PCB-RR

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Líder ferroviário morre aos 97 anos, deixando como legado história de coerência e coragem.

*Por Fatima Lacerda

Aos 97 anos de idade, o líder sindical Bentilho Jorge da Silva faleceu na segunda-feira, 5 de maio, na Engenhoca, em  Niterói, onde viveu nos últimos 35 anos, na companhia dos filhos. Eram nove.

Bentilho era ferroviário, militante do PCB, sofreu várias prisões políticas ao longo da vida. Era correligionário e amigo pessoal de Carlos Mariguella que chegou a realizar reuniões clandestinas no Barreto, em Niterói, em sua residência, nos idos 1967.

O líder ferroviário foi preso em 1967, permanecendo mais de um ano no DOPS, no Rio de Janeiro, onde foi barbaramente torturado. Depois de libertado, as perseguições continuaram, praticadas pelo “CCC” (Comando de Caça aos Comunistas). Outras prisões ocorreram na ditadura Vargas, quando atuava com Luís Carlos Prestes.

Como ferroviário foi dirigente sindical, ao lado de Batistinha, entre 1945 e 1963. Batistinha chegou a ser eleito deputado federal e, posteriormente, foi cassado e preso. Na época, Bentilho foi um dos coordenadores da sua campanha, sendo responsável pela redação do “Manifesto aos Ferroviários”.
O jornal comunista Imprensa Popular, de 11 de novembro de 1954, publica matéria sobre um atentado contra Bentilho, durante uma greve. A seguir a reprodução de um trecho da reportagem que atesta a coragem e disposição desse combatente militante político-sindical:

Tentou por duas vezes matar o velho dirigente
Acabou o agressor batendo em retirada — 16 trabalhadores arbitrariamente transferidos— Restrição ao direito de greve.

O almoxarife-chefe da Oficina da Leopoldina em Niterói, Antônio Leão Diniz, fêz dois disparos de revólver, ontem de manhã, em pleno local de trabalho contra o ferroviário Bentilho da Silva, um dos dirigentes operários da última greve naquela estrada-de-ferro.

Apesar de desarmado, o operário conseguiu agarrar-se com o agressor e finalmente desarmá-lo. Vendo-se vencido, o almoxarife chefe, que é conhecido inimigo dos trabalhadores, virou as costas e bateu em retirada.”  - a queixa foi registrada na delegacia de polícia.

Bentilho Jorge da Silva Filho, 55 anos, seguiu os passos do pai, a quem sempre se referiu com profundo orgulho e respeito. “Fonte” dos dados relatados, também se tornaria um líder sindical  (metalúrgico) e considera que o grande legado de seu pai, para ele, foi “a consciência de classe”. Mas também – acrescento - uma grande alegria, amor pela natureza e a certeza de que, pela mão dos trabalhadores, um dia ainda será construído um mundo melhor.

Fonte: * É jornalista da Agência Petroleira de Notícias.

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