O dia 28 de abril de 2017
entrou para a história do Brasil. Desde a luta pelas “Diretas Já” e pelo
impeachment de Collor a classe trabalhadora e a juventude não se uniam e iam às
ruas com tamanha dimensão, com marcante presença em todo território nacional.
Em todas as capitais dos estados e no Distrito Federal, assim como nas grandes
cidades, ocorreram greves, manifestações, atos públicos. As ruas foram nossas.
É amplamente majoritária na
sociedade a repulsa às reformas trabalhista e da Previdência encaminhadas às
pressas por um governo ilegítimo, alçado ao poder para implantar um programa
fracassado em todos os países onde predomina, como Espanha, Portugal, Grécia,
Argentina etc.
Ao contrário das
manifestações de 2013 e as que levaram ao golpe contra a democracia, não
estavam presentes as camisas amarelas da CBF, parlamentares corruptos,
integrantes da elite e suspeitas organizações semiclandestinas. Foram os
sindicatos, suas centrais, suas organizações, movimentos, os partidos de oposição
e as entidades estudantis e da juventude que convocaram e mobilizaram esse dia
histórico.
O governo sentiu o golpe. O
presidente ilegítimo tentou desdenhar e minimizar a força das manifestações,
mas à noite apareceu em entrevista num canal de televisão. Uma tentativa de
reação pré-programada. A mídia empresarial, como sempre, evitou falar na greve
e sua motivação o quanto pode, até ser empurrada pela força das manifestações.
O prefeito da maior cidade do País chegou a taxar os trabalhadores e estudantes
de “vagabundos”, enquanto o ministro da Justiça apelava para “o direito de ir e
vir”. Tentaram de tudo para esvaziar e desacreditar a luta dos trabalhadores,
inclusive soltando a Polícia Militar como verdadeiros cães de guerra contra os
manifestantes.
Além da repulsa às propostas
do governo, a unidade dos trabalhadores foi decisiva para o êxito das
manifestações. É a principal lição que fica dessa data, pois é o único caminho
a seguir. Outra greve virá,
provavelmente mais forte, mas sem ilusões: a burguesia tentará cooptar
lideranças sindicais, atuará mais contundente na mídia empresarial, buscará
desacreditar de todas as formas a legitimidade dos trabalhadores, ao mesmo
tempo em que deverá acelerar no congresso a votação das suas contrarreformas.
Diante desse quadro, é
urgente uma verdadeira reorganização da classe trabalhadora brasileira. Uma
discussão ampla e unitária sobre os próximos passos, mas também para formular
um projeto de poder alternativo ao da burguesia, que só poderá ser construído
através da luta dos trabalhadores. É
impensável ter ilusões com as eleições de 2018, não será através das urnas que
o Brasil alçará as modificações que necessita. A saída está nas ruas.
Afonso Costa
Jornalista
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