O bancário Messias Américo da Silva é
demitido pela Caixa Econômica
por querer atender a população
Ao contrário do que diz a publicidade dos bancos
públicos, como o “Bom para todos” do Banco do Brasil ou “vem pra caixa você
também”, da Caixa Econômica, essas empresas buscam cada vez mais expulsar a
população das suas agências.
Só interessam aos bancos aqueles para quem podem
vender “produtos”, como seguros, cartões de crédito, empréstimos, etc. Os
trabalhadores em geral, chamados de “usuários”, que precisam de serviços
bancários, como pagar uma conta de água ou luz, fazer um depósito para parentes,
receber uma aposentadoria, etc., são empurrados para os chamados
“correspondentes bancários”, como correios, lotéricas, supermercados, farmácias,
etc. Essa política vitima tanto os próprios trabalhadores dos bancos como os
clientes e usuários em geral.
De um lado, os funcionários são pressionados com a
meta de vender os tais “produtos” bancários, condição única para que possam
subir na carreira, num espírito de competição que inclusive vicia a atmosfera de
trabalho e mina as possíveis relações de amizade e camaradagem. Para vender, é
preciso recorrer a métodos questionáveis, como a “venda casada”, que chantageia
o clientes para que compre um “produto” como seguro ou outro como condição para
que possa ter acesso ao serviço de que realmente necessita, como um empréstimo
ou abrir uma simples conta para receber salário. Oficialmente, claro, os bancos
negam a prática da venda casada e a condenam nos seus “manuais de ética”, mas
todos, funcionários e clientes, sabem que acontece.
O que está por trás disso é o projeto de retirar dos
bancos qualquer tipo de função social. Os bancos públicos já estão privatizados
“por dentro”. Seu objetivo é o lucro a qualquer custo, cuja maior parte vai para
o Tesouro Nacional, que seja qual for o partido de plantão, destina a maior
parte para o pagamento da dívida pública (fraudulenta); e a menor parte para
seus gerentes, superintendentes e diretores, que recebem bônus milionários,
enquanto que os bancários recebem apenas sobrecarga de serviço e cobrança de
metas. Esse projeto de privatização “por dentro” já está em curso desde o
governo FHC e continua nos governos do PT de Lula e Dilma.
De outro lado essa política prejudica também a
população em geral, de diversas formas. Primeiro, em nome da redução de custos,
há sempre menos funcionários do que o necessário para atender a demanda, de modo
que as filas são enormes. Segundo, os clientes são obrigados a pagar tarifas
abusivas e juros extorsivos, ou comprar “produtos” de que não necessitam. Ou
ainda, são empurrados para os caixas eletrônicos e correspondentes bancários,
onde as filas são também enormes e também os riscos de fraudes, golpes,
assaltos, já que nesses estabelecimentos não há vigilantes, porta com detector
de metais, etc.
Quem se atreve a contestar essa política, defendendo
os interesses dos funcionários e da população em geral, acaba sendo punido. O
funcionário Messias Américo da Silva, trabalhador da Caixa Econômica há 23 anos,
figura histórica e reconhecida por toda a categoria bancária e pela população da
cidade de Osasco-SP, onde trabalha, foi demitido no dia 31 de janeiro de 2013
justamente por querer fazer o seu trabalho, ou seja, querer atender a
população.
A determinação da gerência (não oficial, é claro), é
de que os trabalhadores que precisam receber um abono do PIS, seguro desemprego
ou FGTS, serviços sociais prestados apenas pela Caixa Econômica, sejam impedidos
de entrar na agência, e usem os caixas eletrônicos, lotéricas (onde todo dia
ocorre um assalto, coisa que não é divulgada) ou outros “correspondentes”. O
objetivo é discriminar uma parte da população, que não interessa aos gerentes
atender, como se essa população não tivesse direito a serviços bancários.
Por não ser conivente com essa determinação, por lutar
para que todos os clientes e usuários tenham tratamento igual, por simplesmente
atender a população que o procura, e também por sua trajetória de luta em defesa
dos trabalhadores da Caixa, nas campanhas salariais, e nas diversas
reestruturações que implantaram a privatização “por dentro”, o funcionário
Messias Américo da Silva vem sendo perseguido há anos pela gerência e pela
cúpula do banco. Uma série de processos administrativos sem nenhum fato
específico e determinado a ser investigado foram montados com base em avaliações
subjetivas de “comportamento”. O mais recente desses processos terminou com a
demissão, mesmo sem ter provas de acusação e ignorando a documentação
apresentada pela defesa. Como num processo da Inquisição a sentença já estava
pronta antes mesmo da investigação começar.
Fica muito claro que o objetivo desde o início era
remover qualquer obstáculo ao processo de privatização, precarização do
atendimento e deterioração das condições de trabalho dos funcionários. Os
interesses da população e dos funcionários não cabem nos cálculos daqueles que
mandam na empresa e no país.
