismo. Estes partidos
neo-fascistas tiveram um crescimento, por enquanto, tímido, mas
significativo nas últimas eleições parlamentares.
Uma outra face terrível desta crise é a escalada bélica,
levada à cabo pelos EUA e seus aliados da OTAN, que resultou na guerra
civil na Líbia, na Síria, na intervenção militar francesa no Mali e
ameaça agora com um conflito na península Coreana. Esta saída militar
nada mais é do que a expressão da impossibilidade do capitalismo
resolver a sua crise através dos mecanismos usuais do comércio e crédito
internacional, o que obriga-lhe a usar da guerra para se apoderar dos
recursos naturais alheios à um custo reduzido, para receber pesadas
indenizações de guerra, como recebe hoje do Iraque, e para movimentar o
poderoso complexo militar industrial estadunidense que hoje é associado a
poderosas corporações militares franco-inglesas, Belgas, Suecas e
Israelenses.
Os planos de austeridade e a histeria da guerra parecem ser
cada vez mais a saída do capitalismo diante da sua crise. Somente uma
poderosa retomada do movimento dos trabalhadores em nível internacional,
levando adiante e unificando as lutas anticapitalistas e
anti-imperialistas, em torno de um programa socialista de expropriação
dos grandes monopólios econômicos, poderá barrar a ascensão do fascismo
e da escalada bélica que ameaça a própria existência da humanidade.
O Brasil no Contexto da Crise Internacional
A redução da atividade econômica internacional já provoca uma queda
na demanda dos principais produtos da nossa pauta de exportações, além
de pressionarem para baixo os seus preços. Outra consequência direta
dessa crise é a diminuição do fluxo de capital externo para novos
investimentos e para o refinanciamento da dívida pública ( somatório da
dívida interna e externa).
Segundo a Secretaria do Tesouro Nacional a dívida pública que
está na casa dos R$ 1,95 trilhões, poderá chegar a R$ 2,24 trilhões até o
final deste ano. Um fardo pesado mesmo se tratando de uma economia do
tamanho da brasileira. Com o prosseguimento da crise internacional
poderá se refletir nos custos desse refinanciamento, ou seja, aumento
dos juros pagos ao capital rentista.
Sem perder tempo o governo Dilma procura responder a esta
situação socorrendo os grandes empresários através da desoneração fiscal
e dos empréstimos com taxas subsidiadas. Como isso não basta, já se
prepara uma reforma trabalhista e previdenciária, com o objetivo de
reduzir direitos duramente conquistados pela classe trabalhadora.
O anteprojeto apresentado ao governo pelo Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, denominado “Acordo Coletivo Especial”, vem
justamente nesse sentido, de colaborar com a redução de direitos. O ACE
permite que se negocie acordos por empresa, abaixo do patamar mínimo
estabelecido pela CLT ou pelos acordos coletivos das categorias. Por
isso mesmo tal projeto vem sendo elogiado pelas lideranças empresariais e
corre o sério risco de ser ainda piorado, do ponto de vista dos
trabalhadores, por um Congresso dominado por parlamentares a serviço do
empresariado.
O BANCO DO BRASIL NO RUMO DA PRIVATIZAÇÃO
O modelo de gestão aplicado no BB desde 1990 aponta a médio prazo
para a privatização do banco. O governo Dilma não mudou uma virgula,
pelo contrário, seus prepostos no BB estão intensificando essa política.
O socorro prestado ao falido banco Votorantim, da família Ermírio de
Moraes, deixou um rombo de alguns bilhões no balanço e mostrou até onde
vai essa diretriz.
Desde as estratégias de investimento, passando pela política
de recursos humanos, todas as medidas vão no sentido de consolidar um
modelo de banco muito semelhante aos grandes banco privados, como
Bradesco e Itaú. O avanço da terceirização e dos correspondentes
bancários não deixam dúvidas sobre a direção desse processo.
A relação com o funcionalismo é a pior possível. Os ataques
continuam, os mais recentes através da implementação de um plano de
funções que implanta a jornada de seis horas reduzindo os salários, uma
flagrante ilegalidade. As restruturações levam milhares de bancários a
viverem sob permanente tensão. A cobrança de metas abusivas e o assédio
moral viraram regra no BB. As retaliações contra aqueles que para
defenderem seus direitos recorrem a Justiça do Trabalho vão desde os
descomissionamentos, até as demissões sem justa causa.
Esse Banco do Brasil não serve aos seus funcionários e aos
interesses da maioria do povo brasileiro. Um banco de mercado, colocado a
serviço dos grandes acionistas privados e dos monopólios empresariais. O
BB que defendemos é um Banco Público, instrumento a serviço dos do
financiamento dos setores econômicos e sociais que não conseguem
atendimento de suas demandas nos bancos particulares. Um banco público
com gestão compartilhada entre o governo e seus funcionários, controlado
e fiscalizado pelas organizações populares.
ORGANIZAR, LUTAR E CONQUISTAR
Como podemos ver, chegamos em condições bem desfavoráveis nessa
campanha salarial de 2013. Os ataques contra nossos mais elementares
direitos e até mesmo aos nossos empregos, são desferidos sem nenhuma
parcimônia pela atual direção do BB.
O movimento sindical bancário, majoritariamente dirigido pela
Contraf-CUT, nas últimas campanhas salariais não logrou barrar esses
ataques e iniciar uma contra-ofensiva. A condução burocrática das
últimas campanhas vem afastando os bancários e enfraquecendo nossas
mobilizações. A falta de unidade e coordenação com as demais categorias
de trabalhadores também debilita nossas forças perante o governo e os
banqueiros.
NOSSAS PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES ESPECÍFICAS
1 – Garantia no Emprego.
2 – Jornada de Trabalho de seis horas sem redução salarial.
3 – Piso salarial do DIEESE.
4 – Plano de Cargos e Comissões equivalente ao que vigorava até 1997, sem distinção entre os funcionários pré ou pós 1998.
5 – Fim das terceirizações e do correspondente bancário.
ORGANIZAR, LUTAR, CONQUISTAR !
AVANTE BANCÁRIOS !
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