
O PODER POPULAR Nº 25 (SETEMBRO/OUTUBRO DE 2017)
Juntou a fome com a vontade de comer. A versão dominante do golpe que
levou Temer à Presidência seria estancar a sangria das investigações da
Lava Jato. Em parte isso é verdade, mas o que de fato motivou a Fiesp, a
Rede Globo e demais setores da burguesia foi garantir e acelerar a
entrega do país às grandes corporações, de acordo com os ditames do
imperialismo.
As recém anunciadas privatizações da Eletrobrás, da Transportadora
Associada de Gás (TAG), pertencente a Petrobrás, de mais 56 empresas
estatais e o fim da Renca – Reserva Nacional de Cobre e Associados,
situada entre o Pará e o Amapá, além da entrega de outros cinco milhões
de hectares para as mineradoras e a privatização dos aquíferos Alter do
Chão e Guarani (em estudos) fazem parte da política do governo usurpador
de privatizar todas as atividades econômicas no país, repassando-as ao
grande capital.
Somam-se ainda as privatizações dos campos de petróleo do pré-sal, da
BR Distribuidora, o esvaziamento dos Correios e dos bancos públicos,
com fechamento de agências e postos de atendimento, o congelamento dos
investimentos em educação e saúde, as contrarreformas trabalhista e da
Previdência, as benesses ao sistema financeiro nacional e internacional.
É a fase superior do capitalismo se apropriando a preço de
banana das riquezas naturais, produtivas e sociais brasileiras, prática
que vem sendo implantada em diversos países há décadas.
Até mesmo o dono de uma pequena mercearia gostaria de um “negócio”
com demanda garantida, consumidores certos, portanto, lucros obtidos sem
riscos.
Energia e recursos naturais
A Eletrobrás é responsável por 32% da capacidade instalada de geração
de energia e 47% das linhas de transmissão, segundo artigo da
jornalista Rita Dias no ‘Brasil Debate’. Sua privatização representará a perda de controle sobre a energia elétrica no país.
A Eletrobrás é uma empresa altamente lucrativa, com lucro de R$ 1,7
bilhão no primeiro semestre deste ano e de R$ 3,4 bilhões em 2016. Teve
um período difícil entre 2012 e 2015, mas seu histórico neste século é
de lucro anual médio de R$ 2 bilhões. O valor real da empresa seria da
ordem de R$ 400 bilhões, 20 vezes superior ao divulgado pelo governo,
que se encontra em negociações com a China – daí a visita do usurpador
àquele país – para vendê-la.
No caminho oposto, França, Canadá, EUA, Noruega, Suécia, Dinamarca,
Espanha, China, Japão, entre outros, mantêm fortes empresas estatais nas
áreas de geração e distribuição de energia.
Outra empresa a ser privatizada é a Transportadora Associada de Gás
(TAG), subsidiária da Petrobras, que transporta 75 milhões de metros
cúbicos de gás por dia e é superavitária. Incluindo neste rol de
privatizações a Eletrobrás, a BR Distribuidora e a não obrigatoriedade
da participação da Petrobrás na exploração dos campos do pré-sal, em
breve o país se tornará refém das multinacionais na exploração, geração e
distribuição de energia e combustíveis, setores estratégicos da
economia.
Um crime de traição, de lesa-pátria.
Outro ataque do usurpador se manifestou no decreto de extinção da
Renca, área de tamanho similar à da Dinamarca ou do Espírito Santo, em
benefício das mineradoras, em grande maioria multinacionais, em
particular canadenses, que tinham conhecimento da iniciativa há meses.
Os danos ambientais e sociais serão de dimensões incomensuráveis. Além
disso, tramitam no Congresso vários projetos de parlamentares da base do
governo favoráveis a mineração em áreas de proteção ambiental.
A bola da vez, ao que tudo indica, são as reservas de água potável,
já que o Brasil possui a maior reserva do mundo, cerca de 12% do total.
Os aquíferos Alter do Chão e Guarani são a menina dos olhos das
multinacionais, pois são os dois maiores reservatórios de água do
planeta.
Fonte:https://pcb.org.br