Para enfrentar a demissão, seja pela via
administrativa ou judicial, não basta apenas ter uma defesa impecável, pois como
vimos, a empresa simplesmente ignorou as provas. É preciso uma ampla campanha
que denuncie para a população em geral o escândalo desta demissão, das atuais
condições de trabalho nos bancos, do atendimento nas agências e da privatização
dos bancos públicos por dentro. A responsabilidade dessa campanha caberia ao
Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Desde a instauração do
processo, em setembro de 2012, estamos fazendo a exigência de que o sindicato
mobilize todos os seus recursos, não apenas jurídicos, mas de comunicação, de
militância, de pressão, etc., para enfrentar a Caixa, jogar a discussão para a
imprensa e a população e reverter esse ataque.
O que importa é que esse ataque precisa ser revertido.
A demissão é um ataque não apenas ao indivíduo, mas a toda a categoria bancária,
àqueles que organizam a resistência contra os abusos da patronal. Esse ataque é
parte de uma ofensiva geral que está em curso no país contra os grevistas,
manifestantes, militantes, dissidentes, àqueles que ousam dizer que há algo
errado no país que é uma das maiores economias do mundo, que vai sediar a Copa e
as Olimpíadas, etc., mas que mantém ainda a maior parte da sua população na
miséria. Para lutar por melhores condições de vida, é preciso garantir o direito
básico de lutar, de se expressar, de criticar e divergir. É esse direito de
todos nós que está sendo ameaçado com a demissão.
Para reverter esse ataque, é preciso criar uma pressão
contra a Caixa e para isso pedimos a todos que:
- distribuam esse texto em todas as suas listas de
contatos e redes sociais, blogs, jornais, mídia alternativa, etc.,
- discutam a moção de repúdio abaixo nas suas
entidades representativas, sindicatos, associações, etc., e a reenviem para os
endereços indicados também abaixo.
- encher a Ouvidoria
Caixa (fone: 0800 725 7474) de reclamações por essa demissão
escandalosa;
Não podemos aceitar esse ataque! A defesa do
companheiro Messias e a luta para reverter a demissão é parte da luta maior e
geral pelos direitos democráticos, pelo direito de greve e de manifestação, por
serviços públicos de qualidade, por bancos públicos a serviço da maioria da
população, contra a discriminação aos usuários e trabalhadores de baixa renda,
por um melhor atendimento e por melhores condições de trabalho.
- Reverter imediatamente a demissão!
- Contra a perseguição aos ativistas e
lutadores!
- Em defesa da organização dos trabalhadores!
Coletivo Bancários de Base – SP
Fevereiro de 2013
MOÇÃO DE REPÚDIO À CAIXA ECONÔMICA
FEDERAL
Nós abaixo assinados manifestamos nosso repúdio à
Caixa Econômica!
O delegado sindical e ativista Messias Américo da
Silva, trabalhador da Caixa Econômica Federal com 23 anos de empresa, recebeu
notificação nesta data de rescisão de contrato de trabalho por justa causa, em
1ª instância administrativa.
O companheiro Messias é integrante do grupo de
Oposição Coletivo Bancários de Base, e foi processado administrativamente 3
vezes nos últimos 4 anos, tendo os dois primeiros processos sido arquivados por
falta de provas. Os processos não se referem a nenhum fato objetivo que
configure infração de normativos da empresa, mas ao "comportamento" do
funcionário, que é avaliado subjetivamente. Sem justificativa concreta, os
processos anteriores foram arquivados, mas desta vez a Caixa ignorou a falta de
provas. Ainda que caiba recurso no âmbito administrativo, fica evidenciado que
muito mais do que jurídica, a questão é de caráter político.
Trata-se de mais um atentado a livre organização dos
trabalhadores, pois o companheiro é notório ativista atuante na região de
Osasco, que é abrangida pela base do Sindicato de Sao Paulo. É importante
salientar que não se trata apenas de um ataque pessoal ao ativista sindical. O
objetivo claro é atingir a categoria como um todo, punindo com demissão todo e
qualquer bancária e bancário que ousar ter posicionamento contrário às
arbitrariedades dos banqueiros e governo. Esse ataque atinge a todos os
trabalhadores, não apenas aos bancários, mas a todos que se mobilizam por
melhores condições de vida e de trabalho.
Manifestamos nosso repúdio à Caixa Econômica Federal
pelo atentado à organização dos trabalhadores! Nesse sentido, reivindicamos o
imediato arquivamento do processo!
Abaixo a repressão!
Abaixo a perseguição aos ativistas e lutadores!
Viva a organização dos trabalhadores!
Enviar
a moção para os seguintes e-mails:
Superintendência
da Caixa:
Assessoria
de imprensa da Caixa:
Com
cópia para: